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Veja memes que inspiraram projeto de professora do DF citado no Enem

Professora desenvolveu tese para estimular a leitura crítica e interpretação de texto, analisando memes com focos em imagens de crianças

atualizado

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Meme de sexta feira com criança de chapéu e bebida
1 de 1 Meme de sexta feira com criança de chapéu e bebida - Foto: Reprodução

Citado em texto no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), o projeto desenvolvido em uma escola pública de Samambaia analisa memes ativos nas redes sociais. O trabalho faz parte pesquisa de mestrado da professora Gilda das Graças e Silva, que investiga a representação de crianças em publicações e estimula uma análise crítica tanto dos pais quanto dos alunos do 9º do ensino fundamental.

Veja os memes usados:

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Pais analisaram o meme de criança com charuto
Pais rejeitaram meme se imagem fosse de uma filha exposta
Meme aborda choque de geração
Análises viram criança se portando como adulto
Estudantes perceberam intenção comercial em meme
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Pais criticaram meme com bebida e criança

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Pais analisaram o meme de criança com charuto

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Pais rejeitaram meme se imagem fosse de uma filha exposta

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Meme aborda choque de geração

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Análises viram criança se portando como adulto

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Estudantes perceberam intenção comercial em meme

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Adolescente analisaram a logo de loja em meme

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Nas montagens, há crianças com bebida, cachimbo na boca e roupas curtas; todas com uma mensagem em tom de piada. A professora quis explorar imagens que aparentemente são engraçadas e inofensivas, mas que têm crianças passando por um processo de adultização ou sexualização. A proposta inovadora para os pais fez sucesso e desenvolveu reflexão nas salas de aula.

Conforme consta na pesquisa, uma mãe entende os memes como brincadeiras e fontes de entretenimento, mas quando questionada se ela compartilharia as fotos se fosse o filho ou a filha nas imagens, ela rejeita a ideia. “Nunca! Seria muito errado da minha parte colocar um filho assim com bebida, fumando”, diz em entrevista transcrita e disponível na tese. “Elas estão sendo não crianças porque criança não bebe, fuma, ela devia era estar brincando”, conclui.

Essa mãe não foi a única que teve repulsa ao imaginar um filho na situação mostrada nos memes. Em uma conversa com parente de outro aluno, o comportamento foi parecido. O responsável entende que é brincadeira, mas classifica como “desumano” imaginar compartilhar as imagens de crianças nessa situação.

Proposta da pesquisa

Outras imagens analisadas mostram crianças vestidas com roupas de mulheres adultas ou se arrumando com mensagens também fazendo graça, mas com logos de marca nas imagens. Os logotipos foram borrados pela reportagem.

Na publicação, as próprias crianças perceberam a ideia de divulgação comercial por trás dos memes. A pesquisa também mostrou que os adolescentes reproduzem conceitos formados e replicados por pessoas mais velhas. Ao analisar um dos memes em que a criança levaria uma palmada de chinelo, um estudante do ensino fundamental entendeu que “geração de hoje é mole”.

A ideia da pesquisa foi exatamente levar à reflexão de adolescentes e adultos sobre o que compartilham e as intenções em volta de determinado conteúdo. Cinco questões nortearam a pesquisa, são elas:

  • Como uma proposta de leitura e análise crítica de memes que têm a criança como participante social principal pode contribuir para instigar o estudante a analisar criticamente e discutir as representações da criança?
  • Quais representações discursivas da criança são construídas nos memes e, por meio de quais recursos, elas são materializadas?
  • O que leva os alunos, pais, mães e ou responsáveis a compartilharem memes que circulam na internet e têm como foco a criança?
  • Quais são os possíveis efeitos da representação da criança construída nesses memes, no modo como os alunos e familiares representam o mundo e, especialmente, a infância?
  • Como os estudantes, pais, mães e/ou responsáveis se “relacionam” com as redes sociais e aplicativos?

“A ideia surgiu observando que os alunos e alunas não estavam tão motivados nas atividades de interpretação e análise de texto uma vez que a linguagem que predominava era a verbal”, destacou a professora Gilda, de Língua Portuguesa. “Era preciso trabalhar textos do cotidiano, textos multissemióticos, os vários discursos e as bolhas que constituem os discursos”, completou.

“Dessa maneira, comecei a buscar os gêneros midiáticos e perceber que era preciso instruir os estudantes sobre o uso da tecnologia de informação e da comunicação, era preciso orientá-los”. Gilda entendeu que essa seria uma maneira de preparar os estudantes para as avaliações e para os desafios que o mundo fora da escola exige.

A pesquisa completa de Gilda está disponível no repositório da Universidade Federal de Uberlândia. Além do estudo de cerca de 200 páginas, há um caderno suplementar de 45 páginas com orientações detalhadas do projeto para outros professores que queiram desenvolver projetos parecidos ou reproduzir o que foi feito na escola em Samambaia. O conteúdo pode ser acessado neste link.

A pesquisa concluiu que o trabalho com memes em sala de aula, aliado ao diálogo entre escola e família, pode contribuir para a formação de leitores mais críticos e conscientes da cultura digital, além de promover a proteção da infância.

Questão do Enem

O projeto educativo foi tema de uma questão do Enem no domingo último (3/11). O item da avaliação abordou o interesse de uma professora em identificar se os estudantes são capazes de entender os conteúdos das mensagens postadas.

No texto com o título “Memes e fake news: o impacto na educação das crianças”, a professora conta que usou o material de memes de WhatsApp para aguçar o olhar dos estudantes. “O que antes era engraçado para os alunos passou a ser visto com outros olhos”, diz ela no texto.

“Percebi que muitos alunos e pais estavam divulgando conteúdos sem saber o que havia por trás das palavras”, acrescenta. Veja aqui a questão completa:

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Enem cita Samambaia
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Enem cita Samambaia

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Enem cita Samambaia

Reprodução/Caderno Verde

O texto citado na prova do Enem foi originalmente publicado no portal Lunetas, que faz um jornalismo voltado ao tema da infância. Na publicação, a professora é identificada como Gilda das Graças e Silva e usou o trabalho que desenvolveu em Samambaia para sua dissertação de mestrado pela Universidade Federal de Uberlândia (MG).

O projeto dela defende que saber ler não significa apenas a linguagem escrita.

Essa experiência deu origem a um material didático para ser trabalhado em sala de aula, conforme consta no texto completo do que foi usado para a prova do Enem.

Exame nacional

Na avaliação nacional, apenas quatro parágrafos da reportagem foram usados como trecho para construir a pergunta. A questão alerta para a divulgação de informação manipulada em postagens virtuais, conforme foi divulgado em gabaritos preliminares.

A divulgação do gabarito oficial será feita exclusivamente na página do Enem no portal do Inep. Vale lembrar que o gabarito não permite ao participante calcular sua nota na avaliação.

Isso acontece porque o Inep utiliza um método específico para o cálculo da nota, que atribui pesos diferentes para cada questão do exame pela Teoria de Resposta ao Item (TRI).
A divulgação das notas individuais dos alunos é prevista para 13 de janeiro de 2025.

No próximo domingo (10/11), os estudantes encaram as questões de Matemática e Ciências da Natureza.

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