Vídeo. “Pior é o psicológico”, diz mulher agredida por advogado no Sudoeste
Giselle Piza, 39, foi agredida com socos após discutir sobre cachorro de um advogado estar sem coleira e focinheira
atualizado
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“Estou perplexa como mãe, mulher e advogada”. É assim que Giselle Piza, 39, sente-se após ter levado socos e puxões de cabelo de um outro advogado, em um estacionamento do Sudoeste, na manhã dessa segunda-feira (20/3). A advogada detalhou, em entrevista Metrópoles, a série de agressões que sofreu.
A briga começou após a vítima reclamar que o cachorro do agressor estava sem coleira nem guia. Gisele mora no Sudoeste há seis anos e, cotidianamente, passeia na rua com seu cachorro Bolt, da raça shit-zu. A advogada relata que, ao passar em frente a um restaurante reconheceu o advogado Cledmylson Lhayr Feydit Ferreira, 60 anos, e o cachorro dele da raça cotton tullear, chamado Pipoca.
“Ao lado do pet shop que eu ia, tinha esse restaurante. E passando por lá, eu reconheci esse senhor almoçando com o cachorro dele, sem guia e coleira. E o cachorro dele tem fama de violento, então, antes de passar por ele, eu puxei a guia do meu cachorro e segui. Parece que eu estava adivinhando, porque o cachorro dele avançou no meu, me arranhou, me mordeu e eu tentei fugir dali. Ele continuou almoçando e fingiu que nada tinha acontecido”, lembra Giselle.
Confira a entrevista completa
Ela afirma que nunca teve contato com Cledmylson, mas o conhecia de vista e já tinha o visto passeando com o cão outras vezes, sem coleira. Gisele conta que chegou a lembrar ao agressor da lei distrital que obriga tutores a andarem com cachorros na guia.
“Ele me tratou de forma hostil. Eu disse que chamaria a polícia e deixei meu cachorro longe da vista do cachorro dele. Foi quando ele entrou no carro, colocou o cachorro dele no banco de trás e eu fui filmar a placa dele, porque seria uma forma de identificá-lo. Foi quando ele acelerou o carro, tentando me atropelar, desceu e aí eu comecei a gravar”, disse Gisele.
A advogada chegou a filmar o momento em que Cledmylson toma o celular de sua mão. Em outro vídeo, esse gravado por testemunhas, mostra que o homem coloca o celular da vítima no bolso e começa a agredi-la. Os dois entram em luta corporal por cerca de 40 segundos. Giselle levou dois socos no rosto, foi puxada pelos cabelos e derrubada no chão.
Veja vídeo das agressões
Ela ainda conta que entrou no banco de trás do carro de Cledmylson para impedir que ele “tentasse se evadir”. Nesse momento, ela relata que tentou tirar o cachorro dele do veículo para que ele não “fugisse”. No vídeo, é possível ver que Giselle não chegou a pegar o cachorro.
Ela ficou com ferimentos nos joelhos, braços, cotovelos, coxa, lombar e lesões no couro cabeludo. “Quando me lançou ao solo eu também machuquei o dedo para não bater o rosto no asfalto”, relata. A advogada também lamentou a exposição que sofreu ao ter ficado “seminua” quando o vestido subiu e as pessoas filmaram.
Vergonha
Apesar das dores pelo corpo, a advogada conta que as maiores feridas foram psicológicas. Ela chegou a mencionar que precisou tomar calmantes para controlar o nervosismo. Além disso, sofreu ao pensar que o filho veria o vídeo das agressões.
“Como mãe, eu estou me sentindo absolutamente abalada. Eu não queria que meu filho soubesse disso. Talvez essa seja a pior das consequências de tudo que está acontecendo, e do que eu estou sentindo, porque eu não queria que meu filho passasse por isso e visse a mãe dele sendo agredida dessa forma. Estou me sentindo perplexa como mãe, mulher e advogada”, emociona-se.
Giselle lembra que em sua profissão atendeu muitas mulheres que sofreram diversos tipos de violência e nunca tinha pensado que um dia estaria no lugar da vítima. Em recuperação do trauma, a advogada conta que sentiu falta de alguém ter separado a briga.
“Muitas pessoas assistiram e me acolheram depois dos fatos, mas, ali no momento, ninguém buscou fazer o ‘larga disso’, ‘para disso’, ‘segura’, ‘não faça isso’ e realmente eu senti falta disso.
Delegacia
Giselle e Cledmylson foram conduzidos à 5ª Delegacia de Polícia (Asa Norte). No bolso de Cledmylson, os policiais encontraram um canivete. Ele alegou que usava o objeto para cortar charutos. O advogado acabou detido por lesão corporal, injúria e porte de arma branca, mas foi liberado em seguida.
Como o Metrópoles noticiou, Cledmylson e seu cão, Pipoca, têm longo histórico de confusões. Em ao menos quatro ocorrências policiais, as vítimas dizem que o cachorro, da raça coton de tulear, é agressivo, que avança nos pedestres e que sempre está sem focinheira.