Zoo de Brasília é mais antigo que a capital; conheça história dos primeiros animais
Brasília completa 63 anos nesta sexta-feira (20/4), mas o Zoológico foi inaugurado dois anos antes da capital federal
atualizado
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Mais velho que a própria capital federal, a Fundação Zoológico de Brasília abriu as portas em 6 de dezembro de 1957 como um centro de entretenimento. O espaço foi inaugurado dois anos e cinco meses antes de Brasília, que completa 63 anos nesta sexta-feira (21/4). É o único caso em que o zoo é mais antigo que a cidade.
Macacos, araras, tucanos e uma elefanta foram as primeiras atrações do espaço, que ganhou diversas teorias sobre a história de sua fundação. A versão mais conhecida entre os brasilienses é a de que o zoo foi criado para abrigar a fêmea de elefante-asiático Nely, que teria sido presente do embaixador da Índia ao presidente Juscelino Kubitscheck.
No entanto, documentos da Zoológico de Brasília negam a principal versão. No Livro de Registros do Zoo consta que o primeiro animal catalogado foi um macaco macho da espécie bugio-preto, capturado por um morador.
A famosa elefanta é citada como o segundo animal do zoo e não teria sido um presente ao presidente. O livro diz que ela foi doada por uma companhia farmacêutica de São Paulo e que seu nome original era Deterfom, relacionado ao medicamento que essa empresa divulgava.
“A versão sobre o presente do embaixador da Índia é uma versão enfeitada. O que faz mais sentido mesmo é que o zoológico foi criado como atração para os operários que construíram Brasília”, enfatizou Igor Morais, mestre em zoologia, que trabalhou no Zoológico de Brasília por seis anos.
Fotos da inauguração:
Apesar das divergências entre as teorias da fundação, o Zoológico foi um sucesso para as famílias que trabalhavam na construção da capital federal. Era o primeiro ponto de lazer de Brasília.
Com o intuito de crescer a Fundação, a gerência do zoo criou turmas de captura de animais. Os grupos de oito a 10 homens viajavam para os arredores de Goiás, do Pantanal e da Amazônia, em busca de novas espécies para serem exibidas em Brasília.
Um dos capturadores era avô do biólogo Estevão César Soares Melo, 24 anos. Ademar Rodrigues exerceu diversas funções no zoológico desde a fundação. Ele aposentou no zoo e morreu com 72 anos.
“Meu avô esteve desde a fundação. Foi capturador, tratador e aposentou como auxiliar de veterinário. Em 1972 ele ganhou medalha de honra como fundador do zoológico”, conta Estevão.
Veja fotos de Ademar:
O amor aos animais ultrapassou gerações, e Estevão resolveu seguir os mesmos passos do avô. Hoje, ele trabalha como tratador do Zoológico de Brasília. “Com certeza, meu avô me incentivou. Desde pequeno, eu queria fazer biologia e trabalhar no zoo, onde meu avô trabalhou por tantos anos, era um sonho.”
Captura
Cunhado de Ademar, Erécio Lima Verde de Carvalho também participou das primeiras turmas de captura do zoológico. A dupla foi responsável por levar os primeiros tamanduás, cachorros do mato e javalis para a Fundação. Alguns dos bichos Erécio capturou na própria fazenda em Jataí (GO) e levou para o zoológico.
Erécio também passou pelas funções de tratador e recebeu certificado de honra pelo serviço de auxiliar de enfermagem. Depois de 35 anos de dedicação ao serviços no Zoológico, Erécio tornou-se servidor público e faleceu com 72 anos. Hoje, ao passear pelo zoo, o filho de Erécio, Mauro Alves, 55, diz sentir orgulho de relembrar a trajetória do pai no espaço.
“Até hoje, quando passo na via em frente ao zoológico, eu me lembro do meu pai e de tudo o que vivenciei na minha infância visitando o zoológico e indo visitar meu pai de bicicleta, durante os plantões”, relembra Mauro.
Animais antigos
A famosa elefanta Nely morreu em 1992, provavelmente por causa da idade avançada, estima-se que ela tinha cerca de 60 anos. A morte de Nelly coincidiu com uma visita oficial do ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, a Brasília. Comovido pela tristeza que os brasilienses ficaram com a morte da elefanta, Mandela presenteou o DF com um casal de elefantes.
Babu e Belinha chegaram ao zoo em 1995. O macho morreu em janeiro de 2018. Hoje, quem faz companhia a Belinha, 27, é Chocolate, 30, resgatado de um circo em 2008.
De acordo com os registros do zoológico, não há animais da época de Nely. Os bichos mais antigos são a hipopótamo fêmea, de nome Bárbara, que chegou em 1983, e uma arara azul, de 1999.