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Vamos acabar com o bullying alimentar nas escolas

As dietas diferentes da sua merecem respeito. Devemos criar nossos filhos para conviver com quem tem outro estilo de vida

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Kindergarten children eating lunch
1 de 1 Kindergarten children eating lunch - Foto: istock

“Educação não é só falar por favor e obrigada e, sim, saber fazer escolhas que afetem o mínimo possível os outros e o meio-ambiente.” Bela Gil escreveu em seu blog em uma das inúmeras vezes que precisou justificar por que colocava banana da terra e batata doce na marmita da sua filha.

Certamente, Bela Gil e seus filhos optaram por um padrão alimentar diferente de muitos, digo, da maioria. E, neste caso, a maioria é carnívora.

Todos os dias, pais como ela e seus filhos escutam todo o tipo de comentário, desde “o que você come afinal?” a “essa dieta faz mal! Tomo mundo precisa de proteína para viver!”.

Os diálogos citados, além de abundantes em linguagem violenta, são repletos de desconhecimento total sobre o assunto.

Uma adulta como a Bela Gill, certamente, teve dificuldade em lidar com tantas críticas em relação à sua alimentação. Ela virou até meme: “Você pode trocar um churrasco de picanha por um churrasco de melancia”.

Mas, foquemos nossa atenção na filha dela. Aos 9 anos, é mais indefesa. Vocês já imaginaram o quanto deve ser difícil quando seus coleguinhas falam em um tom sarcástico sobre sua comida? Todo santo dia? Isso é bullying, amigos. Vale lembrar o conceito: “Bullying é uma situação que se caracteriza por agressões intencionais, verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva, por um ou mais alunos contra um ou mais colegas”. (Mais sobre bullying aqui)

As nossas crianças não nascem com preconceitos, elas aprendem. Nós, pais, somos grandes responsáveis por essa aprendizagem.

Devemos criar nossos filhos para serem capazes de conviver com outros pares que optam por estilo de vida diferente do nosso. A escolha deles não pode nos gerar raiva ou incômodo. Se gera, é preciso saber os motivos. E, neste caso, sem grandes rodeios, recomenda-se a terapia.

Para criarmos filhos que respeitem outras crianças, vegetarianas, devemos conhecer um pouquinho deste universo.

A Sociedade Vegetariana Brasileira classifica o vegetarianismo como “o regime alimentar que exclui todos os tipos de carnes. O vegetarianismo costuma ser classificado da seguinte forma:

(a) Ovolactovegetarianismo: utiliza ovos, leite e laticínios na sua alimentação.

(b) Lactovegetarianismo: utiliza leite e laticínios na sua alimentação.

(c) Ovovegetarianismo: utiliza ovos na sua alimentação.

(d) Vegetarianismo estrito: não utiliza nenhum produto de origem animal na sua alimentação.”

Se excluirmos o estrito (os veganos), os vegetarianos conseguem facilmente encontrar fontes alternativas de proteínas nos laticínios, ovos, grãos, legumes e na soja e derivados. Notem: laticínios e ovos são de origem animal. Portanto, não há que se falar em “falta de proteína”. No caso dos veganos, que não consomem essas alternativas de proteínas, é necessário maior cuidado na vigilância da criança e na educação dos cuidadores.

A médica Sofia Garcia Whiteman Barranha, em sua dissertação de mestrado Alimentação Vegetariana em Idade Pediátrica: Riscos, benefícios e recomendações, concluiu que “as dietas vegetarianas, desde que adequadamente planeadas, são seguras para todas as fases do ciclo de vida, e apresentam mesmo alguns benefícios em relação a outros regimes alimentares. É importante que os profissionais de saúde tenham competências para estabelecer planos alimentares que se adequem a cada indivíduo, diminuindo os riscos e explorando os potenciais benefícios”.

A conclusão de Barranha pode ser encontrada em diversos outros profundos trabalhos acadêmicos nacionais e internacionais.

Portanto, em casa, reconheça que outras dietas diferentes da sua são tão benéficas quanto a que você escolheu. E todas merecem nosso respeito. Vamos ajudar a acabar com o bullying nas cantinas e refeitórios de nossas escolas.

 

 

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