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Vizinhos ouviram gritos em apartamento antes de feminicídio no DF

Adriana Maria de Almeida, 29 anos, foi assassinada a facada, no Riacho Fundo. O companheiro é considerado suspeito do crime

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1 de 1 Feminicidio-no-DF - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Na manhã desse domingo (29/09/2019), vizinhos escutaram gritos e objetos quebrando no apartamento que foi palco de um feminicídio, no Riacho Fundo. Depois, o som alto do rádio abafou a discussão entre o casal que morava havia pouco tempo no Conjunto 4 no Setor Placa das Mercedes. Doze horas depois, o corpo de Adriana Maria de Almeida, 29 anos, foi achado. A própria família do companheiro dela, que é considerado suspeito do crime, a encontrou no imóvel, já sem vida. A vítima levou uma facada e morreu no local.

O crime chocou a vizinhança. Segundo testemunhas, o casal morava junto havia cinco meses, em regime de união estável. Eles eram considerados discretos e unidos por quem mora no local. “Os conhecia de vista, a gente se cumprimentava. A primeira briga que escutei foi ontem (domingo). Eram vários gritos, mas não consegui ouvir as palavras. Tinha também barulho de coisas quebrando. Depois colocaram um som muito alto e pensei que estava tudo bem. Veio um silêncio em relação à discussão. O som ficou ligado na rádio o dia todo, bem alto. O que causou o estranhamento foi isso”, afirma uma pessoa que mora no prédio.

A vizinha lembra que o ventilador ficou em cima do corpo de Adriana, que foi achado no quarto. Ela diz que havia muito sangue no chão. A faca foi encontrada no banheiro. O companheiro teria fechado todos os vidros. “Não tinha nada aberto, coisa que não ocorria, pois as janelas ficavam abertas”, disse a vizinha.

Paulo Romero, 51, também mora no edifício. O professor de música conta não ter visto nem ouvido nada de anormal, mas relata que viu as pessoas apavoradas no andar debaixo do prédio e logo que desceu, quando soube da tragédia. “É muito triste saber o que houve. Eles têm uma filhinha de 4 anos”, lamentou.

“Apesar de ser um casal reservado, eles pareciam ser tranquilos. Fico preocupada com a filha deles, tão pequena… Agora, é esperar as providências da justiça”, comentou outra vizinha. A 29ª Delegacia de Polícia (Riacho Fundo) investiga o caso. Este é o 24º feminicídio registrado no Distrito Federal e um dos seis assassinatos ocorrido no domingo na capital do país.

Na quinta-feira (26/09/2019), outra mulher foi assassinada no Distrito Federal. O crime ocorreu entre as 6h e as 6h30 na comunidade de Catingueiro, na região da Fercal. A vítima é Queila Regiane Jane, 42, que também foi morta a facadas. Horas depois, o suspeito foi preso. Os investigadores acharam Iron da Cruz Silva, 37, que já tinha passagem por tentativa de homicídio, em um assentamento a 25 km de casa. Ele viveu com a vítima por 20 anos. O casal tem duas filhas.

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Vizinha ouviu gritos
Apartamento onde o casal morava
Feminicídio ocorreu no Riacho Fundo, em 29 de setembro de 2019
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Prédio onde ocorreu o crime

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Vizinha ouviu gritos

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Apartamento onde o casal morava

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Feminicídio ocorreu no Riacho Fundo, em 29 de setembro de 2019

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“A gente imagina que os primeiros golpes de faca ele tenha desferido com a vítima ainda dormindo. A filha de Queila de 13 anos estava no quarto no momento, então pode não ter havido discussão entre o casal antes”, destacou o delegado Laércio de Carvalho, da 35ª DP (Sobradinho II). No momento em que foi preso, o assassino confesso não demonstrou arrependimento pelo feminicídio.

A motivação do crime teria sido ciúmes. “Ele fazia comentários de forma vaga: ‘Ela está trabalhando fora, tendo amizades diferentes…’”, destacou o policial. Após esfaquear a mulher, Iron tirou a adolescente e a levou para casa da outra filha, casada e de 18 anos, que mora na mesma rua dos pais. “Disse para ela ficar com a irmã porque a mãe estava passando mal e iria providenciar socorro”, detalhou o investigador.

Foi nesse momento que os familiares ouviram os gritos de Queila e correram para a casa dela. Acharam o corpo da mulher na cozinha, quase sem vida. Uma vizinha acionou a polícia. A delegacia se mobilizou para chegar até a área rural. Teve apoio aéreo para fazer o cerco e de aproximadamente 40 policiais. Por volta das 17h, a equipe conseguiu prender Iron. Na casa, foi encontrado um martelo – que a PCDF acredita ter sido usado pela vítima para tentar se defender. “Ela andou a casa inteira, que está repleta de sangue”, informou o delegado.

Neste 2019, o Metrópoles iniciou um projeto editorial para dar visibilidade às tragédias provocadas pela violência de gênero. As histórias de todas as vítimas de feminicídio do Distrito Federal serão contadas em perfis escritos por profissionais do sexo feminino (jornalistas, fotógrafas, artistas gráficas e cinegrafistas), com o propósito de aproximar as pessoas da trajetória de vida dessas mulheres.

O Elas por Elas propõe manter em pauta, durante todo o ano, o tema da violência contra a mulher para alertar a população e as autoridades sobre as graves consequências da cultura do machismo que persiste no país.

Desde 1° de janeiro, um contador está em destaque na capa do portal para monitorar e ressaltar os casos de Maria da Penha registrados no DF. Mas nossa maior energia será despendida para humanizar as estatísticas frias, que dão uma dimensão da gravidade do problema, porém não alcançam o poder da empatia, o único capaz de interromper a indiferença diante dos pedidos de socorro de tantas brasileiras.

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