Canal Parafernalha muda rota, tira humor agressivo e foca em público jovem
A trupe, que é referência em humor na internet, conta com 12 milhões de usuários inscritos
atualizado
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Formado em 2011, por ninguém menos que Felipe Neto (o maior youtuber do Brasil), o canal Parafernalha é um dos berços de humoristas do Brasil. Com suas esquetes, o espaço se tornou um dos mais conhecidos quando o assunto é humor na internet. Depois de revelar nomes, como o comediante Rafael Portugal, o grupo agora aposta em uma nova geração de atores. A mudança no elenco tem um motivo: atender expectativas do público jovem.
Os novos episódios serão protagonizados pelos atores Jorge Hissa, Amanda Orestes, Luísa Narcizo, Marcela Lopes, Digão (Diego Ribeiro), Felipe Miguel, Lipe Dal Col. A direção artística e de cena segue com Rafael Castro, que está à frente da criação e conteúdo há mais de dois anos. O novo elenco, ao mesmo tempo que atrai novo público, busca manter o sucesso do canal, que possui 12,5 milhões de inscritos e a marca de mais de 4 bilhões de visualizações.
Ao Metrópoles, Rafael Castro explicou que a novidade é estratégica e pretende atingir a maior audiência de inscritos. “Nosso público rejuvenesceu bastante e, hoje, é composto, em sua maioria, por adolescentes na faixa entre 12 aos 18 anos”, afirmou o criador de conteúdo.
O diretor reconhece que, assim como aconteceu em outros canais mais veteranos, foi necessária uma adaptação de conteúdo aos dias atuais. Com o passar dos anos, não somente o espectador, mas a forma de fazer humor mudou. O que atraía grandes audiências em 2011, pode não ser mais tão forte para captar o público de hoje.
“Hoje, fazemos um conteúdo diferente do que fazíamos em 2011 no início do canal e em alguns anos, provavelmente vamos passar por mudanças de conteúdo mais uma vez. Muitos tópicos que eram abordados como piada antigamente já não são mais legais de se brincar. Não se trata de ‘politicamente correto’, o nome disso é conscientização”, garantiu Rafael Castro.
Novidades
Na nova fase do canal, os vídeos abordarão temas do dia a dia, como escola, faculdade e games; temas que possibilitem a identificação do público jovem. A linguagem que será utilizada nas produções também será jovial e ligada ao cotidiano.
A atriz Luisa Narcizo, 20 anos, está entre os nomes da nova geração de atores do canal. Ela, mais que qualquer outro integrante, tem uma relação de amadurecimento profissional curiosa com o Parafernalha. Isso porque o primeiro trabalho artístico dela, aos 12, foi justamente em uma produção do canal, em 2012, e agora ela retorna como parte do elenco.
“Lembro até hoje do nervosismo que eu estava sentindo no caminho até a gravação. Era o meu primeiro trabalho artístico, estava alegria pura misturado com frio na barriga. Era uma pequena Luisa realizando um sonho de trabalhar como atriz, e agora, 8 anos depois, continuo pequena e realizando o sonho de integrar o elenco da Parafernalha”, destacou.
Luisa estreou no teatro infantil dirigida por Herson Capri e Susana Garcia na peça A Fada Que Tinha Ideias e em musicais no #Qfase, em 2016. A atriz também é conhecida por sua participação na série O Pequeno Cineasta, no Canal Brasil.
Artistas mais rodados também têm espaço na nova fase do Parafernalha, como Thais Belchior, 32, que se manteve no time para conservar a conexão com o público mais fiel.
Com participações que vão desde o teatro às telenovelas, a atriz conta que é preciso uma adaptação ao mundo virtual, mas essa bagagem profissional é um diferencial considerável para a boa performance no Parafernalha.
“A linguagem da internet é algo muito diferente, que você aprende com o tempo, mas só aprende rápido quem tem a sagacidade de ter passado por tantas áreas. É um aprendizado diário para mim, mas ter trabalhado com outras linguagens me ajuda na diversidade de personagens, nas criações, nos roteiros”, pondera Thais.
Assim como o diretor Rafael, ela reconhece que o humor ofensivo perdeu espaço e produzir conteúdo voltado aos jovens exige ainda mais cautela.
“O desafio está aí, criar identificação com o público sem precisar ser destrutivo para a sociedade. Falamos com um público muito jovem, muito inteligente e que de certa forma está formando opinião, então, o melhor que podemos fazer é nos reinventarmos e reeducarmos para rirmos do que realmente é engraçado”, acredita.