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Durante um assalto no dia 01/07/2019, um taxista ficou mais de duas horas preso no porta-malas do próprio carro, enquanto bandidos utilizaram seu cartão bancário para fazer compras. Os integrantes da quadrilha foram identificados pela polícia e dois deles tiveram a prisão preventiva decretada.
O prejuízo da vítima, 43 anos, foi alto. Os criminosos compraram muitas bebidas caras, como uísque, e mantimentos em geral. Um dos suspeitos é Thalisson Bruno Teixeira Araújo, 27. Ele foi identificado por meio das imagens de circuito da mercearia em que usou o cartão do taxista.
As câmeras do circuito interno de uma padaria flagraram o momento em que um dos suspeitos entra no comércio para fazer compras. A ação ocorreu por volta das 6h do dia 02/07/2019, em uma mercearia chamada Favorita, em São Sebastião. Thalisson pega diversas bebidas e um chinelo, esquece a mercadoria e depois volta para buscá-la (veja vídeo abaixo).
O líder da quadrilha seria Wanderson Cardoso de Souza, 18. Ele é suspeito de roubo de veículo e sequestro-relâmpago. Tinha, inclusive, outros crimes registrados neste ano, nos dias 2, 3, 14 e 19 de julho. Foram dois assaltos a um motorista de aplicativo, um a taxista e outro a pedestre.
Segundo o diretor da Divisão de Repressão e Sequestros (DRS), Lendro Giordani Ritt, Wanderson comandava as ações do grupo. Os outros dois maiores de idade foram identificados, mas polícia preferiu não divulgar a identidade.
Confira fotos da ação e dos suspeitos:
O taxista sequestrado está traumatizado e não dirige mais. Após rodarem com ele por cerca de duas horas, os bandidos o soltaram em uma estrada de terra em Brazlândia. De acordo com o delegado, os criminosos se aproveitam das falhas de cadastro para atacar os motoristas. “Mesmo não havendo a violência física, existe a psicológica, na qual as ameaças são muito intensas”, explica Leandro Ritt.
Outra vítima
Um taxista assaltado dia 14 de julho deste ano é outra vítima da quadrilha. Ele conta que foi abordado por volta das 19h daquele dia. Segundo o homem, que preferiu não se identificar, os criminosos estavam bem-vestidos e agiam de forma educada.
Eles pediram a corrida para um bar de narguilé. Perto do estabelecimento, foi anunciado o assalto. Por questões de segurança, o taxista não quis dizer o nome nem onde foi abordado pelos bandidos, por ainda atuar na área.
“Um colocou a mão no meu pescoço e o outro apontou a arma. Falei: ‘Tenho mulher e filhos e preciso voltar inteiro para casa’. Disse que não precisavam agir com violência, que podiam levar o que quisessem. Um deles, que parecia ser o líder da quadrilha, falou que eu podia ficar calmo. Perguntei se podia falar, ele disse que sim. Tentei agir com tranquilidade”, lembra.
Em seguida, um dos suspeitos, armado, desceu e colocou o taxista no porta-malas do carro, onde ficou por três horas. Os bandidos percorreram cerca de 80 km com o veículo. “Eles me deixaram em Brazlândia. Ainda me deram R$ 30 para eu ir embora e fazer um lanche”, lembra o homem.
Segurança
O taxista diz ter uma estratégia para aumentar a segurança. “Eu nunca deixo o tanque totalmente cheio, justamente para forçar a parada nesses casos. Talvez, uma câmera de posto de gasolina possa pegar”, explica. Ele conta que sempre compartilha a localização com os colegas e a família. De qualquer forma, o trauma em relação ao sequestro é grande.
“Você sempre pensa que pode acabar de forma mais trágica. Um deles ameaçava muito, outro tranquilizava, dizendo que era só eu não dar trabalho que voltaria vivo para casa. Um estava com um revólver, o outro, com uma pistola. O tempo todo falavam que estavam armados. Se aparece algum passageiro do mesmo perfil, fico com receio de aceitar a corrida”, ressalta.
O carro da vítima foi encontrado no dia seguinte (15/07/2019). Houve uma perseguição policial, mas os suspeitos fugiram. A vítima lembra que o veículo ficou 90 dias na oficina.