5 momentos inesquecíveis da multifacetada Elke Maravilha
A atriz, que morreu nesta terça (16/8), exercia fascínio por causa de personalidade apaixonante e para lá de autêntica
atualizado
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Internacional
Nascida Elke Georgievna Grunnupp em São Petesburgo, na Rússia, veio para o Brasil com seis anos de idade para morar em Itabira, Minas Gerais.
Virou modelo na juventude e trabalhou com grandes nomes do segmento do país.
Esse rol incluía Zuzu Angel, de quem ficou muito próxima. Quando o filho da estilista desapareceu, em meio aos anos de chumbo da ditadura militar no Brasil, Elke foi presa ao rasgar um cartaz de “Procura-se” em que o rapaz aparecia como “terrorista”. Por causa disso, perdeu a cidadania brasileira e por muitos anos foi considerada apátrida. Mesmo assim, falava oito idiomas, além do português, incluindo grego e latim.
Televisão
Foi em 1972 que Elke Maravilha começou a se tornar conhecida do grande público ao tornar-se jurada do “Cassino do Chacrinha”. Ela exerceu o cargo até a morte do apresentador, no fim dos anos 1980.
“… um dia tocou o telefone com alguém me convidando para ir no programa do Chacrinha. Eu não conhecia porque não via televisão, mas aceitei. Então perguntei a um amigo sobre como era o tal programa e ele me disse que era um programa de auditório que tinha um apresentador que tocava uma buzina o tempo todo. Achei legal, comprei uma buzina e entrei lá buzinando; o Painho se encantou comigo e eu com ele. Foi assim que começou!”, contou.
Em seguida, ainda como jurada, integrou o elenco do “Show de Calouros”, do “Programa Silvio Santos”. Elke Ma-ra-vi-lha, lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá…
Também no SBT, comandou um talk-show na década de 1990.
Uma das últimas participações na telinha foi no quadro “O Grande Plano”, do “Fantástico”, ao lado de Berta Loran e Vilma Nascimento.
Atriz
Durante a carreira, se destacou em papéis no cinema e na TV.
Caso de “Xica da Silva”, de Cacá Diegues, que lhe rendeu o prêmio Coruja de Ouro de Melhor Atriz Coadjuvante.
Também chamou atenção no papel de uma stripper em “Pixote – A Lei do Mais Fraco”, de Hector Babenco, de 1982.
Em 1986, na minissérie “Memórias de um Gigolô”, dirigida por Walter Avancini, ela interpretou a dona de um bordel. O sucesso foi tanto que Elke tornou-se madrinha da Associação de Prostitutas do Rio de Janeiro.
Ela também ganhou os palcos em montagens teatrais.
Estilo
Elke Maravilha sempre foi conhecida pelos looks despojados e um tanto quanto excêntricos que exibiu durante toda a carreira.
A modelo lânguida e com cara de boa moça dos “anos dourados” deu lugar a uma bombshell rock ‘n’ roll na louca década de 1970.
As perucas era um capítulo à parte no figurino dela, assim como as botas, quase sempre de cano alto e latéx. Maquiagem era item essencial também à caracterização.
Sem papas na língua
As declarações de Elke Maravilha sempre foram um tapa na cara da sociedade. Livre, ela falava com desenvoltura sobre qualquer assunto e não escapava de assuntos polêmicos. Assumiu que usou drogas, que fez abortos, e não pediu desculpas a ninguém. Veja algumas delas:
“Fiz três abortos. Sempre soube que não tinha talento para isso, que não saberia educar uma criança. Parir é fácil, mas educar é difícil. Setenta por cento da mulheres que têm filhos não deviam. Sou completamente consciente do passo que posso dar. Eu nunca quis segurar homem. Sempre disse: “Quer ter filhos? Vai ter com outra”. Não estou aqui para interferir no carma de ninguém”, em entrevista à ISTOÉ Gente.
“Eles não gostam de gente que pensa. Incomoda! Eu incomodo um ‘bocadinho’… Mas tudo bem, amor. Eu tenho trabalho, graças a Deus”, disse ao RD1.
“Eu nunca fui obediente, mas na minha geração você não podia trepar sem casar. Eu nunca fui mulher, então não tive esse problema, trepei e pronto. Só fazem com você o que você permite”, para o Brasília em Pauta.
“Usei drogas, mas elas não me usaram. Até crack eu já fumei. Cachaça eu tomo. Gosto muito de beber. Não sou alcoólatra, graças a Deus, porque já teria morrido há muito tempo. Ia morrer de beber. A minha geração usou drogas para autoconhecimento, não para a fuga. O LSD me ensinou sobre a minha alma.
A cocaína me ensinou muito. É a droga de poder e eu não gosto de poder. Mas quem gosta fica meio viciadão, né? Você fica brilhante. Uma vez, em Nova York, nos anos 80, eu estava numa festa e passaram com uma bandeja de cocaína. Disse que não queria, mas me me pediram para cheirar. Menino, não é que comecei a contar a história do Brasil, desde 22 de abril de 1500 até 1983? A festa parou para ouvir. A gente fica brilhante, mas não é o que eu quero”, em entrevista ao Extra.