Você sabia? Brasília tem árvore que veio da lua, literalmente; entenda
Árvore rara, fruto de um experimento, foi germinada de semente que deu voltas no espaço na missão Apollo 14, da Nasa, em 1971
atualizado
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O privilégio de participar de uma missão espacial e orbitar pela Lua foi vivido por poucos, mas faz parte da história de uma “moradora” do Distrito Federal. A Liquidambar styraciflua, ou simplesmente Árvore da Lua, é uma espécie rara para a flora do país, que veio do espaço e tem irmãs espalhadas pelo mundo.
Localizada na sede do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), na L4 Norte, ela é fruto de um experimento que levou sementes de cinco tipos de árvores diferentes para a terceira viagem à Lua promovida pela Nasa, em 31 de janeiro de 1971.
Naquela data, os astronautas Alan Shepard, Edgar Mitchell e Stuart Roosa partiram para a missão Apollo 14. Enquanto os dois primeiros caminhavam pela Lua, Roosa orbitava com sementes de árvore-do-âmbar, sequoia, figueira, abeto-de-douglas e pinheiro Pinus taeda, lacradas em sacos plásticos dentro de uma vasilha de metal.
The Moon Trees
O astronauta também tinha no currículo um trabalho ambiental. No Serviço Florestal dos Estados Unidos, Stuart Roosa atuou como paraquedista em incêndios florestais. No espaço, ele queria testar como a gravidade e a radiação poderiam afetar essa forma de vida.
“A intenção era realizar o teste de germinação e verificar o comportamento e desenvolvimento dessas plantas”, explica Geraldo Divino de Assis, analista ambiental do Ibama. As sementes ficaram conhecidas como The Moon Trees, ou as “Árvores da Lua”.
A maior parte delas foi espalhada em estados dos EUA, como um pinheiro Pinus taeda que foi plantado na Casa Branca. Outras sementes foram doadas a países como Brasil, Suíça, França e Japão. “Trouxeram três árvores para o Brasil, sendo uma delas para a sede do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, que hoje é o Ibama”, conta Geraldo.
Plantio em Brasília
A árvore-do-âmbar do Ibama no DF e duas sequoias, que estão no Rio Grande do Sul, são as únicas espécies “da Lua” no país. O plantio em Brasília aconteceu em 14 de janeiro de 1980, em uma cerimônia que está registrada até hoje em um site especial da Nasa.
“O plantio contou com a presença de Thomas Nelson, chefe do Serviço Florestal dos EUA; Stanley Brown, da Embaixada dos Estados Unidos; Joaquim Falco Uriarte Neto, Secretário Geral do IBDF; e outras autoridades brasileiras. Thomas Nelson desejou o melhor para o futuro das relações entre Brasil e Estados Unidos, particularmente na área de pesquisa florestal”, diz o texto no site da agência espacial.
O resultado do experimento foi considerado positivo pelos cientistas, que viram muitas das sementes e mudas crescendo, sem sofrerem efeitos consideráveis devido à volta que deram na Lua. No fim, elas viraram um símbolo importante do trabalho de Stuart Roosa e das viagens espaciais.
Em Brasília, a Árvore da Lua recebe um carinho especial nesses 42 anos. “Em uma das comemorações pelo plantio, o Ibama instalou um adorno metálico singular para ela. A árvore hoje é vigorosa, atrai muitos visitantes. Desde servidores do Ibama de outras unidades da Federação até transeuntes em geral. Nessa linguagem mais virtual, ela rende uma das imagens ‘instagramáveis’ da sede”, brinca Geraldo Divino.
Quem visita a árvore-do-âmbar do Ibama vê uma placa que explica a sua história, que parece de filme.
“Esta árvore foi germinada de uma semente levada para o espaço na missão Apollo 14, em 1971, pelo astronauta Stuart Roosa, com o objetivo de avaliar o efeito da gravidade zero e da alta radiação sobre as sementes […] Aqui, os esforços são envidados para proteger esta árvore, permitindo àqueles que tenham oportunidade de visitá-la refletir sobre a importância da conservação e proteção da nossa casa comum, a Terra.”