Veja mensagens de chantagistas a paciente com HIV vítima de vazamento
De posse de laudos, criminosos passaram a chantagear pacientes da rede pública: “Descobri recentemente que você possui HIV”
atualizado
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Por mensagem de WhatsApp, chantagistas ameaçaram expor os dados de João (nome fictício), de 40 anos. Paciente diagnosticado com o vírus da imunodeficiência humana (HIV, na sigla em inglês), ele foi vítima do vazamento de dados da rede pública de saúde do Distrito Federal.
“Caso queira manter esses exames em segredo, vou solicitar uma contribuição financeira de 1000 reais para serem pagos ainda hoje”, escreveu o bandido.
Após ter acesso ao prontuário de pacientes em tratamento no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) da W3 Sul, em Brasília (DF), criminosos passaram a chantagear vítimas para não divulgar as informações.
O Metrópoles revelou o vazamento e teve acesso às mensagens dos golpistas. A informação será publicada com edição para preservar a vítima.
Veja:
O bandido cumprimenta a vítima chamando-a pelo nome. “Descobri recentemente que você possui HIV através dos seus laudos”, afirmou. Na sequência, o bandido cobra dinheiro. “Do contrário serei obrigaod [obrigado] a divulgar para todos os amigos de [o criminoso menciona o nome da mãe da vítima], e para todos os moradores adjacentes]”, sentenciou.
O criminoso ainda eleva o tom da ameaça e tenta fazer com que a vítima pague a quantia o mais rápido possível. “Por favor confirme a recepção de imediato. Caso haja bloqueio deste numero por sua parte as informações serão divulgadas de imediato”, pressionou o chantagista.
O golpista passa as instruções para pagamento mantendo o tom de ameaça. “A contribuição será realizada em MATIC, na rede blockchain Polygon, você pode pesquisar sobre isso no youtube. A contribuição será realizada até no máximo 22h do dia de hoje sob pena de divulgação imediata”, concluiu.
A ameaça abalou João. “Quando recebi o diagnóstico, não me desequilibrei: aderi ao tratamento e passei a viver melhor. Mas, ao receber a mensagem de que minha vida seria jogada no ventilador, entrei em desequilíbrio, não dormi. É atormentador. Eu me sinto abalado psicologicamente, pois não preservaram meu sigilo.”
Investigação
Vítimas registraram queixa na 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul). Pelo menos três pacientes, incluindo João, foram alvo dos chantagistas. O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) decidiu instaurar procedimentos nos âmbitos criminal e cível para apurar o caso.
Segundo o promotor de Justiça Clayton Germano, da 2ª Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde (Prosus), o MP pretende descobrir a origem do vazamento e responsabilizar os responsáveis pela chantagem. E além disso, também cobrará a adoção de medidas de segurança para evitar episódios semelhantes.
De acordo com o promotor, as vítimas não devem ceder a chantagem e precisam apresentar denúncia para os órgãos de controle com a maior celeridade possível. Neste sentindo, é importante salvar as mensagens originais e o número usado pelos golpistas para contato.
Secretaria de Saúde
Por meio de nota enviada ao Metrópoles, a Secretaria de Saúde informou que não identificou vazamentos de dados cadastrais e que investigará as denúncias. A apuração será feita pela Controladoria Setorial da Saúde.
A pasta também argumentou que busca constantemente adotar medidas para reforçar a segurança dos dados dos pacientes.