Vídeos detalham confusão entre motorista de app e passageira no DF
Mulher registrou ocorrência relatando ter sido agredida nesse sábado (5/12), em Águas Claras, após briga por causa de balões
atualizado
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Um vídeo registrado por câmera de segurança mostra, com mais detalhes, o momento em que o motorista de aplicativo acusado de bater na bancária Geraldina Lúcia de Oliveira Araújo, 29 anos, estoura o balão na mão da passageira. A mulher registrou uma ocorrência na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), relatando ter sido agredida, no fim da tarde desse sábado (5/12), em Águas Claras.
Segundo a passageira, a violência ocorreu após o condutor reclamar que ela levava balões dentro do carro, o que atrapalharia a visão dele durante o trajeto. Ela saía de casa rumo ao Shopping Pier 21, onde comemoraria seu aniversário com amigos. Contudo, ela apenas chegou a entrar no carro, sem se deslocar ao local da celebração.
Em depoimento à 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul), o motorista alegou ter somente se defendido. Nesse domingo (6/12), ele repetiu a versão dada aos investigadores em conversa com o Metrópoles, sob a condição de não ter a identidade revelada.
O homem, de 38 anos, sustenta que a confusão teve início após a mulher bater a porta do carro com força duas vezes, como provocação. Foi quando ele se aproximou para estourar o balão, mas diz acreditar que não conseguiu: “Acho que a unha delas acabou pegando e estourou antes”.
Contudo, as imagens mostram um cenário diferente. No vídeo, é possível ver Geraldina descendo do carro e fechando a porta. Em seguida, o condutor da Uber sai do veículo, e os dois aparentam discutir. O homem, então, dirige-se até as duas mulheres e estoura um dos balões. “Eram balões de gás hélio. São duros, não é simples de estourar. Como eu teria furado?” questiona a mulher.
Veja esse momento:
Ao fim do vídeo, a passageira corre atrás do motorista. Ao Metrópoles, ela diz que puxou a camisa dele nesse momento. Logo depois disso, teriam iniciado as agressões.
“Nesse momento, eu fiquei muito brava, porque eu levei 1h30 para ir para Taguatinga comprar e mais 1h30 para voltar, pois peguei aquela chuva toda do início do dia. Sem contar que esses balões são muito caros. Então, eu peguei na camisa dele e falei: ‘Você está doido?’. Nisso, ele começou a me bater”, alega Geraldina.
O motorista afirma que, quando o balão estourou, a passageira largou tudo e avançou nele. “Eu fui dizendo para ela me soltar, e ela foi me empurrando para o outro lado da rua, segurando a minha camisa. Rasgou a minha camisa toda, estou cheio de marcas de unha no corpo”, diz.
“Numa das vezes em que eu tentei puxar, o celular [dela] acabou vindo na minha mão, e eu joguei no chão. Em momento algum eu fui contido por populares na rua, em momento algum eu dei socos e chutes nela. Falaram que eu me unhei pra deixar marca e rasguei a minha blusa, mas em momento algum isso aconteceu”, defende.
Apesar disso, um segundo vídeo mostra o homem agredindo a mulher. A imagens circulam nas redes sociais.
Confira:
Testemunhas
Durante a discussão, vizinhos tentaram parar as agressões e impedir que o motorista deixasse o local. O técnico de manutenção Lair Lima de Brito, 59 anos, testemunhou o momento e acompanhou Geraldina até a delegacia.
“Eu estava recebendo uma encomenda lá do lado e vi a moça saindo do prédio, com os balões. Pouco tempo depois, vi que ela saiu de um carro, fechou a porta, e o motorista desceu ao encontro dela. Aí, eu ouvi a palavra ‘rapariga’”, conta o vizinho.
Lair relata que outros moradores também presenciaram quando o motorista estourou o balão. “Logo começaram as agressões, tapas e chutes, e eu já me envolvi. Retirei a moça de lá e fiquei na frente do carro para ele não sair”, detalha. De acordo com o vizinho, o condutor teria ainda rasgado a própria camisa, para alegar que fora agredido por Geraldina.
“Ele deu dois tapas no rosto dela e chutou. Pegou o celular dela, talvez, para ela não fazer nenhum contato, mas estava todo mundo ligando para a polícia”, descreve. “Ela estava se defendendo, isso todo mundo viu, é fato […] Era o dia do aniversário da moça, e ela foi humilhada”, completa.
Conforme a ocorrência registrado na 21ª DP, “todas as testemunhas apresentadas na delegacia disseram que apenas ele agrediu a vítima e teria rasgado as próprias vestes”.
Procurada para comentar o caso, a PMDF disse que “atendeu a ocorrência, prestou apoio à vítima e conduziu o motorista à delegacia, onde ficou detido e foi autuado por lesão corporal e injúria”.
Ao Metrópoles, a Uber informou que, quando recebe denúncia de caso envolvendo violência, tanto o perfil do passageiro como o do motorista ficam suspensos temporariamente, até que a empresa possa apurar o fato. No entanto, a plataforma informou que, em breve, a conta de Geraldina será reativada. O perfil do motorista está definitivamente fora do ar.
“Esse tipo de comportamento configura violação aos termos de uso da plataforma, e a conta do motorista parceiro já foi desativada”, detalhou a empresa, em nota. A Uber ressaltou que “considera inaceitável e repudia qualquer ato de violência contra mulheres”. “A empresa acredita na importância de combater, coibir e denunciar casos dessa natureza às autoridades competentes e se coloca à disposição para colaborar com as investigações, na forma da lei”, destacou.