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Artistas e intelectuais se unem contra censura a livro sobre racismo

Nomes como Conceição Evaristo, Carla Madeira, Djamila Ribeiro e Lilia Schwarz defendem o livro O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório

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Carlos Macedo/Divulgação
Jeferson Tenório, autor do romance "O avesso da pele", que ganhará nova edição. Ele é negro, tem cabelo curto, liso e grisalho e usa óculos, apoiado numa mesa - Metrópoles
1 de 1 Jeferson Tenório, autor do romance "O avesso da pele", que ganhará nova edição. Ele é negro, tem cabelo curto, liso e grisalho e usa óculos, apoiado numa mesa - Metrópoles - Foto: Carlos Macedo/Divulgação

Um grupo de mais de 250 escritores, artistas e intelectuais se uniram para denunciar a censura sofrida pelo escritor Jeferson Tenório, autor do livro “O Avesso da Pele”, vencedor do Prêmio Jabuti de Romance Literário em 2021.

A obra, que aborda relações raciais, identidade, violência e negritude e foi alvo de veto por parte de uma diretora da Escola Ernesto Alves, em Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul. Em um vídeo, a mulher afirma que o romance contém vocabulário de baixo nível e cenas de atos sexuais, e solicita ao Ministério da Educação que recolha os exemplares enviados à escola no âmbito do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD).

O grupo que apoia Jeferson Tenório conta com nomes como Ailton Krenak, Afonso Borges, Conceição Evaristo, Bruno Lombardi, Carla Madeira, Denise Fraga, Djamila Ribeiro, Lilia Schwarz, Malu Mader, Maria Homem, Mia Couto, Milton Hatoun, Pilar Del Rio e Silvio Almeida. Na avaliação do movimento, os ataques à obra de Jeferson são preocupantes do ponto de vista democrático.

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Jeferson Tenório classificou falas da diretora como fake news
O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório
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Jeferson Tenório

Divulgação/Ranch Films/Fliparacatu
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Jeferson Tenório classificou falas da diretora como fake news

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O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório

Divulgação

“Quando a censura é permitida, toda a cultura de um país é agredida. Ferem de morte a democracia, o direito de um autor se expressar, tiram a oportunidade de alunos entrarem em contato com textos escritos que foram observados e selecionados por comissões especializadas e preparadas para levar qualidade ao ensino”, afirma o grupo.

“Assim, mais uma vez, vimos a público apoiar o escritor Jeferson Tenório. O avesso da pele é um grande livro, aborda temas relevantes, critica o racismo e tem o poder de proporcionar ao jovem leitor reflexão e crescimento a partir de sua leitura”.

“Desejar cancelá-lo é atitude conservadora, atrasada, própria de mentes não evoluídas. Um absurdo a necessidade de se levantar a voz em defesa de um livro. Deplorável ver pretensos educadores envolvidos em esforço de se proibir a circulação de uma obra”, conclui o texto.

O abaixo-assinado em defesa de Jeferson e da obra O Avesso da Pele está aberto para adesões. 

“Distorções e fake news”

Para além da editora responsável pela obra, o escritor Jeferson também se pronunciou sobre o caso nas redes sociais. “O Avesso da pele já foi adotado em centenas de escolas pelo Brasil, venceu o prêmio Jabuti, foi finalistas de outros prêmios, teve direitos de publicação vendidos para mais de 10 países, foi adaptado para o teatro. Além disso, o livro foi avaliado pelo PNLD, em 2021, ainda no governo Bolsonaro. A própria diretora assinou a ata de escolha do livro”, elencou em uma publicação no Instagram.

O autor classificou as alegações da diretora como”fake news” e afirmou que elas “são estratégias de uma extrema direita que promove a desinformação”. “O mais curioso é que as palavras de ‘baixo calão’ e os atos sexuais do livro causam mais incômodo do que o racismo,  a violência policial e a morte de pessoas negras”.

“Não vamos aceitar qualquer tipo de censura ou movimentos autoritários que prejudiquem estudantes de ler e refletir sobre a sociedade em que vivemos. Agradeço a Compahia das Letras pelo apoio de sempre e a todos que se manifestaram contra esse absurdo”, finalizou.

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