Vídeo: famílias reclamam de cesta básica com produtos estragados
Segundo moradores de Santa Maria, foram entregues pacotes com alimentos infestados por insetos
atualizado
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Famílias carentes de Santa Maria denunciaram a entrega de cestas básicas com alimentos estragados. Segundo a comunidade, havia produtos vencidos, de qualidade duvidosa e pacotes tomados por bichos.
Após abrir a cesta básica, a dona de casa Maria Helena Batista de Jesus, 63 anos, ficou revoltada. “A carne de charque veio azul. O leite é uma coisa açucarada, parece garapa. E o pacote não tinha 1 quilo. Vieram só 400 gramas. Os feijões não amolecem na panela e têm gosto amargo. O arroz chegou cheio de bichos, carunchos eu acho. O macarrão também. É humilhante”, desabafou.
Veja o vídeo da denúncia:
Moradora do condomínio Porto Rico, Maria Helena é inscrita no programa social Bolsa Família e tenta reforçar a renda familiar com faxinas e conserto de roupas. Cada centavo conta, pois a dona de casa também é responsável pela alimentação das netas, duas meninas com 2 e 4 anos. “Ajudo em tudo que possível. Fico dias esperando a cesta para elas. E, quando chega, a comida é um lixo. É um absurdo”, pontuou.
Cenoura estragada e abóbora podre
A família da diarista Jhenifer da Silva, 29, também depende das cestas do governo. O pacote entregue para a mãe dela, dona Vera da Silva, 53, tinha verduras vencidas. “A cenoura estava estragada e a abóbora, podre. Os outros itens estavam bons”, disse a jovem.
A diarista solicitou uma cesta em 13 de fevereiro. Teoricamente, o governo iria entregar os alimentos em 15 dias. No entanto, até este sábado (22/02/2020), a dispensa continuava vazia. “Não se trata as pessoas desse jeito. É falta de respeito. Já é humilhante pedir comida. É muito descaso”, lamentou.
Humilhação
O pedreiro Raimundo Batista Alves, 62, não recebeu alimentos estragados na última entrega do GDF. No entanto, compartilhou as críticas da comunidade, principalmente quanto à demora na entrega. “Levou quase um mês para o governo entregar. Se a pessoa procura é porque está precisando, não é?”, questionou.
Além dos atrasos, Batista criticou o modelo de distribuição. As pessoas precisam madrugar para fazer o pedido da cesta. Quem não tem condições precisa enfrentar longas filas com o risco de não conseguir senha. Para o pedreiro, a quantidade de cestas também está muito abaixo da necessidade da população pobre, especialmente nestes tempos de crise econômica.
GDF nega
Em 2020, o GDF atendeu aproximadamente 7 mil pedidos de cestas básicas. Por nota, a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) disse desconhecer casos de cestas estragadas.
A pasta ainda ressaltou que não há pedidos de troca nem queixas à Ouvidoria da pasta. Segunda o órgão, o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) de Santa Maria não registrou, nos últimos meses, solicitação de troca ou reclamação da validade da cesta.
“A secretaria controla os prazos de validade dos produtos. Nesta semana, por exemplo, determinou a troca de aproximadamente 40 cestas perto de vencer. Ainda assim, a pasta vai apurar eventuais reclamações que cheguem ao seu conhecimento e, caso seja constatada irregularidade, a empresa fornecedora será acionada para providenciar a substituição”, afirmou a Sedes, na nota.
De acordo com a pasta, a partir da chegada do pedido ao setor de distribuição, as cestas são entregues em domicílio em até cinco dias. “Quem constatar qualquer tipo de problema nos produtos deve procurar o Cras de sua região para efetuar a troca”, ressaltou. A Sedes recomendou lavar as hortaliças da cesta verde antes do consumo.