Vídeo: protesto indígena bloqueia trecho da Esplanada nesta quinta
Grupo pede reunião com presidente da Funai e quer impedir mineração e agricultura em terras indígenas. Eles deixaram a via às 17h15, diz PM
atualizado
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Centenas de representantes dos povos indígenas em Brasília se reuniram na tarde desta quinta-feira (17/6) em frente ao Palácio do Planalto. Pelo segundo dia seguido, a comissão solicitou participar de reunião com o presidente da Funai.
O ato desta quinta provocou o bloqueio da Via N1, sentido L4 Norte, próximo da terceira ponte, na Esplanada dos Ministérios. Pelo Twitter, havia postagens com os indígenas reunidos e a via já fechada perto das 15h30. Segundo a Polícia Militar do DF, por volta das 17h15, os manifestantes começaram a liberar o local.
Assista:
Nesta quarta-feira (16/6), a PMDF e representantes de povos indígenas entraram em confronto em frente ao prédio da Fundação Nacional do Índio (Funai), durante protesto pela saída do atual presidente do órgão, Marcelo Xavier.
Em nota, a PMDF afirmou que cerca de 150 indígenas marcharam para o prédio da Funai e quiseram romper a barreira formada pelos policiais. “Quando chegaram em frente ao Brasil 21, os índios partiram em confronto contra a linha de contenção, inclusive, atirando flechas contra os policiais, sendo necessário o uso de gás para retomada do terreno”, afirma a corporação. Segundo a PM, uma flecha atingiu o colete de um policial e um outro militar ficou com a mão ferida.
Segundo o Conselho Indigenista Missionário, os povos indígenas foram atacados com spray de pimenta e bombas de gás lacrimogênio e de efeito moral, e as lideranças do movimento afirmam que a polícia agiu com truculência.
Desde 8 de junho último, os indígenas protestam na capital contra a aprovação do Projeto de Lei 490, proposta do governo para liberar a prática de mineração comercial e agricultura em terras indígenas.
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Depois do confronto com a PM, os indígenas soltaram uma carta pública. “Nós, povos indígenas reunidos no Levante Pela Terra, em Brasília, estamos mobilizados há mais de 10 dias contra a agenda anti-indígena que tramita nos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, colocando em risco a vida de todos os povos indígenas”, abre o texto.
A carta acusa o presidente da Funai de ter transformado o órgão em um aparato de intimidação contra os povos originais. “[…] órgão que, hoje, mais se parece com uma delegacia política que persegue e criminaliza lideranças. Edita atos administrativos anti-indígenas, como a Instrução Normativa nº 09 e outras, negocia medidas no Congresso Nacional”, declaram.
Leia a carta na íntegra:
“CARTA PÚBLICA DOS POVOS INDÍGENAS DO BRASIL SOBRE A FUNAI
Nós, povos indígenas reunidos no Levante Pela Terra, em Brasília, estamos mobilizados há mais de 10 dias contra a agenda anti-indígena que tramita nos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, colocando em risco a vida de todos os povos indígenas.
Ainda sob as restrições da pandemia e com maioria de nós vacinados – vacinação que só aconteceu com muita luta do movimento indígena, reunimos mais de 1 mil indígenas de todas as regiões do Brasil e afirmamos: o delegado Marcelo Xavier não é mais o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai)!
Trata-se da pior gestão da história da Fundação, que deixou de cumprir a função de proteger e promover os direitos dos povos indígenas para negociar nossas vidas e instrumentalizá-la em prol de interesses escusos e particulares do agronegócio, da garimpo ilegal e de outras tantas ameaças que colocam em risco a nossa existência.
Um delegado que transformou a Funai na “Fundação da INTIMIDAÇÃO do Índio”, órgão que, hoje, mais se parece com uma delegacia política que persegue e criminaliza lideranças. Edita atos administrativos anti-indígenas, como a Instrução Normativa nº 09 e outras, negocia medidas no Congresso Nacional, a exemplo do lobby que ele apresentou aos inimigos dos povos indígenas na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, pedindo – pasmem! – a aprovação do PL 490.
O PL 490 na prática acaba com a política de demarcação de terras indígenas no país, abrindo possibilidade inclusive de revisão de terras já demarcadas.
Chega de tantos absurdos.
Fora Marcelo Xavier.
Levante pela Terra
Brasília – DF, 16 de junho de 2021″