Vizinha sobre idosos encontrados sujos em casa: “Estão melhores agora”
Antônia Aparecida Eugênia conta o estado de penúria e abandono de casal achado pela PM em apartamento do Cruzeiro no domingo (09/06/2019)
atualizado
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A situação dos idosos encontrados pela Polícia Militar (PM) no Cruzeiro nesse domingo (09/06/2019) comoveu Antônia Aparecida Eugênia (foto em destaque), 51 anos. Esposa do zelador do prédio, ela foi a primeira a se deparar com o quadro de penúria do casal, que segue internado no Hospital Regional da Asa Norte (Hran). “Tenho certeza que eles estão melhores agora, porque pelo menos têm atendimento. Estavam sofrendo e podiam até morrer por falta de socorro”, destacou.
Conforme a PM, a idosa, de 79 anos, e o marido dela, de 87, foram achados em um apartamento na Quadra 1.405 do Cruzeiro em péssimas condições de higiene e apresentavam fraqueza extrema. Sentiam dores pelo corpo e havia também suspeita de infecção generalizada. Um vizinho acionou os militares e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
De acordo com Antônia, os idosos adoeceram há aproximadamente 15 dias, período durante o qual ela insistiu com a única filha do casal, Luziane Campos, 51, para que recebessem atendimento. O relato de Antônia Aparecida aos policiais militares indica que Luziane visitava os pais de uma a duas vezes por semana.
Já no domingo (09/06/2019), a filha apareceu no local por aproximadamente 25 minutos depois da chegada da PM, trazendo em mãos um cobertor e um travesseiro. A mulher informou que cuidava dos pais e, dessa vez, se mudaria para viver com eles. A única filha do casal prestou depoimento na 5ª Delegacia de Polícia (Área Central) e foi autuada por falta de assistência, crime previsto no Estatuto do Idoso.
Negou que tivesse abandonado os pais. Contou aos investigadores que esteve no imóvel no sábado (08/06/2019), oportunidade em que teria limpado e dado água aos idosos. No momento em que marido e a esposa foram encontrados, ela estaria fazendo compras em um supermercado para abastecer a casa.
Os idosos estavam em quartos separados e debilitados. A esposa nem sequer conseguia beber água. Os PMs estiveram no Hran na tarde desse domingo, onde constataram que os dois seguiam estáveis, apesar de desidratados.
Atendimento
Antônia Aparecida conta que passou a ir diariamente no apartamento dos idosos desde que tiveram piora no estado de saúde. “Fiz porque sentia pena deles. Precisavam muito de ajuda, mas a filha não os levava ao médico. Gosto muito do casal e tenho muito respeito por eles. Moram aqui há 14 anos”, afirmou.
No domingo (09/06/2019), porém, ela constatou que precisam urgentemente de atendimento. Antônia procurou um médico morador do condomínio, que chamou o serviço de emergência. “Eu até tentei molhar o algodão e dar água, mas ela engasgou. A boca estava muito seca. Não tinha forças para levantar, estava com falta de ar e dores no corpo”, afirmou Antônia sobre a idosa.
Quem a atendeu no domingo foi o idoso. “Estava cheio de dor no pescoço, pois teve uma queda na sexta-feira [07/06/2019]. Quando ele abriu a porta, eu só escutei o gemido da esposa pedindo água e soube que precisavam de socorro imediato”, garantiu.
Antônia afirmou que o apartamento estava em condições insalubres, repleto de sujeira. O caso passou a ser investigado pela 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro Velho). A reportagem não conseguiu o contato da filha do casal de idosos. O espaço continua aberto para eventuais posicionamentos.