Vídeo mostra suspeitos de matar padre Casemiro fugindo após crime
Dois foram presos pela PCDF, que segue procurando outros dois homens acusados de participação no latrocínio
atualizado
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Câmeras de segurança registraram a fuga dos quatro suspeitos de envolvimento no assassinato do padre Kazimerz Wojno, conhecido como Casemiro, 71 anos. O religioso foi encontrado estrangulado e com arames enrolados no pescoço na noite desse sábado (21/09/2019), na 702 Norte. Dois acusados foram presos pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), nessa terça-feira (24/09/2019).
Nas imagens (veja abaixo), é possível observá-los pulando o muro que cerca a Paróquia Nossa Senhora da Saúde, logo após o crime, por volta das 21h40. Eles fogem usando mochilas e um deles aparece segurando um notebook nas mãos.
O circuito interno do prédio próximo à igreja ainda registrou os acusados caminhando tranquilamente nos arredores do local. Os investigadores acreditam que o grupo tenha fugido de ônibus. Os detidos foram encontrados em Valparaíso (GO), no Entorno do Distrito Federal.
A PCDF está à procura de outros dois suspeitos de participar do crime. Um dos presos é o desempregado Alessandro de Anchieta Silva, 19 anos, que não tinha passagens pela polícia. O outro é Antonio Willian Almeida Santos, 32. Nascido em Januária (MG), ele tem passagens por homicídio e tráfico de drogas.
Com os detidos, a polícia apreendeu dois notebooks, três garrafas de uísque Red Label, um celular, um moletom, um relógio, uma corrente de ouro e chaves de carros. Parte dos itens estava na paróquia.
Segundo o delegado Laércio Rosseto, da 2ª DP (Asa Norte), Alessandro admitiu a participação no crime, porém, alegou que não queria a morte do padre. “Contudo, ele estava na cena do crime, com uma arma de fogo. Estava disposto [a matar]”, pontuou o policial, acrescentando que o revólver ainda não foi apreendido.
Um terceiro possível envolvido também foi identificado pelos policiais: Daniel Souza da Cruz, 29 anos, seria o cabeça do grupo, mas segue foragido. “Ele já tem um mandado de prisão, então é oficialmente um foragido da Justiça”, disse Rosseto. A polícia suspeita que o quarto envolvido seja menor de idade. Alessandro disse que Daniel o teria convidado para participar do latrocínio.
De acordo com o delegado, os investigadores chegaram até os suspeitos após analisarem imagens de câmeras da paróquia. “Mas o que foi fundamental mesmo é o trabalho de campo realizado pelos investigadores. Foram várias e várias horas de percursos, diligências e trabalho do Instituto de Identificação. Assim, conseguimos obter provas científicas incontestáveis que levaram à prisão temporária deles.”
Para Rosseto, o crime foi premeditado. “O que entendemos é que eles estavam indo especialmente atrás desse cofre. Eles sabiam que havia o cofre lá, usaram equipamentos que existem na própria residência, de maneira que não precisaram levar nada. É um cofre de um metro e meio, de concreto e aço, com duas portas, isso indica que foi estudado. Eles sabiam o que iriam encontrar lá”, analisou.
A detenção foi feita por investigadores da 2ª DP, com apoio da Divisão de Operações Especiais (DOE) e da Divisão de Operações Aéreas (DOA).
“Pai, você me deixou”
Os bandidos fizeram uma emboscada no momento em que o padre Casemiro fiscalizava uma obra nos fundos da paróquia. Os criminosos também imobilizaram o caseiro do templo, José Gonzaga da Costa. O funcionário da casa paroquial ainda estava com a boca cheia de plástico.
“Eles amarraram muito forte o arame, que estava todo torcido. Vi o policial tentando tirar, estava muito difícil”, conta uma das testemunhas, que chegou com a polícia ao local. Ela relata, ainda, que o caseiro foi criado pelo pároco desde os 16 anos. Após ser libertado, José Gonzaga teria dito, ainda segundo a declarante: “Pai, você me deixou”.
Velório
Sob forte comoção, o padre Casemiro foi enterrado nessa segunda-feira (23/09/2019), no Cemitério Campo da Esperança. O governador Ibaneis Rocha (MDB) chegou a decretar três dias de luto na cidade.
Conforme apuração policial, o padre saía de uma missa e se dirigia ao terreno da paróquia para fiscalizar uma obra no momento em que foi rendido. Os autores agiram com requintes de crueldade e usaram um arame para matar o sacerdote enforcado. Além de ter arames envoltos ao pescoço, o religioso teve mãos e pés atados e apresentava uma lesão na cabeça.
De acordo com a polícia, a casa tinha cofres modernos e os criminosos estavam preparados para arrombá-los. Sabiam onde estavam. “Tinha cofre de um metro e meio de altura”, pontuou. Os bandidos usaram uma serra tipo makita, pé de cabra, barras e picaretas.