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Vizinho de mulher jogada do 3º andar: “Ouvíamos gritos todos os dias”

Testemunhas dizem que Jonas Zandoná vivia embriagado e brigava muito com a mulher no Bloco T da 415 Sul

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1 de 1 feminicídio, carla, jonas, asa sul - Foto: JP Rodrigues/Metrópoles

Tumulto, brigas e agressões. Assim vizinhos descrevem a rotina dos moradores do apartamento 308 do Bloco T da 415 Sul. Na noite de segunda-feira (6/8), a situação chegou ao extremo. Segundo investigações da Polícia Civil, Jonas Zandoná, 44 anos, teria jogado a mulher, Carla Grazielle Rodrigues Zandoná, 37, pela janela do terceiro andar e ficado em casa, como se nada tivesse ocorrido. A vítima morreu. O acusado está preso preventivamente.

“As brigas eram constantes”, afirmou um dos vizinhos, que preferiu não se identificar. O casal não trabalhava e convivia com Salmon Lustosa Elvas, 75, aposentado do Senado, há cerca de um ano no edifício. “Davam muito trabalho ao zelador e ao síndico. Todos os dias ouvíamos gritos do apartamento”, afirmou a testemunha.

Jonas era visto sempre bebendo. Inclusive, na noite do crime, estava embriagado na residência. Levado para a 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), dormiu no banco da unidade policial. “Vivia alterado”, disse um outro vizinho, que preferiu não se identificar.

Diante de tanta confusão, eles tinham ordem para deixar o imóvel. A proprietária da imobiliária que alugava o apartamento, Juliane do Vale Jara, disse que o contrato de locação foi feito em nome do idoso, que prestou depoimento na 1ª DP.

“Era uma pessoa educada. Havíamos recebido reclamações sobre perturbação da ordem e optamos por pedir a desocupação do imóvel quando completou um ano de locação. Nós estávamos querendo o bem-estar de todos e preferimos pedir para eles deixarem o apartamento. O prazo deles era até essa sexta-feira (10)”, afirmou Juliane.

Ainda não se sabe se as imagens das câmeras de segurança do prédio registraram o crime. Jonas, que teria problemas psiquiátricos, nega que tenha jogado a mulher. Ele foi autuado em flagrante por feminicídio e homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, cruel e sem chance de defesa para a vítima.

O idoso estaria na casa no momento em que Carla teria sido jogada pelo marido. Disse, porém, que estava dormindo. “Como ele tinha problema de audição, o casal chegava e ele não ouvia a campainha. Dessa forma, vinha para a janela e ficava gritando para ele abrir a porta. Um clima muito desagradável”, destacou um dos vizinhos.

Segundo um funcionário do bloco, o que se sabia no prédio é que Jonas se relacionava com a mulher e com o senhor. “Ela não morava no prédio, mas estava na residência quase todos os dias. Em um dos episódios de discussão, eles sujaram o hall de entrada dos apartamentos com pó de extintor de incêndio. Esvaziaram tudo”, comentou.

O homem disse que sempre havia confusão no apartamento. “Eles atiravam coisas pela janela. Certa vez, acertaram o carro de uma pessoa. Percebíamos que não tinham um relacionamento saudável”, acrescentou.

Vizinha do prédio da frente, a chef de cozinha Sandra Milhomem, 49, chegava de viagem quando percebeu a movimentação embaixo do bloco nesta terça (7). Ela disse que não conhecia o casal direito, somente de vista, mas sempre escutava dizer que tinham um relacionamento conturbado.

“Me revolta toda essa situação. Mais uma mulher morta no dia em que a Lei Maria da Penha completa 12 anos no nosso país. As autoridades precisam entender que ainda há uma impunidade muito grande. Precisam agir”, cobrou.

Processo trabalhista
Consta na Justiça um registro de processo trabalhista de Jonas contra Salmon. Na ação, de 2017, ele alega ter trabalhado como motorista para o homem e não ter recebido verbas rescisórias. O valor cobrado era 
R$ 549.224,10.

A ação, no entanto, não teve continuidade. Jonas não forneceu à Justiça o endereço de seu suposto empregador, fazendo com que o processo fosse arquivado.

 

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