Após ataques, Luciana Gimenez planeja série sobre violência de gênero
Após ser chamada de garota de programa por Jorge Kajuru, apresentadora virou porta-voz contra o discurso de ódio direcionado às mulheres
atualizado
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Ao lançar ataques à Luciana Gimenez durante live com Antonia Fontenelle na última quinta-feira (25/03), o senador Jorge Kajuru corroborou com um cenário preocupante, que atinge as mulheres com força no Brasil: a violência de gênero ao qual elas estão expostas, sobretudo na web.
Segundo pesquisa divulgada no ano passado pela ONG Plan International, com participação de 500 brasileiras entre 14 e 25 anos, 77% das mulheres já foram assediadas em um ambiente virtual. Dentre os tipos de assédio, o mais comum é o da linguagem abusiva e insultuosa, como a usada por Kajuru, seguido do body shaming e do constrangimento proposital.
Aos 51 anos, Luciana Gimenez mostrou que nenhuma mulher está livre de sofrer esse tipo de assédio e decidiu reagir. Para além de medidas judiciais cabíveis, a apresentadora escreveu uma carta aberta em que desabafa não apenas sobre o episódio com Jorge Kajuru, mas sobre todo um sistema de opressão ao qual as mulheres estão submetidas.
“Todos os dias somos atacadas física e psicologicamente por homens machistas e misóginos e a forma que esse tipo de pessoa sorrateira usa para nos atingir e nos calar é através da honra, da estabilidade psíquica ou da nossa integridade física. Foi o que aconteceu comigo recentemente”, iniciou.
“Muitas vezes eles conseguem entrar em nossas mentes e nos quebrar em vários pedaços e mais uma vez vamos lá e recolhemos nossos caquinhos, porque somos resilientes. Mas isso precisa acabar. Precisamos mostrar a esses covardes que assim como somos fortes para nos levantarmos, somos fortes para derrubá-los. Acredito que toda generalização é burra, ou seja, nem todo homem é ruim. Mas os que são psicopatas devem ser expostos e punidos“, continuou.
Abraçando a causa
No texto, a artista ainda buscou conscientizar as mulheres sobre as várias faces da violência. “O erro do homem abusador psicológico é achar que sua vítima nunca irá se livrar do cativeiro, pois bem, ela é capaz. Porque sabe gritar e não irá hesitar em gritar e pedir ajuda a outras que entendem pelo que ela passa. Mas é importante estarmos atentas e vigilantes para ajudarmos. Assim como eu fiz durante essa pandemia, recomendo a cada uma que se informe e leia mais sobre violência contra a mulher, que aprendam, que vejam que é preciso fazer algo”.
Além da carta, que mobilizou amigos, colegas de profissão e fãs, Luciana pretende levar sua indignação além, transformando a violência sofrida em informação.
O Metrópoles apurou que Luciana Gimenez trabalha com a ideia de desenvolver uma série sobre as mazelas vividas pelas mulheres, em que também vai compartilhar detalhes de sua história. Ainda não se sabe se a produção vai estrear na tevê ou na web.