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Artistas de Brasília driblam a pandemia e se reinventam na TV e na web

Eles descobriram novos meios de manterem suas atividades e de ajudar a cultura da cidade a resistir às dificuldades impostas pela crise

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Arte Metrópoles/ Gui Primola
Colagem arte de artistas de brasília, menos é mais, dhi ribeiro, g7 de teatro, toys e omik, lúcia maria
1 de 1 Colagem arte de artistas de brasília, menos é mais, dhi ribeiro, g7 de teatro, toys e omik, lúcia maria - Foto: Arte Metrópoles/ Gui Primola

Pelo segundo ano seguido, o aniversário de Brasília não terá shows, espetáculos e sessões de cinema gratuitas e presenciais, além de brasilienses lotando os barzinhos das comerciais. Com o agravamento da pandemia de Covid-19, essa e outras comemorações ganharam novos formatos, obrigando artistas e trabalhadores da cultura a mudar de rota e se reinventar. A boa notícia é que muitos têm cumprido a missão com êxito, ajudando a manter a cena local viva e forte.

Entre os artistas que conseguiram driblar as dificuldades impostas pela crise sanitária está o Menos é Mais. Em janeiro do ano passado, o grupo de pagode caiu nas graças dos brasileiros após Neymar compartilhar um vídeo curtindo uma de suas músicas. Foi o ponto de partida para os artistas, acostumados a tocar em barzinhos da cidade, conquistarem milhares de fãs e virarem referência nacional do gênero, sendo reconhecidos, inclusive, com um Prêmio Multishow.

“O sucesso foi consequência, o que o Menos é Mais sempre buscou foi espaço. A gente sempre quis provar pra outras pessoas que se faz pagode em Brasília. Não esperávamos esse sucesso, mas ainda bem que ele veio pra gente conseguir mostrar que aqui tem uma cena forte de samba, pagode e muitos outros ritmos. Brasília respira música”, diz Gustavo Góes, um dos percussionistas do grupo.

O carinho por Brasília é tanto que o grupo homenageou a cidade em seu primeiro álbum de músicas autorais, que foi batizado de Plano de Piloto e lançado com várias imagens dos pontos turísticos da cidade.

“Nos consideramos filhos de Brasília e nessa relação de criador e criatura a gente tem muito amor, muita gratidão por tudo que conseguimos conquistar aqui. Crescemos na cidade, ouvindo os grupos de pagode daqui e conseguir viver bem com nossa música hoje é um privilégio enorme. A gente deve tudo à capital e faremos muitas homenagens ainda. A ideia é espalhar nossa cultura pelos quatro cantos do país”, afirma Góes.

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Eles conseguiram sucesso nacional
Menos é Mais com o ídolo Thiaguinho
Primeiro disco da banda, com participação de Dilsinho, foi batizado de Plano Piloto
Gustavo Goes, percussionista do grupo
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Grupo carrega o DNA brasiliense

Instagram/Reprodução
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Eles conseguiram sucesso nacional

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Menos é Mais com o ídolo Thiaguinho

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Primeiro disco da banda, com participação de Dilsinho, foi batizado de Plano Piloto

Ricardo Ribeiro/Divulgação
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Gustavo Goes, percussionista do grupo

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Brasilienses no The Voice

Com bares e casas de shows fechadas, artistas brasilienses também brilharam na tevê. Mineira radicada em Brasília, Larissa Vitorino viu sua vida mudar ao ser convidada a participar do The Voice em 2019, seguindo na disputa até a semifinal. Ela foi descoberta por um olheiro, durante um show realizado antes da pandemia, no Coco Bambu.

Mesmo optando por não fazer eventos presenciais, por segurança, a artista tem trabalhado bastante e ganhando mais por isso. “O The Voice me proporcionou uma demanda artística, além da oportunidade de divulgar o meu trabalho autoral para uma quantidade maior de pessoas. As oportunidades que têm surgido também são com remunerações melhores que antes”, afirma.

Larissa Vitorino, cantora que representou Brasília nas semifinais do The Voice
Larissa VItorino
Larissa virou as quatro cadeiras dos técnicos no The Voice e ganhou fôlego na carreira

O mesmo aconteceu com a cantora Lúcia Maria, de 66 anos, radicada em Brasília. Ela foi um dos destaques do The Voice +, edição do reality musical voltada para artistas com mais de 60 anos. Assim como Larissa, Lúcia também conquistou todos os técnicos com sua voz e personalidade marcantes.

Com uma vida cultural ativa antes da pandemia, a brasiliense estava em depressão quando descobriu que a filha havia feito sua inscrição no programa. “Triste e sem trabalho. Durante boa parte do ano, fiz pouquíssimas coisas, entrei no auxílio emergencial, aí aconteceu o The Voice”, relata. “Tive tanta ajuda e incentivo da minha família, de muitos músicos que me ajudaram com as bases. Me joguei de corpo e alma”, conta.

Embora acredite que as oportunidades surgidas a partir do reality pudessem ser ainda melhores sem esse cenário de instabilidade, Lúcia comemora o fato de não precisar se expor em shows lotados para garantir o próprio sustento. “Muitos amigos tiveram que ir trabalhar e se contaminaram”, lamenta.

Para a cantora veterana, shows de verdade só quando a pandemia cessar. O lugar de estreia já foi até escolhido. “O Feitiço Mineiro, que agora é Feitiço das Artes. Um grupo de artistas se juntou para reabri-lo. Isso deu ânimo pra gente, que se apresenta na casa há muitos anos. É um patrimônio da nossa cidade”.

Mudança de rota

Dhi Ribeiro, cantora nascida no Rio de Janeiro, criada em Salvador e radicada em Brasília, precisou mudar de rotas para superar a crise que atingiu em cheio à cultura.

“O ano não foi fácil pra ninguém. Não foi pra mim também, acostumada a fazer várias apresentações por semana. Mas eu não posso dizer que foi um ano ruim, do ponto de vista da possibilidade de me renovar. Os desafios me levaram a lugares que eu não supunha poder percorrer na correria em que vivia antes”, reflete a sambista. 

Dhi Ribeiro, sambista radicada em Brasília (DF)

Em meio às dificuldades, Dhi acabou descobrindo novas habilidades e se apaixonando por elas.  “Tenho feito lives e shows on-line,  dublagem, contação de histórias, entre tantas novidades que têm chegado. Me descobri maior do que me via antes, e isso é bom. Tenho lido muito, debatido bastante sobre temas como racismo e representatividade. Estou revendo meu repertório e até fazendo músicas. Todo desafio é uma oportunidade. Procuro aproveitar”.

Dhi já teve ter uma de suas músicas, Para Uso Exclusivo da Casa, na trilha sonora da novela A Força do Querer; agora, a artista, radicada na capital, está descobrindo novos talentos e se desafiando
Artes plásticas e cênicas vivas

As primeiras semanas de isolamento social foram difíceis para a dupla Daniel Toys e Mikael Omik, famosos por transformar muros e instalações da cidade em galerias a céu aberto. Os dois tinham vários projetos previstos, planos de viajar pelo Brasil e participações em eventos internacionais. Quando a pandemia começou, a agenda ficou vazia, mas eles não desanimaram e continuaram pintando telas em casa.

“No começo foi complicado, deu aquela pausa em tudo. Paramos de pintar na rua e na casa das pessoas. Ficamos realmente em isolamento, produzindo no ateliê. Depois desse primeiro momento, as encomendas de tela aumentaram”, conta Daniel. “A gente percebeu que as pessoas queriam continuar esse contato com a arte em casa, decorar, mudar um pouco o ambiente”, emenda o artista.

Daniel Toys, grafiteiro brasiliense

A dupla também aproveitou o momento para criar um canal no Youtube e produzir conteúdo. Mais de um ano após o início da pandemia, o esforço de continuar buscando formas de explorar o trabalho mostra resultados. “Estamos trabalhando quase todo dia, pintando murais e até já participamos de uma exposição em São Paulo”, conclui.

Toys e Omik aproveitaram a pandemia para criar um canal no Youtube e projetar o trabalho nas redes

A internet também foi o meio encontrado pelo G7 de manter o contato com os fãs.  Nos últimos meses,  o grupo de teatro brasiliense, com mais de 20 anos de história, teve de trocar os palcos pelo Youtube e pensar em novas formas de se conectar com o público. “Focamos na criação de vídeos de humor,  para ajudar as pessoas a relaxar. Um dos projetos foi o Terça Cana, programa com uma temporada e oito episódios de humor”, explica o ator Rodolfo Cordón.  

Com um nome consolidado na capital, eles  lamentam as dificuldades que companhias menores enfrentaram e reconhecem o privilégio de terem sido abraçado pelos fãs.  “É muito difícil pra classe artística. Nós somos um grupo organizado, tínhamos um dinheiro poupado, mas outros que não conseguiram se manter”. 

Em meio a expectativa de retornar aos palcos presenciais em maio, a cia pretende agradecer o público da cidade pelo apoio com muito teatro de qualidade e boas risadas.  “A gente tem o maior orgulho do nosso público. Nosso maior bem é as pessoas em Brasília gostarem do G7. Só estamos vivos, seguindo com esse projeto porque temos o apoio da cidade. E isso ficou muito evidente no último ano”, conclui o artista. 

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