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Cannes: Il Sol Dell´Avvenire, de Nanni Moretti

Veterano italiano do Festival está preso em sua nostalgia.

atualizado

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Festival de Cannes/Divulgação
Il Sol Dell´Avvenire
1 de 1 Il Sol Dell´Avvenire - Foto: Festival de Cannes/Divulgação

O cinema italiano sempre foi cheio de possibilidades. Berço de vários movimentos culturais e políticos, o império que uma dia dominou a civilização ocidental hoje se vê em crises econômicas de décadas. Com um título que flerta com a possibilidade de um futuro, o filme do diretor italiano Nanni Moretti, vencedor da Palma de Ouro em 2001, se resigna apenas à comentários antiquados referente a uma nostalgia sem valor, e por isso falha ao tentar engajar o espectador.

Apesar de beirar uma crise existencial em referência ao futuro de seu meio artístico, o diretor Giovanni (Nanni Moretti) está rodando um longa-metragem sobre o Partido Comunista Italiano e seu alinhamento com a União Soviética, mesmo após a invasão da Hungria pelos Soviéticos. Para o contexto deste filme, a posição do partido foi claramente um erro, e a perda de oportunidade para se alinharem a uma melhor possibilidade de um futuro desligado de ditaduras. Parece rebuscado mas o filme fora do filme é uma comédia.

Ao lado de Giovanni está sua esposa e produtora, Paola (Margherita Buy). Só que ela sabe que o filme de Giovanni não dará dinheiro, então ela está produzindo outro filme simultaneamente. Trata-se de um filme de gangsters, feito por um diretor jovem e pop, financiado por co-produtores coreanos. É claro que esta contra-proposta ista no filme apenas para servir como um ponto de execração, sem valor de redenção, para o tradicionalista Moretti. Uma sequencia até divertida, com uma reunião entre Giovanni e executivos da Netflix é até divertida, mas sem caricata ao extremo.

“Il Sol Dell´Avvennire” também inclui extensas referências ao cinema italiano, especialmente a Fellini. Woody Allen, apesar de americano, também é forte presença. Só que estes dois diretores-referências sempre evitaram o caricato, mesmo no onírico ou na meta-linguagem. Apesar de Moretti fingir que ri de si mesmo, interpretando seu personagem como uma relíquia inconformada com a passagem do tempo, o fato dele ser o foco do filme nos diz que o que ele quer é ser reverenciado enquanto leciona aos mais jovens. Melhor seria focar o filme em Paola, que depois de 40 anos de casamento e parceria fílmica, inicia a terapia para conseguir pedir um divórcio.

Mais do que tudo, talvez este seja um filme feito inegavelmente para os fãs italianos do diretor. O Festival de Cannes certamente o é.

Avaliação: Ruim

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