Seu filho está com nota baixa? A culpa (também) é sua
Não importa a relação matrimonial dos pais: se o boletim é um desastre, a responsabilidade é dos três agentes daquela relação
atualizado
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Jogar nas costas do seu ex-marido (ou da sua ex-mulher) a culpa pelo mau desempenho do seu filho na escola é um dos grandes erros da sociedade moderna. Não importa a relação matrimonial dos pais: se o boletim é um desastre, a responsabilidade é dos três agentes daquela relação.
Acontece todo santo dia: ao conversar com pais sobre a melhor estratégia de reforço escolar para os filhos deles, sempre tem alguém que culpa a(o) ex: “Eu tento, mas na casa do pai/mãe é completamente diferente, não tem rotina, meu filho faz o dever de casa na sala, vendo televisão, ninguém controla!.” E segue uma lista de justificativas.
Para quem pensa que isso é problema exclusivo de casais divorciados, sinto dizer que é algo comum aos casados também. Vamos aos desafios:
1. A criança percebe claramente quando há uma discordância explícita (ou não) dos pais sobre os temas relacionados a sua criação. Quando ela saca uma divergência, se adapta e faz o que tiver vontade (sim, a criançada dá um baile desde cedo!).
2. Para a psicologia (e para mim!), uma relação familiar saudável só existe quando os pais, independentemente da situação matrimonial, entendem que sempre haverá pontos de vista discordantes entre eles. É fundamental que entrem em acordo e, na frente dos filhos, atuem em sintonia.
3. Há temas que quase sempre e suscitam debates: “como agir quando a criança não faz o dever de casa?”, “e quando tira notas baixas?”, “e quando não quer ir ao colégio?”, “e quando quer viajar mesmo quando está de recuperação?”. Para conversar com os filhos sobre estes temas, é fundamental combinar o jogo antes.
4. Quando discutem na frente do filho e um dos pais decide algo desconsiderando o companheiro (ou ex-companheiro) a consequência é certa: a criança não terá regras claras e a desordem e a desobediência tendem a prevalecer. O filho é um sintoma da relação familiar.
5. Evidentemente, dizer não a um filho ou negociar com ele é muito mais difícil do que dizer “sim” a tudo. É aquela coisa: você fica horas e horas fora de casa e, quando está com a meninada, não quer contradizer os filhos. Mas como bem ensinou Içami Tiba: “Quem ama, educa”.
6. Escrevendo assim, parece fácil, né? E é. Mas, para ser fácil mesmo é preciso lembrar que o mais importante é esquecer o ego (dos pais) e lembrar que ali, na frente, existe uma criança que precisa ter comandos em sintonia para ser feliz e produtiva.
Se você avalia que esta realidade não é possível hoje, procure um terapeuta com uma abordagem sistêmica. Ele será um mediador entre você e o pai/mãe do seu filho.
*Christiane Fernandes é pedagoga e psicopedagoga, especialista em dificuldades de aprendizagem pela Universidade de Brasília (UnB). É fundadora da Filhos – Educação e Aulas (www.filhosweb.com.br), empresa que atua na área de educação oferecendo aulas particulares em casa há 13 anos. Possui ainda MBA em Gestão Empresarial com Foco em Estratégia pela Fundação Getulio Vargas.