Vídeo. Sala de aula de escola do DF vira “forno” no período da seca
Imagens gravadas na Escola Classe 303 de Samambaia mostram sufoco de alunos e professores. Educação pretende trocar janelas
atualizado
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A onda de calor e a baixa umidade relativa do ar registradas nos últimos dias no Distrito Federal têm prejudicado alunos de escolas da rede pública de ensino. Na Escola Classe 303 de Samambaia Sul, há relatos de alunos que passam mal em sala de aula e crianças com sangramento no nariz (foto em destaque), segundo denúncia de funcionários.
Na manhã de terça-feira (10/09/2019), a professora do 3º ano Camila da Silva Mateus gravou vídeo no qual ela apresenta as condições de trabalho dentro da instituição de ensino. Nas imagens registradas, a educadora mostra o telhado de zinco e as paredes de placas de concreto, além de janelas quebradas, sem manutenção e que não abrem. Segundo ela, dentro da sala de aula, a sensação térmica chega a mais de 40ºC.
Assista:
“Estamos na Escola Classe 303 de Samambaia. São 11h e o sol está de rachar no céu. Telhado de zinco e paredes de placa. Essa é a combinação perfeita para se fazer um forno”, diz Camila. Ainda na imagem, ao entrar na sala de aula, os alunos abanam papel para espantar o calor.
“A sensação térmica dentro dessa sala é de mais de 40ºC. Todo mundo suado, cansado e com muito, muito calor. Além disso, as janelas estão estragadas e não tem manutenção possível. Elas não abrem em muitas salas. O que torna o ambiente insalubre tanto para nós, profissionais, professores, quanto para os nossos alunos que não têm condições de aprender em um ambiente como esse”, acrescenta.
Ao Metrópoles, Camila disse que o colégio foi construído para funcionar provisoriamente e nunca passou por reformas. “Essa é uma das escolas mais antigas da região. Além de estar caindo aos pedaços, a placa é de concreto com ferragens e o telhado de zinco, que atrapalha tudo. Nunca houve manutenção por parte dos órgãos competentes. O filtro de água para as crianças matarem a sede não está nem saindo água fria. Há apenas um ventilador que o vento só chega até a metade da sala. Nossos alunos passam mal a todo momento”, queixou-se.
Ainda segundo a profissional, a direção já pediu inúmeras vezes a reconstrução do local. “Neste período de estiagem, chega 11h e nós não conseguimos mais fazer nada. Para completar, tem dias que servem sopa de merenda para os meninos e meninas. É um absurdo. Pedimos providências urgentemente”, acrescentou.
O diretor do Sindicato dos Professores do DE (Sinpro-DF) Samuel Fernandes também reclamou da situação. Segundo ele, as denúncias estão chegando de professores de várias escolas em todo o DF. “O secretário de Educação deveria sair do ‘gabinete com ar-condicionado’ e conhecer a verdadeira realidade das escolas. Professores e alunos estão sofrendo com ambientes insalubres, sem ventilação adequada, piorando ainda mais nesta época do ano, que enfrentamos o calor e a seca”, criticou.
O outro lado
Em resposta à reportagem, o coordenador regional de ensino de Samambaia, Elivan Feitosa, explicou que a Escola Classe 303 de Samambaia existe há mais de 30 anos e tem problemas estruturais e em relação à acessibilidade. “A nossa equipe já esteve lá verificando a possibilidade da troca de janelas. Fizemos manutenções em anos anteriores e, agora, vamos realizar outras para que, no futuro, possamos reconstruir a unidade por completo. A escola já se encontra no plano de obras para reconstrução.”
Como medida emergencial, segundo Feitosa, o que se pede aos pais e responsáveis, para amenizar a situação de calor, é que os alunos levem suas garrafinhas para a escola e se hidratem constantemente. “Estamos evitando atividades físicas das 10h às 16h e procurando molhar o pátio e jogar água no telhado para ver se melhora um pouco a situação”, concluiu. O DF completou, nesta quarta-feira (11/09/2019), 100 dias sem uma gota de chuva.