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Violência contra jovens começa dentro de casa, mostra pesquisa da UnB

Estudo feito com estudantes brasilienses com idade entre 11 e 18 anos revela que 85,4% deles já foram vítimas de violência física, 62,5% psicológica e 34,7% sexual. Pais, mães e responsáveis são os principais algozes

atualizado

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violência doméstica
1 de 1 violência doméstica - Foto: iStock

A violência doméstica não se restringe aos desentendimentos entre os casais, que às vezes terminam de forma trágica. Os filhos também são alvo de pais, mães e de seus responsáveis. Uma pesquisa realizada pela Universidade de Brasília (UnB) com estudantes brasilienses revela que 85,4% deles já foram vítimas de violência física, 62,5% psicológica e 34,7% sexual. O que chamou a atenção dos pesquisadores é que, em boa parte dos casos, os atos foram praticados dentro de casa. A escola é o segundo lugar em que os alunos, com idade entre 11 e 18 anos, se sentem vulneráveis. O estudo revela, ainda, que a maioria dos jovens sentem que as agressões “são merecidas”.

“Percebe-se que a violência é tratada de forma naturalizada pelos responsáveis e pelos jovens. Encontramos respostas como ‘apanhei sim, mas mereci’ nos questionários. Quer dizer, a própria criança acha que a reação violenta é adequada para um comportamento errado”, explica Iglê Ribeiro, cuja tese foi defendida no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da universidade.

“É triste ver isso. Tive medo de olhar os questionários”, conta Iglê. Ela relata que alguns jovens a procuraram para compartilhar coisas que nunca tinham dito a ninguém antes. Ela destaca que a situação de violência dificulta o bem-estar e o desenvolvimento dos jovens. Isso afetará o comportamento que eles terão na idade adulta e mais: quem é vítima hoje, pode virar agressor amanhã.

Uma aluna me disse que sofreu abusos constantes do avô, que a pagava após cada relação sexual forçada entre os sete e os 14 anos. Ela me confessou que o dia mais feliz da vida dela foi quando esse avô morreu.

Iglê Ribeiro

A pesquisadora concluiu que o adolescente se sente culpado por ter sido agredido. Ela registrou em seu trabalho algumas dessas respostas que, segundo ela, “deveriam deixar perplexa uma sociedade que se importa com as crianças”.

Recanto das Emas
Para reunir os dados analisados, Iglê, que é professora de Educação Física, aplicou um questionário com 58 perguntas para 368 jovens de sete escolas públicas do Recanto das Emas. As questões que tinham como objetivo traçar o perfil do aluno por escola, idade e sexo, além de identificar a situação de moradia em que se encontravam, religião e a pessoa com quem mais convivem. O estudo durou dois anos.

Foram identificados no estudo diversos tipos de violência sofrida pelos estudantes, bem como sua magnitude em atos de natureza física, sexual, psicológica. Na questão da violência física, os atos mais frequentes foram chutes, socos e puxões de cabelo. Na família ou na comunidade, houve incidência de puxões de orelha, ser colocado de joelho no milho e ameaças por conta de más notas na escola.

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Já as maiores incidências de agressões psicológicas foram de xingamentos, insultos, constrangimentos, quebra ou roubo de pertences.

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No caso da violência sexual, percebeu-se um quadro importante de experiências fora do normal entre as crianças e os adolescentes pesquisados. De acordo com a pesquisa, 26 meninas foram vítimas de abuso praticados por um adulto do sexo masculino.

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Bater não é educar
A professora de Educação Física sugere como prevenir a violência contra as crianças: “nunca deixe seu filho sozinho com ninguém”. No geral, as crianças responderam que se sentem mais protegidas na escola.

“Notei que as crianças não são ouvidas socialmente. Quando tiveram espaço para falar, falaram muito. Foi como se aquele momento fosse o único lugar que tinham para se expressar”, relata.
“A nossa cultura compreende que bater é educar e não uma violência contra a criança. Isso é endossado inclusive religiosamente”, afirma.

Segundo a pesquisadora, entre os 11 e 15 anos, os jovens sofrem violência em casa, de colegas e de professores. “Isso inibe o desenvolvimento em uma fase em que o indivíduo está se formando”, finaliza. O trabalho foi apresentado à direção das escolas para que possam saber o que se passa na casa dos alunos. Também foram oferecidas palestras de conscientização aos pais, jovens e professores. (Com informações da Agência UnB)

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