Mudar de escola é mais do que trocar de endereço
Especialistas ensinam o caminho das pedras para tornar esse momento o menos complicado possível
atualizado
Compartilhar notícia
Na semana passada, falamos sobre mudar de escola no meio do ano para evitar reprovação. Sob diversos aspectos, é danoso para o desenvolvimento da criança fazer a troca simplesmente para passar de ano.
Muitos alunos, entretanto, trocam de escola por outros motivos (mudança de cidade, problemas de adaptação no colégio anterior, problemas financeiros dos pais etc.). Independentemente das razões da transferência, é fundamental avaliar como o novo ambiente acadêmico receberá o seu filho.
As escolas exercem, neste momento, um papel relevante para tornar a transição mais leve. Inclusive, alguns colégios cuidam dessa “chegada” com um carinho especial. “Temos ações direcionadas para acolher essas crianças, desde a matrícula do novo aluno”, explica Juliana Diniz, diretora pedagógica do Sigma. “Preparamos o corpo docente e o time da orientação pedagógica especificamente para esse momento.”Como educadora, avalio que mudar de escola é mais do que trocar de endereço. É alterar sua rede de amigos, de professores. É estar inserido em um novo sistema de avaliação, em uma nova metodologia. São outras exigências, novas expectativas e diferentes preocupações.
Todas essas mudanças devem estar concatenadas com os valores familiares. Assim, alinhar expectativas é fundamental para esse momento. Escola e valores da família devem andar juntos. Sempre.
Converse com outros pais que já fizeram a transição para a futura escola do seu filho. As experiências de outros darão mais segurança para você e sua família. Reforçarão se o discurso da escola é efetivo, se é mesmo aplicado.
“O processo de escolha do colégio deve ser consciente”, lembra Juliana Diniz. Segundo a diretora do Sigma, o aluno é sujeito ativo na decisão. A palavra final, no entanto, é dos responsáveis. Lembra quando falamos na coluna anterior sobre as relações triangulares? É isso: a criança é sujeito ativo, mas os pais (responsáveis!) decidem pelo filho.
Na literatura psicanalítica, é comum diferenciar a relação de amizade e a de pais e filhos. A amizade que impera em algumas relações entre pais e filhos é circular, não há hierarquia na dinâmica familiar. É como se o peso da opinião de uma criança tivesse o mesmo que a do responsável por ela. Já nas relações saudáveis, nas quais se configura uma relação triangular, os pais decidem pelo filho.
Se você considera que a mudança de escola é a melhor opção para seu filho, faça uma escolha consistente. Vá até o colégio, converse com os orientadores, com amigos, reflita muito sobre a sua decisão.
Assim, se seu filho tiver o apoio da escola e dos agentes pedagógicos que a integram, o período de transição será facilitado
*Christiane Fernandes é pedagoga e psicopedagoga, especialista em dificuldades de aprendizagem pela Universidade de Brasília (UnB). É fundadora da Filhos – Educação e Aulas, empresa que atua na área de educação oferecendo aulas particulares em casa há 13 anos. Possui ainda MBA em Gestão Empresarial com Foco em Estratégia pela Fundação Getúlio Vargas.