Pais que agrediram menino em condomínio responderão por lesão corporal
A DPCA vai ouvir, em depoimento, o casal cuja agressão foi gravada por câmeras de segurança de residencial na Octogonal
atualizado
Compartilhar notícia
A Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) vai intimar os pais que seguraram uma uma criança de 6 anos em um condomínio fechado da Octogonal para o filho bater. Não satisfeita, a mãe ainda empurrou a vítima, que caiu no chão, segundo vídeo gravado pelo sistema interno de segurança do residencial, que fica na Quadra 4. Eles terão de explicar o caso em depoimento.
Segundo a unidade especializada da Polícia Civil do Distrito Federal, os autores já foram identificados: Alexandre Campos de Jesus e Danielle Cavalcanti dos Santos. A princípio, responderão pelo crime de lesão corporal, cuja pena inicial prevista é de três meses a um ano, podendo ser aumentada em razão da idade da vítima.
Há ainda a possibilidade de serem indiciados por ameaça e por terem submetido o próprio filho a constrangimento, crime previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O menino que foi agredido passou por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML).
O Conselho Tutelar esteve na casa de Jucinea, tia do menino agredido, nessa quinta-feira (13/12). Segundo a conselheira Andreia Carla, as duas crianças são vítimas. Ela disse que vai informar ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) a situação para que tome as providências cabíveis.
Tudo ocorreu na noite de domingo (9). O filho do casal agressor caiu em uma brincadeira de bola na quadra poliesportiva do residencial, mas os pais acabaram retaliando fisicamente o outro menino.
O circuito de câmeras mostra que o garoto tropeçou sozinho e bateu a boca no chão. Momentos depois, o pai aparece na quadra em busca da outra criança que participava da brincadeira. O homem segura os braços do pequeno para o filho dar um soco no rosto dele. Em seguida, uma mulher, supostamente a mãe, empurra a vítima no chão e os três vão embora. Ao Metrópoles, a criança agredida revelou: “Na hora, só queria ir embora”.
Em um grupo de mães de uma rede social, a tia da criança agredida, Jucinea Nascimento, narrou que o outro menino caiu na quadra e subiu para o apartamento dos avós com a boca sangrando. Em seguida, ele voltou nos braços dos pais e teria acusado o sobrinho de tê-lo agredido.
“Esse pai torceu os braços do meu sobrinho para trás, da forma como a polícia faz com bandidos, e obrigou o seu filho a dar um soco no rosto dele, que já estava muito assustado com a situação. Após o meu sobrinho levar um soco no rosto, continuou acuado no canto da quadra, quando a mãe do menino, não satisfeita com a atitude do marido, foi na direção dele e o empurrou, jogando-o no chão”, disse a tia.
Jucinea ainda reforçou que o homem aparece nas imagens com duas sandálias nas mãos, ameaçando a criança. Ao procurar os agressores, ela disse que foi destratada e recebida aos berros pelos pais e avós do menino, que a acusaram de não dar educação ao sobrinho.
“As cenas são deprimentes, é estarrecedor ver dois adultos partindo pra cima de uma criança de 6 anos, totalmente indefesa e acuada. Ver meu filho e sobrinhos no canto da quadra chorando sem saber o que fazer. E o pior, meu sobrinho não tocou na criança que se machucou, foi um acidente normal de um jogo inocente de bola”, desabafou.
Ela registrou boletim de ocorrência depois de ver as imagens do ocorrido. Comovidas com a agressão cometida por um casal contra uma criança de apenas 6 anos, um grupo de mães, moradoras da Octogonal, marcou uma manifestação para o próximo domingo (16), a partir das 17h, na quadra poliesportiva onde o pequeno levou um soco no rosto.