Vídeo: presença de homem em vagão exclusivo do metrô acaba em briga
O rapaz se recusou a sair do local, mesmo após mulheres protestarem. O caso foi registrado como flagrante de injúria e vias de fato
atualizado
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A entrada de um homem no vagão exclusivo para mulheres e pessoas com deficiência do metrô do Distrito Federal provocou uma confusão no transporte, no fim de ano, e virou caso de polícia. Ao se recusar a sair, o rapaz disse não concordar com a lei distrital que reserva o carro para uma parcela da população e se referiu à norma como “apartheid” – sistema de segregação racial adotado na África do Sul, na década de 1990. Usuárias que estavam no vagão ficaram indignadas.
“Nós somos seres humanos. Nós lidamos com leis”, explicou uma mulher a ele. Para justificar a permanência, o homem citou o inciso IV do artigo 3 da Constituição Federal, que define como objetivo do Estado “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.”
A discussão ocorreu em 23 de dezembro. O trem seguia para a Estação Central, na Rodoviária do Plano Piloto. O caso foi registrado pelo próprio “invasor” do vagão feminino em vídeos, que foram postado no Facebook e no YouTube. Nas redes sociais, ele é identificado como Elias Sousa.
O homem ainda brinca com a situação: “Eu quero ser preso hoje”. No fim, acabou sendo levado à delegacia. Duas vítimas registraram ocorrência na 5ª Delegacia de Polícia (área central de Brasília), por flagrante de injúria e vias de fato. Ele permaneceu o tempo todo em silêncio, informou a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). O acusado foi liberado após assinar termo circunstanciado.
Quando todos desembarcam na Estação Central, seguranças já os esperam na saída. Veja trechos da discussão no vídeo abaixo:
Envolvidos
A moça que entrou em embate mais direto com o “invasor” do vagão feminino afirmou ao Metrópoles que tudo começou quando ele se irritou com um comentário dela. “Falei com uma colega do lado que, de fato, os nossos direitos iam demorar a serem aceitos como uma qualquer outra lei que deve ser cumprida”, contou.
O homem, então, teria xingado as mulheres de “putas”, “sem noção”, e ainda segurado uma delas pelo braço e a empurrado, detalhou a jovem. De acordo com ela, os vídeos gravados e divulgados por ele saem do contexto e, por isso, as mulheres são alvos de comentários maldosos e até ameaças – razão também pela qual ela preferiu não se identificar.
Sofremos várias agressões em comentários e danos morais pela falta de conteúdo das páginas ao postarem o vídeo gravado. Somos acusadas de racismo, existem ameaças de estupros nos comentários. Então, de fato, está bem pesado
Após a confusão, ele postou no YouTube comentários sobre o caso. O homem classificou as jovens como crianças. “Infelizmente tenho pena delas. Esquerdopatas. Essas doutrinadinhas, elas mesmas, vieram a me agredir verbalmente”, sustentou.
O Metrópoles entrou em contato com ele, mas não recebeu retorno.
Garantia legal
O uso do carro exclusivo para mulheres e pessoas com deficiência funciona todo dia e não só nos horários de pico, reforçou a Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF), em nota. A medida foi adotada em 2015, em cumprimento à Lei Distrital 4.848/2012.
Sobre a ocorrência, a empresa informou que o Corpo de Segurança Operacional atuou e encaminhou as partes para a delegacia. “Quando há descumprimento [da lei], as usuárias entram em contato com a Ouvidoria, que aciona os agentes de segurança operacional”, detalhou o metrô.