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Cannes: How to Have Sex, de Molly Manning Walker

Protagonistas femininas chegam ao paraíso, e lá sofrem o inferno…

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Festival de Cannes/Divulgação
How to Have Sex
1 de 1 How to Have Sex - Foto: Festival de Cannes/Divulgação

Existem piores candidatos a lidar com sexo do que adolescentes? Se nem adultos conseguem viver em paz com seus desejos e seus dramas, qual esperança tem um grupo de pessoas com um mundo inteiro a descobrir enquanto seus corpos vivem uma montanha russa hormonal? “How to Have Sex”, filme sobre um grupo de jovens passando férias de arrebentar numa ilha grega compartilha muito do DNA da comédia adolescente, especialmente no caso de protagonista: alguém querendo perder a virgindade. Só que enquanto as comédias preferem protagonistas masculinos, este filme lança outra proposta com Tara (Mia McKenna-Bruce), uma protagonista feminina.

A diferença de clima e trama entre este filme e os outros baseados na perda de virgindade já diz muito. Não parece um segredo que na experiência de Tara faltará comicidade. Ela e duas amigas, Em (Enva Lewis) e Skye (Lara Peake), desembarcam na Grécia enquanto o resultado de uma prova importante não sai, e a ideia é beber o suficiente para terem as melhores férias de suas vidas. Logo conhecem um grupo de meninos que estão no apartamento vizinho: Badger (Shaun Thomas) e Paddy (Samuel Bottomley). Vai rolar?

“How to Have Sex” é um título interessante, que não nos dá dica alguma sobre o que poderá acontecer. É possível então que pessoas mais jovens, e adolescentes assistam o filme na esperança de diversão. Só que o que interessa Manning Walker é algo mais ambíguo. Difícil imaginar que os adultos assistindo ao filme não sintam um crepitar de algo terrível prestes a acontecer em devidos momentos. O filme está um pouco entre as duas vertentes, com um desenrolar que arrepia de tão banal, dado as evidências da frequencia com o qual o consentimento de diferentes situações é debatido.

Um dos pontos centrais, embora não dito é como um lugar destes anaboliza e possibilita toda esta confusão. Milhares de adolescentes, se achando independentes, passam o dia na piscina, seus corpos estirados ao sol, e suas noites trajados em neon, pulando e enlouquecendo no tun-ts-tun da música eletrônica. O álcool é uma presença constante, mas não bastasse isso, as brincadeiras sexuais são organizadas pelos próprios animadores das festas. Competições de camiseta molhada (sem nada por baixo), simulação de sexo oral em latas de cerveja… Dá pra notar também que estas parecem ser sempre para o benefício dos homens?

O filme também tem um papel interessante pro personagem de Badger, que fica com uma paixonite por Tara. Em um momento interessante, ele se perde num hedonismo irresistível para aquele personagem, naquele momento, e isso o compromete nos olhos da garota de quem ele gosta. O fato do filme ter um pouco de tempo para ele indica uma complexidade temática mais rica do que poderia se esperar.

Avaliação: Bom (3 estrelas)

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