metropoles.com

Agendar muitas aulas particulares garantirá boas notas ao meu filho?

Talvez o plano dê resultado, com as notas melhorando um pouco, mas o rebento estudará menos e cada vez mais lições serão agendadas. Entenda

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
IStock
WhatsApp Image 2018-05-22 at 22.55.32
1 de 1 WhatsApp Image 2018-05-22 at 22.55.32 - Foto: IStock

Paulinho é bom aluno, nunca tirou notas baixas. Não é um entusiasta do estudo, mas não preocupa os pais.

Vicente e Roberta são pais de Paulinho. Os dois sempre foram muito estudiosos. Não estão satisfeitos com o fato de o filho ir apenas bem na escola. Esperam dele mais brilhantismo.

Assim, querem ajudar o filho e escolhem dar um empurrãozinho nos estudos dele.

Chegam à conclusão: “Vamos contratar um professor particular todos os dias para que ele estude mais e as notas excelentes apareçam! Eureka!”.

O plano dará resultados? Talvez as notas melhorem um pouco. O fato é que Paulinho estudará cada dia menos e mais aulas particulares serão agendadas para atingir melhores notas.

O tiro sairá pela culatra: o adolescente usará a aula particular como muleta, estudará menos sozinho e terá o reforço escolar como parceiro diário até o fim do ensino médio

Para a psicóloga Maria Raquel Gonçalves, “os pais, em vez de ajudarem o filho, reforçam comportamento de dependência, de falta de autonomia e de falta de comprometimento”.

Pela linha behaviorista (comportamentalista), teoria criada por B.F. Skinner, o reforço positivo baseia-se em uma das mais poderosas técnicas comportamentais a favorecer modelagem e manutenção de comportamento. Maria Raquel, psicóloga behaviorista, esclarece: “no reforçamento positivo, o indivíduo vai encontrar um resultado mais rápido e eficaz. Consequência essa que, se reforçada positivamente, será mantida por mais tempo e será gradualmente mais presente”.

No caso de Paulinho, ao anteciparem a ajuda, seus pais reforçam uma dependência de um tutor até então inexistente – e nem era efetivamente necessário! Os pais do Paulinho, neste caso, reforçaram positivamente a passividade do filho em estudar mais, em dedicar-se mais. Por meio do reforço, Paulinho pode desenvolver comportamentos de dependência, falta de autonomia e de comprometimento.

E mais: no meu entendimento, deixamos claro para nossos filhos que não acreditamos neles, pois nos antecipamos na ajuda e reforçamos sua dependência. A autoestima da criançada foi jogada às traças.

No caso da educação, as intervenções mais benéficas são aquelas na quais permitimos a nossos filhos fazer esforço, errar, pedir ajuda depois de algumas tentativas, se frustrar, tentar de novo… Depois, mudam de estratégia e, finalmente, conseguem: essa sensação que seu filho terá do próprio esforço não tem preço.

O emprenho será a matéria-prima para a autoestima, essencial para a segurança e a felicidade. Servirá para toda a vida.

Do ponto de vista racional, é simples deixar nossos filhos tomarem decisões e sofrerem as consequências. Mas, do ponto de vista emocional, sabemos que é conflitante. Achar um equilíbrio nesta equação é o desafio do dia a dia de pais e educadores.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?