Quando o assunto é nota, confie no seu filho e analise corretamente
Processo de aprendizagem não é uma corrida de 100m rasos. Trata-se de uma maratona
atualizado
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Vamos imaginar que você tem uma banquinha que vende balinhas, pirulitos e docinhos em geral.
Ao final do primeiro dia, você vendeu apenas uma balinha. Nada mais.
Depois de 15 dias, você, em média, vende 20 balinhas, dois pirulitos e duas barras de chocolate.
Você percebe, claramente, que suas vendas melhoraram muito – mesmo que ainda esteja longe do seu objetivo de ter lucro com a banquinha.
Você segue esperançoso, acreditando que o lucro virá em poucos meses. Raciocínio lógico e simples.
Mas, quando se trata de avaliar o processo de aprendizagem dos nossos pequenos, tendemos a ser pessimistas e acreditar que não há progressos. E que é preciso mudar de escola, contratar professor particular e até fazer exames psicológicos.Vamos a um exemplo clássico:
No primeiro bimestre, seu filho tirou 2 pontos de 20 possíveis em matemática no primeiro teste. Veio o segundo teste: 4 pontos em 10 possíveis.
Desesperado, você contrata um professor particular para preparar seu filho para a prova bimestral. Perceba, você não conversou com o seu filho e perguntou o que aconteceu quando receberam a primeira nota.
Via de regra, você, sozinho, decide qual será o próximo passo.
De forma pragmática, você sabe dizer se seu filho melhorou da primeira para a segunda nota?
Na minha prática, a maioria dos pais reconhece ter havido um pequeno avanço. Pequeno, mas insuficiente para a recuperação total da nota. E eles costumam dizer: “Meu Deus, filho, você precisa melhorar mais! Assim, você repetirá de ano!”. Ou ainda: “Filho do céu, o que está acontecendo? Achei que estava estudando!”.
Note: do primeiro para o segundo teste, seu filho melhorou 300%. Repito, trezentos por cento. Certamente, ele passaria de ano se continuasse nesta curva de crescimento.
Reconheço que a matemática engana quando a escala de notas não é igual para testes e provas e, se não olharmos direitinho, é possível acharmos que o cenário é desesperador.
Para fugirmos de erros como este, sugiro aplicar uma regrinha de três simples.
Veja esses “novos números”:
1ª prova: seu filho acertou 10%
2ª prova: seu filho acertou 40%
Da primeira para a segunda prova, melhora de 300%.
Seguem duas opões de como fazer o cálculo que te ajudará em situações como essa.
Primeira maneira:
10% para 20% = melhora de 100%
20% para 30% = melhora de 100%
30% para 40% = melhora de 100%
100% + 100% + 100% = 300% de melhora.
Ou…
Pela Calculadora Financeira HP12:
(x) (enter) (y) (∆%), onde x é a primeira nota e y é a segunda nota.
Resumindo: não seria preciso contratar professor particular para a prova bimestral e tampouco vocês teriam desgastes gerados por broncas, ameaças e decepções.
A postura adequada com o recebimento da segunda nota era:
“Filho, parabéns pelo esforço, seu desempenho melhorou 300%. Sua nota ainda está abaixo da média da escola. É preciso correr atrás de alguns pontos ainda para a prova bimestral, mas acredito muito em você. Você já melhorou bastante do primeiro para o segundo teste. Se precisar de ajuda, conte comigo.”
Perceba, não foi preciso contratar professor particular e não houve desespero de ninguém.
Houve confiança, análise correta do cenário e a correção de um deslize do filho.
Assim, seu filho, munido da sua confiança, será capaz de seguir em frente e, se houver dificuldades, ele terá certeza de que será acolhido e que vocês juntos decidirão os próximos passos.
Lembrem-se: processo de aprendizagem não é uma corrida de 100m rasos, é uma maratona.