Vizinhos de jovem que anunciou massacre em show estão chocados
“Não sabemos quem é o vizinho do lado, muito perigoso. Fiquei assustada”, disse uma vizinha do jovem de 19 anos, no Lago Norte
atualizado
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Dois dias após a prisão de Henrique Almeida Soares, 19 anos, que é suspeito de planejar um ataque com carro-bomba em um show no DF, vizinhos do jovem, no Lago Norte, se dizem surpresos e assustados com o caso. Uma moradora, que não quis se identificar, contou que, apesar de não conhecer o rapaz, sabia que ele morava na casa do avô, professor de arquitetura na Universidade de Brasília (UnB).
“Não podemos julgar o que aconteceu. Não sabemos se ele está doente. Esse rapaz morava com o avô, que é professor de arquitetura da UnB, e nunca o vi na rua. No dia, eu estava voltando para casa e me assustei com o número de policiais e bombeiros. Só descobri o que tinha acontecido depois, pela mídia”, acrescentou.
Ainda segundo ela, após a prisão do jovem, o burburinho foi grande no grupo de WhatsApp dos moradores da rua. ” Os vizinhos mandaram muitas mensagens julgando ele e a família. Depois, outros abafaram a discussão e não se falou mais nada”, completou.
Uma outra vizinha, que também preferiu não se identificar, afirmou que “a família do rapaz vivia isolada”. “Nunca ouvi barulho vindo daquela casa. Achei tudo isso meio absurdo e louco. Não sabemos quem é o vizinho do lado, muito perigoso. Fiquei assustada”, explicou a mulher, que reside na região há 24 anos.
O suspeito foi preso em flagrante pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) horas antes do crime. Na residência do jovem, os investigadores encontraram bombas e livros com incitação ao ódio, além de máscaras e dinheiro em espécie.
O rapaz passou por audiência de custódia e ficará preso preventivamente. Na sentença, a juíza Verônica Torres Suaiden afirmou que o fato de Henrique não ter antecedentes criminais não assegura que ele possa responder pelo crime em liberdade. “Não bastam para afastar a custódia cautelar, quando evidenciada a gravidade concreta da conduta imputada. Demando medida efetiva para garantia da ordem pública”, destacou.
Na casa dele, foi preciso desarmar a bomba produzida pelo rapaz. Henrique planejava, ainda, a explosão de carro-bomba e a execução de sobreviventes com arma de fogo no evento no Setor Comercial Sul no sábado (29/02/2020). A polícia apreendeu 5 kg de nitrato de amônia e 1 quilo de nitrato de potássio, que poderiam ser usados para produção de outro artefato.
“O material era suficiente para derrubar uma casa. Ele tinha muito poder de fogo”, destacou chefe da Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), Giancarlos Zuliani Júnior.
Veja o vídeo:
A motivação do ataque ainda é um mistério, mas o rapaz já havia detonado pelo menos um artefato no passado, quando perdeu a falange de um dedo.
Segundo o delegado Dário Taciano de Freitas Júnior, da DRCC, a empresa Yahoo! enviou o alerta do possível ataque na sexta-feira (28/02/2020), a partir de postagem na internet. “Ele disse que faria um massacre histórico em um show de rap e funk com adolescentes, que ele chama de vagabundos, descolados e drogados”, relatou.
“Disse que iria utilizar o conhecimento dele em arma química e usar armas ilegais, iria explodir o local, utilizar carro-bomba. Os sobreviventes, ele iria matar com disparos de arma de fogo”, pontuou o delegado. A polícia utilizou métodos de investigação cibernética para chegar ao suspeito, na casa dele no Lago Norte.
Com autorização de busca e apreensão da Justiça em mãos, os agentes foram até o local. O Departamento de Operações Especiais (DOE) participou da diligência. Na casa, foram encontrados artefatos, explosivos e substâncias aptas à preparação de algum tipo de explosivo. A polícia também encontrou muito dinheiro em espécie.
Veja o material apreendido com o suspeito:
Bombas
No quarto do jovem, havia desenhos com pessoas sendo mortas a facadas, tiros e balas de canhão, além de um livro intitulado Manual do Ódio.
Henrique não tem passagem criminal. “Conforme entrevista preliminar de familiares, inclusive da própria genitora, e dele próprio, vimos que ele sempre gostou de mexer com explosivos. No ensino médio, com um grupo da escola, explodiu um determinado artefato e perdeu a falange de um dos dedos”, revelou.
O rapaz será, a princípio, indiciado pelo Estatuto do Desarmamento, com pena de 3 a 6 anos de prisão. O acusado foi encaminhado ao Departamento de Polícia Especializada (DPE), ao lado do Parque da Cidade.
Além de material explosivo, a PCDF apreendeu também aparelho de celular e notebook. Agora os agentes vão investigar se existem pessoas envolvidas com o acusado no plano para o massacre. O homem não tinha emprego fixo.