Melhor momento para salvar o ano do seu filho é agora
O papel dos pais está justamente em ajudá-lo a identificar as dificuldades e definir estratégias mais adequadas
atualizado
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Para uma boa parte das escolas, a fase da recuperação do primeiro período será finalizada nos próximos dias. Como ainda estamos no início do ano, muitos pais não se preocupam com as eventuais notas baixas de seus filhos e seguem conversando sobre a escola como se tudo estivesse sob controle. Mas se eu te disser que agora é o momento-chave para tomar atitudes que farão total diferença para evitar uma possível reprovação, você agiria de forma diferente com o seu filho?
O famoso psiquiatra e pesquisador Içami Tiba, em vídeo feito em 2008, afirmava: “Ninguém repete no último mês do ano ou nos últimos meses do ano. A reprovação se manifesta ou dá os seus sinais logo no começo do ano.
Não adianta seu filho falar que vai melhorar e continuar com o mesmo comportamento. O erro não está SÓ no filho que não toma providências. Está também em quem delega poderes e não cobra os poderes delegados”.
Içami Tiba está corretíssimo: não se reprova ao final do ano e os pais são corresponsáveis pelo insucesso escolar de seus filhos.
É certo que as primeiras notas dos nossos filhos são manifestações de suas dificuldades das mais variadas: conteúdos, disciplina, não saber gerir seu tempo para realizar provas, não saber quais são as melhores estratégias de estudo pra ele, por que está passando por uma fase difícil na escola. Enfim, são inúmeras variáveis que interferem no desempenho escolar de um aluno.
O papel dos pais está justamente em ajudá-lo a identificar as dificuldades e definir estratégias mais adequadas. A seguir, vou detalhar as dificuldades mais recorrentes vistas nos alunos e quais as melhores estratégias.
1) Dificuldades em alguns conteúdos ou em uma disciplina específica
Perguntas fundamentais para este cenário: Ele estuda? Como ele estuda? Qual frequência ele estuda?
Se seu filho disser que a dificuldade dele é em relação a um conteúdo específico ou uma disciplina, peça o caderno e o livro deste conteúdo/disciplina e avaliem JUNTOS as ações que ele tem diante dele. Avaliem se seu filho faz anotações em sala e se faz os deveres. O primeiro passo em definir as melhores estratégias é se seu filho faz a parte que lhe cabe.
Perceba: se ele não fez os deveres de casa deste conteúdo ou desta disciplina ou tampouco tem anotações feitas no caderno, seu filho age passivamente e o baixo resultado é esperado.
A estratégia para este exemplo é bem simples. Seu filho precisará AGIR diante deste conteúdo, estudando ativamente. Seu filho precisa saber o que é estudar e o que não é. Ele precisa anotar, fazer seus próprios resumos, desenhos, mapas mentais. Ele precisa fazer exercícios.
E mais do que fazer tudo isso, é saber se O QUE se faz diante deste conteúdo combina com o estilo de aprendizagem dominante dele. (Já escrevemos sobre isso: clique aqui e saiba mais). Exemplo prático: se ele é um aluno visual e estuda apenas fazendo cópias das explicações do conteúdo, é certo que esta estratégia não é eficiente. Ele precisa é converter as anotações dele em sala de aula em imagens.
Vamos imaginar que ele faça TUDO isso que mencionamos e mesmo assim tirou nota baixa neste conteúdo ou continua apresentando dificuldades em Matemática (exemplo). É necessário saber quando foram feitas as revisões deste conteúdo e as perguntas pertinentes aqui são: as revisões foram feitas na véspera da prova? Ou na semana da prova?
Neste caso, a curva do esquecimento é superimportante de ser considerada e explicada. (Também já escrevemos sobre o tema: clique aqui e saiba mais).
Outro ponto relevante que deve ser considerado é em que momento do dia ele estuda. É supercomum alunos deixarem para o último minuto estudarem a disciplina que menos têm afinidade. Ou seja: só se debruçam sobre as matérias mais difíceis pra eles quando já estão cansados e com menos tempo disponível para estudos.
2) Dificuldades em concluir provas
A dica de ouro para alunos que apresentam dificuldades em concluir provas está diretamente relacionada ao treino (fazer exercícios).
Além dos alunos saberem o conteúdo, é fundamental que saibam fazer a prova. A variável tempo tem que ser considerada para este treinamento.
Estratégias eficientes neste caso são:
- Cronometrar o tempo que o aluno demora para fazer um exercício. Quanto mais ele treinar com exercícios, mais agilidade ele terá;
- Outra estratégia é entender que seu filho não poderá ficar 20’ em uma única questão. Neste caso, ele deverá abrir mão, naquele momento, da questão e seguir adiante com as demais. Se sobrar tempo, ele volta para a questão pendente;
- Estratégia, família. Estudo é estratégia também.
3) Seu filho está passando por um momento difícil na escola
Assunto delicado, que necessita de atenção e um diálogo aberto com os pais. É necessário saber o que está acontecendo. Vamos dar um exemplo de uma queixa comum entre crianças e adolescentes: “Não me sinto acolhido na escola”.
Para pais pragmáticos, ouvir isso de um filho é “besteira”. Algo irrelevante e que não poderá interferir nos estudos. Este pensamento é essencialmente equivocado.
Estudar é diretamente ligado a motivação. Motivação nos estudos perpassa como este aluno se sente na escola, como ele acha que os outros o veem e como ele lida com estes sentimentos.
Para alguns alunos, apenas uma conversa em casa ou nossa atenção redobrada já fará com que o cenário mude, mas para outros não. Para estes alunos, é preciso uma ajuda especializada, um approach mais profundo da escola e, eventualmente, a ajuda de um psicólogo.