Veja quanto marcou o bafômetro de motorista que causou a morte de 3 crianças em lagoa
Índice é mais que o dobro do percentual considerado crime. Testemunha disse que todos os adultos do carro estavam embriagados
atualizado
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O teste de bafômetro de Raimundo Francisco da Silva (foto em destaque), 52 anos, motorista responsável por causar a morte de três crianças enquanto dirigia carro que caiu em uma lagoa, apontou 0,63 mg/l de álcool no sangue dele. O índice é mais que o dobro do percentual considerado crime de trânsito, 0,3 mg/l.
Segundo o art. 306 do Código de Trânsito Brasileiro, a pena para casos assim é detenção de 6 meses a 3 anos, multa e suspensão da CNH.
O veículo conduzido pelo suspeito caiu na Barragem da Lagoa do Japonês, na DF-295, próximo à divisa de Goiás com São Sebastião, na tarde de sábado (29/7).
Marcha errada
Segundo testemunhas, o homem errou a marcha e jogou o carro na lagoa. Os irmãos Sarah Vitoria Barbosa, de 1 ano, Henrique Gabriel Barbosa Maciel, 3 anos, e Miguel Luís Barbosa Maciel, 4, estavam no veículo e morreram afogados.
Outros três três adultos que também estavam dentro do carro conseguiram escapar com vida, entre eles a mãe e a avó dos pequenos, identificadas como Silvania Antônia Barbosa, 24 anos, e Maria Adna Antônia de Jesus, 57, respectivamente.
Aos militares as mulheres contaram que saíram do município de Marajó (GO) com um amigo da família e passaram a tarde na lagoa. Ele fugiu do local, mas foi preso logo depois.
Adna e Silvania conseguiram tirar Miguel Luis de dentro do carro. O menino estava às margens do lago, já sem vida, quando os bombeiros chegaram.
Após receberem a informação de que havia outras duas crianças dentro do automóvel, que ainda estava submerso, os mergulhadores dos bombeiros iniciaram as buscas. A quatro metros de profundidade, eles encontraram o veículo e, em seu interior, as outras crianças.
“Mal parava em pé”
Uma testemunha que pescava no local disse ter ouvido um barulho do outro lado da margem e, quando se levantou para ver o que era, percebeu que um carro tinha caído na água. Ela conta que ligou para o Corpo de Bombeiros e que, ao chegar ao local, as duas mulheres e Raimundo haviam saído do veículo com uma criança no chão, aparentemente sem vida.
A testemunha disse ainda que “todos estavam embriagados” e que, inclusive, Raimundo “mal parava em pé”. Após ver o cenário trágico, ainda segundo a testemunha, o homem “saiu discretamente do local” enquanto ela tentava informar a localização ao Corpo de Bombeiros.
De acordo com Adna, a filha teria dito que esperaria para embarcar no veículo quando Raimundo estivesse longe da represa. No entanto, ele teria dito: “Você está pensando que eu estou bêbado? Eu não estou bêbado, não. Pode entrar todo mundo aqui”, relembra Maria Adna.
“Na hora em que a gente entrou no carro, em vez de ele colocar a marcha ré, colocou a primeira e jogou o carro para dentro da barragem. Meu netinho maior ainda gritou para ele parar, mas, em vez de ele tentar parar o carro, parecia que ele acelerava mais”, revela a avó.
O velório e enterro estão marcados para esta segunda-feira (31/7), em Cristalina. Silvania tem cinco filhos, sendo que os três mortos no lago moravam com ela e a avó materna.
Fuga do suspeito
Raimundo chegou a socorrer uma das crianças, mas fugiu do local. Depois do socorro inicial, o homem teria percorrido cerca de 6 km até sua residência.
“Populares disseram que ele tinha trocado de roupa e empreendido fuga. Ele pegou carona para uma fazenda. Na fazenda, encontramos o gerente e um funcionário: Raimundo. Ele estava com a mochila. Provavelmente o gerente nem tinha ciência do acontecido”, explicou o cabo Diego, da PMGO.
O autor foi convidado a realizar o teste de etilômetro, fornecido pela Polícia Militar, tendo o aparelho apontado o resultado de 0,63 mg/L.
De acordo com a Polícia Civil do DF (PCDF), o homem foi indiciado por homicídio qualificado, embriaguez ao volante e evasão do local.