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Cannes: Banel e Adama, de Ramata-Toulaye Sy

História antiga filmada de uma nova maneira deverá ser destaque no Festival.

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Festival de Cannes/Divulgação
Banel e Adama
1 de 1 Banel e Adama - Foto: Festival de Cannes/Divulgação

A possibilidade de entrar na competição pela Palma de Ouro com seu primeiro filme é algo infrequente, mas no caso deste filme africano, bem compatível. A história repete temas até estereotípicos do continente: o confronto entre uma tradição patriarcal, supersticiosa e tribalista com personagens de interesses mais modernos. Os protagonistas são Banel e Adama, dois jovens apaixonados no Senegal que começam a história respeitando tradição, mas depois são levados a um confronto em que sacrifícios prévios não adiantaram.

Veja bem, Banel (Khady Mane) ama Adama (Mamadou Diallo), mas esta estava prometida, e chegou a casar com o irmão mais velho de Adama, que s era o chefe da tribo. Apesar da paixão ter se iniciado na infância, o quase-casal seguiu a tradição e Banel casou com o mais velho. Só que depois este morreu e, para benefício de Adama, os anciãos aprovam a oferta de casamento com a viúva do irmão. Com este conflito resolvido, “Banel & Adama” vivem apaixonados, ela escrevendo a união dos nomes em todas as linhas de um caderno e ele sair para cuidar do gado. Certo?

O problema é que o casal busca viver afastado de seu vilarejo, um lugar areado e seco. Eles encontraram uma dupla de casas, completamente soterradas por areia, e passam grande parte do tempo livre trabalhando, em segredo, para desenterrar o que poderia ser um futuro lar. De maneira mais aguda, Adama recusa o chamado para se tornar o chefe de seu pequena sociedade, como manda a tradição, após a morte do irmão. O que parece uma simples falta de ambição e uma escolha livre para nós, pode significar o começo de uma maldição.

O tempo passa, a chuva não vem, e o gado começa a morrer. Bocas miúdas comentam que é tudo culpa da recusa de Adama. O ressentimento contra Banel vem em dobro. Não seria ela um tipo de bruxa, que encantou Adama e talvez tenha até conspirado para matar o antigo marido? Afinal, ela nem tem interesse em ter filhos. Ela não se recusa a performar as funções femininas, usa o cabelo curto e se veste de maneira diferente?

Sim, se trata de um conflito antigo e repetitivo. O que faz o filme transcender o comum é a maneira como é contado–de forma impressionista e misteriosa. O tempo curtíssimo (menos de 1h30) também afeta a narrativa, focando a dramaturgia e a encenação de cada momento. À medida que a trama progride, o som, a música e as imagens vão ficando cada vez mais apocalípticos. A pressão imposta sobre o casal ressoa ao redor desses, e as consequencias são fortes.

Avaliação: Ótimo (4 estrelas)

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