Vídeo mostra assassinos de gerente apontando arma para testemunha
Em uma das imagens, um homem percebe o crime e, desesperado, tenta entrar no hotel pela porta de vidro automática
atualizado
Compartilhar notícia
Novos registros da execução do gerente Anderson Soares da Silva, 37 anos, quando ele trabalhava na boate Alfa Pub, no Setor Hoteleiro Sul, na madrugada desta sexta-feira (07/02/2020), trazem outros detalhes sobre o crime. Um vídeo flagra um dos autores do crime apontando arma para uma testemunha, que fugiu logo após presenciar os disparos.
As câmeras filmaram o momento em que o homem vestido com paletó claro corre pela lateral do Hotel Bonaparte, onde funciona o estabelecimento. Em seguida, um dos criminosos, de capuz escuro, aponta a arma na direção dele.
O homem percebe o crime e tenta entrar no hotel pela porta de vidro automática. Como ela leva alguns segundos para abrir totalmente, a testemunha se desespera e tenta passar pela pequena abertura entre as vidraças.
Depois, ele sai correndo pelo saguão do hotel para se abrigar. Logo após a fuga dos criminosos, várias pessoas se aglomeraram ao redor do corpo até a chegada das primeiras viaturas da polícias Civil e Militar.
Investigadores da 5ª Delegacia de Polícia (Área Central) trabalham para identificar e ouvir a testemunha que estava ao lado de Anderson enquanto ele era executado com ao menos sete tiros. Os disparos provocaram correria e desespero entre moradores e hóspedes na entrada da boate.
Denúncias
Representante do condomínio, o advogado Alexandre Alarcão disse que existem diversas denúncias contra o Alfa Pub sendo apuradas tanto pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) como pela Polícia Civil. “São eventos envolvendo drogas e prostituição. Queremos deixar claro que, em relação ao crime, o condomínio é vítima. Têm famílias que moram aqui. No vídeo, é possível ver um suspeito atirando pelo lado, poderia acertar outras pessoas”, afirmou.
O advogado ressaltou que o estabelecimento estaria operando de forma irregular. “A boate descumpre o registro de licenciamento para funcionar. Ela teria que fechar até as 23h, mas vai até a madrugada. Nós temos feito o que cabe ao condomínio, notificamos sobre o descumprimento das regras e nada é resolvido”, disse.
Ainda segundo Alarcão, não há dúvida de que o crime foi direcionado. “Nós acreditamos que um evento grave já era previsível. Não necessariamente um homicídio. Não podemos afirmar que a execução foi para atingir a boate ou a vítima. A investigação policial vai trazer essas respostas. Vamos acompanhar o desenrolar das apurações, pois a administração do Bonaparte tem interesse em manter a segurança de todos os hóspedes e moradores”, destacou.
Intervenção
O condomínio já planeja medida a ser adotada em relação ao estabelecimento, reduto de políticos. “Estamos estudando se vamos pedir o fechamento ou alguma intervenção da boate. Vamos analisar juridicamente qual a melhor estratégia. Pensaremos em uma medida que seja efetiva e, até a semana que vem, já devemos ter um posicionamento”, destacou.
Dedicação
A gerente-geral da empresa Miro Auto Service, Edinete Henrique da Silva, na qual Anderson Soares da Silva trabalhava durante o dia, disse que a vítima era muito dedicada ao trabalho e à família. “Um profissional exemplar. Uma pessoa maravilhosa. Muito batalhador. Tinha dois empregos fixos. Saía da oficina direto para o bar em que atuava havia cerca de 10 anos. Ele dormia menos de 5 horas por dia para sustentar a família”, ressaltou.
Na oficina, Anderson trabalhava das 11h às 20h, havia três anos. “Sabemos que era um homem íntegro e não acreditamos que seu nome possa estar ligado a atos ilícitos. A família está desolada. Ele não merecia ter morrido dessa maneira e esse último relato sobre sua vida”, acrescentou Edinete.
A equipe de reportagem entrou em contato com o proprietário da boate, mas ele não quis se manifestar.
Marcas de tiros
Na porta da boate, há ao menos três marcas de disparos. “Trabalho pela manhã e o estabelecimento só funciona à noite. Quando cheguei no serviço, ainda havia sangue no chão e as marcas de tiro. O local já estava com a porta fechada e o corpo havia sido retirado pela perícia”, disse um funcionário do hotel, que preferiu não se identificar.
Uma mulher que trabalha no prédio conta que as pessoas do condomínio estão receosas e sem saber o motivo do crime. “Não o conhecia [Anderson], mas sabemos que este estabelecimento era alvo de denúncias frequentes. A gente fica assustado de chegar para trabalhar e saber que alguém morreu. Nunca havia ocorrido isso antes”, assinalou.