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Cannes: Indiana Jones and the Dial of Destiny, de James Mangold

A nostalgia no filme é forte, mas o desejo pelo novo empaca.

atualizado

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Festival de Cannes/Divulgação
Indiana Jones
1 de 1 Indiana Jones - Foto: Festival de Cannes/Divulgação

A sala de cinema ficou quieta quando Indiana Jones, de ressaca, se levanta de uma poltrona, só de samba-canção, e caminha até a cozinha. Mais de meia hora de filme já se passou, em um prólogo aonde o famoso arqueólogo, aos 40 e tantos anos (graças ao rejuvenescimento via computação gráfica), foge de um batalhão de nazistas. Agora, de peito nu, Harrison Ford e o diretor James Mangold querem mostrar que o peso dos 81 anos chegaram para o personagem. Não que esteja com a rotina de exercícios em falta. Agora morando na cidade de Nova Iorque, Indiana acorda ouvindo rock ´n roll através da parede do vizinho, encontra hippies no corredor do prédio e assiste astronautas pisarem na Lua.

“Indiana Jones and the Dial of Destiny” comporta paradoxos. É a primeira vez, logo no quinto e último filme, que Steven Spielberg cede a rédea a outro diretor (se bem que várias pessoas ainda acham que sua participação no quarto filme tenha se dado mais por um senso de lealdade a George Lucas do que dedicação ao filme, que beirou o estapafúrdio). No final da década de 60, e já bem passado da terceira idade, o ritmo de aventura ainda necessita do mesmo vigor dos primeiros filmes. Por último, com mais de 40 anos de franquia, há de se balancear a vontade nostálgica com a necessidade de algo novo.

O filme abre no final da Segunda Guerra. Em um castelo europeu, restos do exército nazista prepara uma evacuação, no meio de um bombardeio aéreo. De uniforme, infiltrado, está nosso velho amigo, Indiana, junto com Basil Shaw (Toby Jones). Ambos estão à procura de um artefato ao qual Shaw dedicou sua vida, a relíquia de Arquimedes do título. Agindo contra eles está Dr. Voller (Mads Mikkelsen), que também estima o poder da estátua grega. A sequencia é tudo o que desejamos de um filme destes. Aventurosa, cheia de humor e vertigem. Apesar dos mocinhos vencerem, os nazistas tinham apenas metade da estátua.

É por isso que a caçada continua décadas depois. Voller agora é um respeitado cientista nos EUA e, apesar da morte de Shaw, sua filha, Helena (Phoebe Waller-Bridge) continua o trabalho do pai, só que desta vez, por dinheiro, e não para um estudo histórico. Para isso, ela tira Indiana da morosidade aposentada. Reza a lenda que aquele que unir as duas metades da relíquia poderá viajar no tempo. Se um, ou mais, destes personagens, conseguem realizar esta proeza é algo que não digo aqui, mas o filme se arrisca muito com esta escolha, e no final das contas, dá certo.

O problema é que o roteiro não consegue conciliar um começo nostálgico e um final ousado com a parte central do filme. Nada do que o filme propõe quanto à trazer Indiana Jones para um novo tempo funciona. Ele se aposenta, mas o chamado à aventura vem imediatamente e ele logo está chicoteando, brigando e pulando entre veículos como se ainda tivesse os 40 anos de sempre. Claro que os fãs desejam isso, mas já existem outros 4 filmes com as mesmas batidas. Personagens antigos retornam, mas os novos são baleados e despachados sem cerimônia.

“Indiana Jones and the Dial of Destiny” é um bom tempo com um velho amigo. Só que já tivemos tempos melhores.

Avaliação: Bom (3 estrelas)

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