Vendedor pede socorro em escola, é imobilizado por segurança e morre
Homem que estaria em surto psicótico entrou sangrando em colégio do DF e foi contido. Ao sofrer parada cardíaca, alunos tentaram reanimá-lo
atualizado
Compartilhar notícia
A morte de um vendedor dentro do Colégio Madre Teresa, em Taguatinga, após ser brutalmente imobilizado por um segurança, deixou estudantes estarrecidos. O caso, ocorrido na noite de segunda-feira (19/2), foi registrado em vídeos divulgados no WhatsApp e em redes sociais nesta quarta-feira (21). A vítima, o vendedor Francisco Edcássio Garcia Souza (foto em destaque), 40 anos, chegou a passar por procedimentos de reanimação feitos por alunos, mas não resistiu. Ele morreu um dia após fazer aniversário.
Nos vídeos, é possível ver Francisco cambaleando na rua, momentos antes de sofrer um acidente. Não é possível saber se ele foi atropelado, pois, nas imagens seguintes, já aparece ensanguentado no chão da escola, subjugado por um funcionário. Em outra gravação, os estudantes, já desesperados, fazem manobras de reanimação antes da chegada dos bombeiros.“Parece que ele foi atropelado ou caiu do ônibus, não sabemos direito. Mas ele chegou desesperado, pedindo socorro. Na mesma hora, os seguranças o imobilizaram, usando o joelho sobre o pescoço dele. Ele não teve o direito de se defender e acabou morrendo”, contou um aluno que pediu para não ter o nome divulgado. Segundo relatos de testemunhas, Francisco aparentava estar alcoolizado ou em surto psicótico por uso de entorpecente.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, quando os militares chegaram à instituição de ensino, Francisco tinha sofrido uma parada cardiorrespiratória.
Confira as imagens:
Homem é socorrido em escola 3 from Metrópoles DF on Vimeo
Um dos estudantes postou a história no Facebook. Até a última atualização desta reportagem, a publicação contava com mais de 4,8 mil compartilhamentos e 3,5 mil reações.
Veja imagens do caso
Parente lamenta a morte
O vendedor Alberi Garcia, 49 anos, tio da vítima, suspeita que, antes de morrer, Francisco estivesse sob a influência de algum entorpecente. Segundo Alberi, embora Francisco tentasse largar as drogas, costumava sofrer recaídas e tinha alucinações. Mas ele não esperava que o destino do sobrinho – considerado irmão de criação, pois cresceram juntos – tivesse um desfecho trágico.
“Estava em casa quando me ligaram, falando que uma pessoa teria falecido na escola e poderia ser o Francisco. Fui até lá e o reconheci. Desde então, não consigo nem dormir”, diz. De acordo com ele, o colégio ainda não o procurou para dar esclarecimentos.
Segundo Alberi, Francisco veio do Nordeste para procurar trabalho em Brasília, há cerca de 10 anos. Atualmente, trabalhava em uma loja perto da escola onde morreu. Agora, deixa a esposa e uma filha de 19 anos. “As coisas estão difíceis, mas temos que manter a cabeça erguida e continuar firmes para saber o que aconteceu com ele.”
Investigação policial
Alberi registrou boletim de ocorrência. Segundo a Polícia Civil, ele compareceu à 12ª DP (Taguatinga Centro), mas o caso será investigado pela 17ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Norte).
De acordo com Alberi, o velório de Francisco será nesta quinta-feira (22), no Cemitério Campo da Esperança de Taguatinga. O horário e a capela ainda não foram decididos.
Outro lado
Por meio de nota, o Colégio Madre Teresa informou que, na noite do incidente, a instituição foi “invadida violentamente por um homem muito eufórico e com sangramento no rosto, que teve que ser contido com a utilização da força necessária com a finalidade de resguardar a integridade física dos alunos, colaboradores e dele mesmo”.
Ainda de acordo com a escola, após a imobilização, “outro homem chegou à instituição, afirmando que era amigo do primeiro e que este estava fora de si por uso de crack. Por esse motivo, além da solicitação do auxílio da polícia, o estabelecimento de ensino contatou imediatamente o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e o Corpo de Bombeiros, pois o invasor sofria de surto psicótico”.
Por fim, o Colégio Madre Teresa disse que “expressa solidariedade com a perda irreparável da vida humana” e se coloca à disposição de parentes da vítima para prestar informações sobre o caso.
Procurado pelo Metrópoles, o Sindicato dos Vigilantes do Distrito Federal informou que vai analisar as imagens e procurar a escola para saber se houve alguma irregularidade no procedimento adotado pelos seguranças do colégio.
Confira a íntegra da nota: