Via-Sacra no Morro da Capelinha atrai mais de 100 mil pessoas
Via-Sacra começou às 14h30 e, segundo os organizadores, 100 mil fiéis passaram pelo local. Edição deste ano contou com 1,4 mil voluntários
atualizado
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A tradicional encenação da Paixão de Cristo no Morro da Capelinha, em Planaltina, emocionou e atraiu milhares de católicos nessa sexta-feira (7/4). A organização do evento calcula que até 100 mil pessoas passaram pelo evento durante o dia. Questionada pela reportagem, a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) informou que não divulga mais estimativas de público em eventos.
Os números de 2023 ficaram dentro da expectativa da Secretaria de Turismo (Setur), que esperava de 70 mil a 150 mil fiéis. A edição deste ano contou com cerca de 1,4 mil voluntários — entre atores, coordenadores, figurantes, além da cenografia. Após quase seis horas do início da procissão, a Via-Sacra chegou ao fim às 20h.
No fim, houve, aproximadamente, seis minutos de queima de fogos. Além dos 100 mil que participaram presencialmente, a organização verificou que 44 mil internautas acompanharam o evento pelo YouTube.
Às 14h20, pouco antes do horário previsto, a procissão da Via-Sacra começou. Fiéis ficaram espalhados pelo Morro da Capelinha para garantir um bom lugar e assistir ao espetáculo. Ao longo da caminhada, os espaços onde eram realizados os atos dos últimos momentos de Jesus Cristo, de acordo com a fé cristã, ficaram divididos entre diferentes cenários.
Às 14h50, no local conhecido como Praça do Calvário, houve uma missa, marco inicial da encenação. A partir das 16h, os momentos de drama ganharam a cena. Segundo a Bíblia, após ser traído por Judas, Jesus é preso por soldados romanos e condenado à morte.
Por ser o local onde as principais cenas ocorrem, a Praça do Calvário reuniu a maior parte do público. No local, foi colocado um telão, para que a multidão pudesse acompanhar melhor a encenação.
Antes da encenação, alguns fiéis subiram até o topo do morro para acender velas e rezar. De acordo com o Corpo de Bombeiros, no decorrer do evento, duas pessoas tiveram mal súbito. Elas foram atendidas, mas não precisaram ser levadas ao hospital.
Veja:
A diarista Alessandra Alves, 48 anos, aproveitou o momento para agradecer.
“Por ter sobrevivido à pandemia, não tinha emprego fixo, mas não passei fome. Quero agradecer a graça alcançada”, contou. Moradora de Sobradinho, ela disse que frequenta a Via-Sacra há, ao menos, 20 anos, quando começou a construir a própria casa. “Prometi vir aqui todos os anos até terminar as obras. Quando acabou, continuei vindo.”
A também diarista Núbia de Souza, 48, rezou por saúde e paz. “Tenho um neto de 6 anos com câncer e queria pedir por ele, mas também por todo mundo, porque estamos vendo muita violência.”
Por volta das 15h20, começou a chover, mas o tempo não abalou os fiéis. “A gente vem preparado. Mesmo com chuva, só saio daqui quando acabar, às 22h”, acrescentou Núbia.
Durante 40 dias, 1,1 mil atores encenaram para a apresentação dessa sexta-feira (7/4). Além deles, 300 pessoas ajudaram com áreas como cenário e figurino, o que totalizou 1,4 mil voluntários participantes.
Atração especial
Por volta das 19h30, após o intervalo com as atrações musicais, a encenação recomeçou. Os atos seguintes narraram a passagem da ressurreição.
A atração especial deste ano ocorreu em homenagem aos 50 anos da Via-Sacra no Morro da Capelinha. Números e letras simbolizando as cinco últimas décadas foram erguidas em frente à Praça do Calvário.
Uma imagem de Nossa Senhora Aparecida ficou posicionada em destaque, iluminada. Em seguida, houve fogos e confetes lançados sobre o Morro da Capelinha.
Há 10 anos, o advogado Marcelo Ramos interpreta Jesus na Via-Sacra. Ele relata que, todo ano, sente a emoção de participar. “São 40 dias de preparação, que, além dos ensaios, incluem o preparativo espiritual também”, contou.
Ele passa por acompanhamento médico durante o período de ensaios, para conseguir aguentar as encenações durante um dia inteiro de sol e chuva.
Veja imagens: