Cannes: Hypnotic, de Robert Rodriguez
Todo mundo leva muita à sério a proposta de filme B do diretor americano.
atualizado
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Em, algum lugar do planeta, Christopher Nolan está trocando as senhas de seus computadores na dúvida de Robert Rodriguez ter aprontado alguma em sua caixinha de ideias. Danny Rourke (Ben Affleck) é um detetive deprimido pela ausência de sua filha, misteriosamente desaparecida. Um dia, respondendo a um assalto a banco, Danny descobre uma nova pista. O roubo está sendo executado por pessoas que não se conhecem, obedecendo ordens de uma fonte misteriosa. Dentro do banco, Rourke encontra uma foto de sua filha, e eventualmente encontra o misterioso Dellrayne (William Fichtner), que parece estar envolvido.
Dellrayne parece controlar todos à sua volta e a busca de Rourke eventualmente leva a Diana Cruz (Alice Braga), que tem um conceito, digamos, intrigante a explicar. Existem no mundo “hipnóticos”, pessoas capazes de moldar a percepção da realidade de qualquer um a sua volta. É uma hipnose instantânea e super-poderosa, capaz de convencer alguém a fazer tudo que um hipnótico pede. Dellrayne fazia parte de um programa secreto, onde o governo buscava treinar estas habilidades e usar a ferramenta em defesa de seus interesses. Só que, um dia, o vilão decidiu servir a si mesmo.
Não é difícil deduzir que tudo que nos foi apresentado é passível de um ou mais twists num filme aonde personagens são capazes de controlar e mudar realidades. Mas a pior coisa que Rodriguez parece ter cribado de Nolan, porém, é o tom sério da coisa. Não existe ironia nas premissas do inglês, por mais ridículas que pareçam. Só que Nolan consegue construir suas tramas numa realidade séria, e Rodriguez não. Nenhum outro filme de sua carreira tenta ser tão sério quanto este, o mais ridículo de todos. Some a diversão ultra-violenta de “A Balada do Pistoleiro” para dar lugar a uma sobriedade sci-fi completamente sem-graça.
Deveria existir um lugar de punição específica para a pessoa que fica inserindo Alice Braga no meio de tantos filmes americanos ruins de ficção científica. Em “Hypnotic” ela é a guia-palestrinha, constantemente informando ao protagonista as regras do novo mundo em que ele entrou. Todo conceito sci-fi precisa um pouco disso: seus personagens habitam um mundo que parece o nosso, mas é paralelo, e por isso o espectador precisa descobrir como tudo funciona. Só que o papel de Diana não tem nada além disso. Talvez seja o treinamento que Braga buscava, afinal, uma atriz que consegue fazer diálogo horrível soar natural, consegue qualquer coisa.
Apesar da promessa de ser um filme pelo menos divertido, “Hypnotic” não sobressai a posição de ser uma perda de tempo.
Avaliação: Ruim (1 estrela)