Vídeo. Veja última imagem de estudante da UnB antes de ser assassinado
Laércio Rosseto, o delegado que investiga o caso, confirma que o último registro de Jiwago vivo foi feito às 11h15 de sábado (23/6)
atualizado
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Imagens de câmeras de segurança do campus Darcy Ribeiro, da Universidade de Brasília (UnB), obtidas pelo Metrópoles mostram o estudante de filosofia Jiwago Henrique de Jesus Miranda, 33 anos, passando em frente a um prédio que parece ser o da Fundação Oswaldo Cruz. O delegado Laércio Rosseto, responsável pela investigação do caso, confirma que esse é o último registro do estudante, feito antes de ele seguir para as proximidades do Bloco J da Colina e ser morto a pedradas no sábado (23/6).
No vídeo, Jiwago aparece sozinho, vestindo casaco e bermuda, com uma sacola em uma mão e um violão jogado nas costas. Estava barbudo. O registro da imagem está uma hora adiantado e mostra que ele transitou pelo local às 12h15 desse sábado. Ou seja, as câmeras captaram a passagem de Jiwago às 11h15.Chefe da 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), o delegado Laércio Rosseto disse que ainda não há ninguém preso por suspeita do assassinato. A ex-esposa do estudante, Vanice Silva Dantas, 47 anos, afirmou que os objetos do ex-marido não foram encontrados.
Matriculado no curso de filosofia, Jiwago era membro da comunidade acadêmica há nove anos. Durante o dia, frequentava as aulas. À noite, dormia em cantos escondidos da universidade. Ele vivia em situação de rua há, pelo menos, dois anos. Despertava a atenção dos colegas por ser gentil e educado. Mas, nos últimos meses, não parecia bem e estava agressivo.
Segundo familiares e amigos, Jiwago foi diagnosticado com bipolaridade e esquizofrenia. Como desde 2016 não seguia o tratamento prescrito, estava “extremamente surtado”. De acordo com Vanice, o ex-marido não estava conseguindo, havia mais de dois anos, pegar os remédios na rede pública de saúde. A falta de medicação o deixou à mercê dos efeitos dos distúrbios.
A Secretaria de Saúde afirma que não há registro de Jiwago pelas farmácias de alto custo. A causa mais provável da morte do estudante, segundo a polícia, estaria relacionada ao uso de drogas – um cachimbo usado para consumir crack foi apreendido ao lado do corpo.
O estudante deixou dois filhos: um menino e uma menina, ambos de 6 anos. O aluno da UnB teve um relacionamento com Vanice por 13 anos, mas o casal se separou há dois e meio, após agressão sofrida pela mulher. “Ele não merecia morrer assim”, lamentou.
Nessa terça-feira (26/6), pelo menos 30 estudantes dos cursos de filosofia e ciências sociais da UnB se reuniram para homenagear o aluno. Eles pregaram cartazes com os dizeres “Jiwago presente” e “Estudantes de filosofia em luto”. No Centro Acadêmico de Filosofia (Cafil), onde aconteceu a homenagem, os discentes acenderam velas, leram poemas e deixaram flores.
Vanice esteve presente. Ela está acompanhando de perto as investigações do caso. Não sabe se o ex-marido tinha inimizades, mas contou que o estudante já havia sido agredido por outros alunos na universidade.
“Como vivia nessa situação marginalizada, chegou a ser espancado outras vezes, mas ninguém imaginou que isso fosse acontecer”, destacou. “Quem matou Jiwago o conhecia”, acrescentou, convicta, a chef de cozinha.