Vídeo: homens abusam de moradora de rua no Lago Sul e jovem denuncia
Em filmagens, homens aparecem tocando em partes íntimas da pessoa em situação de rua. Uma denúncia anônima foi aberta na Polícia Civil
atualizado
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Uma moradora do Lago Sul procurou a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) depois de ter acesso a filmagens que mostram jovens tocando em partes íntimas de uma pessoa em situação de rua. Os vídeos foram gravados pelos próprios rapazes, que estavam no bar Côco Verde, na QI 15 do Lago Sul, em 15 de abril, Sexta-Feira Santa.
As imagens mostram, inicialmente, pelo menos quatro homens bebendo com uma mulher negra. Eles dançam, interagem e, em um dado momento, os rapazes convencem a moradora de rua a mostrar os seios. A pessoa que grava o vídeo, então, toca nos mamilos da mulher. Em outra gravação, eles convencem a vítima a levantar o vestido.
O Metrópoles teve acesso às imagens que circularam em grupos de Whatsapp, mas borrou a tela a fim de resguardar a identidade e intimidade da pessoa em situação de rua.
Veja as gravações:
“Nos vídeos a gente vê uma moradora de rua claramente alcoolizada, sendo objetificada por um grupo de homens. É muito clara a desproporcionalidade dessa situação e é muito grave que isso tenha sido gravado e divulgado sem o consentimento dela”, ponderou a mulher que procurou a PCDF para registrar boletim de ocorrência.
“Outro ponto importante é que se eles gravaram tudo o que aconteceu, é porque eles consideram o que fizeram moralmente aceitável. Então o que aconteceu pode ter sido muito mais grave do que o que foi gravado”, continuou a denunciante, que pediu para permanecer em anonimato.
Apesar de ter procurado a polícia, a jovem não conseguiu abrir o boletim de ocorrência. Segundo a mulher, o agente que a atendeu, apesar de ter sido muito educado, a desencorajou de seguir em frente com a denúncia, já que a moradora de rua “teria concordado com qualquer consequência” ao aceitar beber com os rapazes.
Veja cuidados com a vítima de assédio sexual:
Moradora de rua não sabia que havia sido gravada
A reportagem localizou e entrevistou a pessoa em situação de rua que aparece nas imagens, uma mulher de 26 anos. De cara, a reação dela foi de espanto ao ver suas partes íntimas na tela do celular. “Eu não sabia disso, não deixei ninguém me gravar”, afirmou.
Segundo narra a vítima, ela abordou os homens em busca de um isqueiro para acender um fogo e esquentar comida. Os rapazes insistiram para que ela tomasse uma cerveja com eles, e ela cedeu. “Eles começaram a me dar bebida, perguntaram se eu queria vodka, não sei o que eles botaram na bebida”, narrou.
“Eles começaram a beber, começaram a falar que eu era gostosa, pedir pra eu tirar a roupa, mostrar pra eles, [pediram] pra eu ir num hotel. Eu falei ‘não, vou ali embaixo e volto’, aí eu fui e não voltei”, contou a mulher. Segundo explicou, eles teriam oferecido R$ 50 para que ela os acompanhasse a um hotel.
Ainda segundo a moradora de rua, ela estava “fora de si” e “não sabia o que estava fazendo”. Afirma que só tirou a roupa devido ao efeito da bebida. Além disso, acredita que os jovens erraram ao gravá-la sem permissão. “Isso tá errado, eles não deveriam ter gravado”, disse. A mulher autorizou o uso das imagens, desde que borradas, para esta matéria.
Outro lado
A reportagem ligou para um dos jovens que aparecem nas filmagens e mandou mensagem nas redes sociais para outro, no entanto, não obteve sucesso em estabelecer contato. O espaço segue aberto para manifestações futuras.
Apesar de ser desestimulada a abrir um BO, a mulher que teve acesso aos vídeos prestou uma denúncia anônima on-line. A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) foi acionada para explicar qual o protocolo de recebimento de denúncias de assédio e a conduta do agente que desestimulou a mulher a denunciar o caso. A corporação afirmou que somente na sexta-feira (22) teve conhecimento e acesso às imagens do fato e foi feita ocorrência.
Veja a íntegra da resposta da Polícia Civil:
“A 10ª DP informa que somente na data de hoje [sexta-feira (22/4)] a Autoridade desta Circunscricional teve conhecimento e acesso as imagens do fato narrado. Sendo então confeccionada ocorrência policial para apuração do fato.”