Vídeos. Invasão na Asa Norte tem tráfico de drogas em plena luz do dia
Doze pessoas ocupam a área há pelo menos seis meses. Local se transformou em ponto de venda de entorpecentes e descarte de produtos roubados
atualizado
Compartilhar notícia
O medo e a insegurança têm cercado os moradores da 202 Norte. Há pelo menos seis meses, o gramado em frente à quadra foi tomado por uma invasão. Além de ocuparem de forma irregular o espaço público, 12 pessoas estão abrigadas em barracos de lona e são vistas com frequência usando ou traficando drogas. Quem passa pelo local diariamente também denuncia que o lugar tornou-se ponto de receptação e descarte de produtos roubados.
Vizinhos do acampamento denunciam que adolescentes de um colégio público próximo têm o hábito de comprar entorpecentes na localidade. “Fui pessoalmente até a Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA) e disseram que o problema seria repassado para o setor responsável. Nem registraram a ocorrência, alegando que não haveria necessidade”, relata Hugo de Souza, 37 anos, morador da região.
A família de Hugo vive na 202 Norte há pelo menos 30 anos. Por causa da insegurança, eles pensam em mudar de endereço. “Estamos muito preocupados. Tenho filhos pequenos, de 2 e 4, que descem para brincar no pilotis todos os dias”.
Imagens comprovam denúncias
Fotos e filmagens feitas pelo Metrópoles e por habitantes da região confirmam as queixas dos moradores. Nos vídeos, é possível ver pessoas usando e comercializando drogas, além do exato momento em que o quadro de uma bicicleta é jogado em uma rede de águas pluviais localizada ao lado. Os invasores também utilizam o lugar para fazer suas necessidades fisiológicas.
Também é possível notar um veículo deixando o local após os passageiros comprarem substâncias ilícitas, segundo o morador que fez a filmagem. De acordo com ele, isso é algo corriqueiro, e há carros, inclusive importados, parando na invasão para adquirir o produto, principalmente durante a noite.
Confira:
As denúncias dão conta que moradores e funcionários dos edifícios próximos são roubados e intimidados constantemente pelas pessoas vivendo na invasão. “Já invadiram a garagem do nosso bloco em pelo menos cinco oportunidades e roubaram quatro bicicletas. Eles entraram de madrugada, e o porteiro não viu. A insegurança que estamos vivendo é muito grande”, relata Vagner Alarcão, 59, síndico de um dos prédios da 202 Norte.
Maria de Lourdes Marinho, 86, é uma das moradoras mais antigas da quadra e reforça o pedido para que providências sejam tomadas. “Moro aqui há 42 anos. Era uma paz, um sossego. Agora, temos medo e vivemos acuados. Estamos pedindo socorro”, desabafa.
Segundo contou à reportagem, por receio de que algo de ruim ocorra, ela não deixa mais a bisneta de 11 anos descer para brincar.
Remoção e orientação
Em nota, a Agefis informou que já foram efetuadas mais de 10 remoções no local, mas “só as instalações utilizadas como moradia e os materiais acumulados podem ser retirados”. O órgão garantiu que haverá nova remoção nos próximos dias.
Já a Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (Sedestmidh) informou contar com uma equipe de abordagem social voltada para a área central de Brasília.
Os agentes orientam sobre os serviços de proteção social e aconselham as pessoas a procurar um dos locais que oferecem o atendimento, como: o Centro Especializado em Atendimento à População em Situação de Rua (903 Sul e Taguatinga); o Centro de Referência Especializado em Assistência Social (Crea); o Creas Diversidade; Centros de Referência de Assistência Social; uma das 17 Agências do Trabalhador; os Ceams – Centros de Atendimento à Mulher (nas estações do Metrô da 102 Sul, Ceilândia e Planaltina); e o Espaço da Cidadania (estação do Metrô da 112 Sul).
A pasta acrescentou que o governo não promove a retirada compulsória de pessoas em situação de rua, “em respeito ao preceito constitucional que garante o direito de ir e vir de seus cidadãos”.
Consultada, a Polícia Civil pediu que os cidadãos registrem ocorrência. “As pessoas que foram assaltadas ou ameaçadas devem ir à delegacia para que o boletim seja registrado”. Sobre as queixas de que menores de idade estariam comprando drogas no local, ressaltou: “os fatos são repassados aos investigadores da delegacia responsável” – no caso, a Delegacia da Criança e do Adolescente.