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Autores do DF levam literatura do Centro-Oeste à semifinal do Jabuti

André Cunha e Fabiane Guimarães concorrem a uma vaga na lista de finalistas do Prêmio Jabuti, o mais tradicional prêmio literário do país

atualizado

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Montagem colorida de Fabiane Guimarães e André Cunha - Metrópoles
1 de 1 Montagem colorida de Fabiane Guimarães e André Cunha - Metrópoles - Foto: Divulgação

Os escritores André Cunha e Fabiane Guimarães são os responsáveis por representar Brasília na semifinal do Prêmio Jabuti, o mais tradicional e prestigiado prêmio literário do Brasil. Com os livros Quem Falou? (ed. Penalux) e Como se Fosse um Monstro (ed. Alfaguara), respectivamente, os dois concorrem a uma vaga na final da categoria Romance Literário.

André e Fabiane competem na categoria contra oito outros autores, entre eles Socorro Acioli e Itamar Vieira Junior. A lista final sai na próxima terça-feira (5/11), com apenas cinco escolhidos. O vencedor de cada uma das 22 categorias será revelado em 19 de novembro.

Veja a lista completa aqui!

Em seu livro, André Cunha traz uma mulher, comprometida com um e grávida de outro. Rebeca Witzack lida com o problema enquanto relembra o passado: a balada em Jurerê internacional que deflagrou sua sede de vingança, o dia em que teve cenas íntimas vazadas na internet, a experiência heterodoxa como colunista de um portal de notícias, o pesadelo pandêmico vivido em meio ao luxo à loucura.

Imagem colorida de André Cunha na frente de estante amarela, segurando livro - Metrópoles
André Cunha é autor do livro Quem Nunca?, que concorre a uma vaga na final do Prêmio Jabuti

“O livro se passa em Santa Catarina, tem um clima de praia, solar, pra cima, good vibes, com pitadas melancólicas, e muitas referências culturais de livros e músicas, com destaque para Chico Buarque, por quem Rebeca é meio que obcecada. É uma figura bem intensa, digamos. Quero acreditar que além de uma personagem complexa, o livro tem uma trama envolvente, boa de ler, e talvez por esses e outros méritos os jurados tenham gostado”, diz ele, em papo com o Metrópoles.

Já Fabiane, nascida em Goiânia e radicada em Brasília, traz em Como se Fosse um Monstro um Distrito Federal nas décadas de 1980 e 1990. Damiana sai do interior para trabalhar como empregada doméstica na casa de um casal rico na cidade grande. Lá, enquanto tenta entender a dinâmica diária dos dois, começa a ver algumas meninas passando diariamente para algum tipo de entrevista a portas fechadas.

Após meses sem achar a escolhida, o casal faz finalmente a proposta a Damiana (apesar de acharem o tom da sua pele um pouco mais escuro do que gostariam): que ela seja barriga de aluguel para eles. Damiana aceita sem entender muito bem, passa por uma inseminação artificial caseira e um quase cárcere privado de nove meses. Depois que o bebê nasce, ela conhece Moreno, um “especialista” nesse tipo de negócios que explica quão inconsequente foi aquela decisão e sugere que os dois passem a trabalhar juntos.

Também à reportagem, a escritora comemorou o destaque da literatura de Brasília no Jabuti e afirmou estar feliz com a posição na lista, mesmo que não ganhe o prêmio.

“Eu costumo brincar que a literatura do Centro-Oeste é tão esquecida no rolê que não lembram da gente, nem para dizer que a gente não é lembrado. Quando o pessoal do Sudeste está discutindo diversidade geográfica, eles pensam ‘vamos trazer um autor do Norte, do Nordeste, do Sul’, e ninguém lembra dos coitados do Centro-Oeste”, diz ela.

Imagem colorida de Fabiane Guimarães usando blusa salmão, com cabelo solto - Metrópoles
Fabiane Guimarães também está na lista de semifinalistas do Jabuti, com o livro Como Se Fosse um Monstro

Próximos passos

André e Fabiane ainda concordam que, apesar do resultado no prêmio literário, os dois ainda continuarão lutando por suas obras. A escritora, inclusive, teve os direitos da sua obra comprados para virar um filme. Ângela Chaves, escritora de Pedaço de Mim, melodrama de sucesso da Netflix, está à frente do projeto.

André, por sua vez, tem planos para outra obra e deixa claro que finalizou o enredo em torno de Quem Nunca?: “Pra mim cada livro é um livro, nunca pensei em fazer a parte dois. Já tenho um projeto para um novo texto em mente, agora só falta escrever.”

“Agora que já passaram alguns dias [da lista do Jabuti] tenho sentido um certo estranhamento no sentido de pessoas que eram totalmente indiferentes à minha trajetória literária de repente se mostrarem super interessadas. Parece que o artista tem que ter algum tipo de carimbo institucional para ser valorizado, senão é só um cara qualquer inventando histórias de mentirinha. De qualquer forma, tenho tentado surfar na onda o máximo possível para consolidar meu nome como escritor e alavancar as vendas do livro”, finalizou o escritor.

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