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Veja explicação para a explosão dos casos de dengue em Brasília 

Com maior incidência do país, especialistas apontam chuvas e até mesmo falta de preparo para combater a dengue no Distrito Federal

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Fernanda Carvalho/Fotos Públicas
Foto mostra mosquito da dengue em contra luz
1 de 1 Foto mostra mosquito da dengue em contra luz - Foto: Fernanda Carvalho/Fotos Públicas

O Distrito Federal tem o maior número proporcional de casos prováveis de dengue do país. Isso significa que são 551 registros da doença a cada 100 mil habitantes, superior ao dobro do Acre, que tem a segunda maior incidência da doença, com 212 casos a cada 100 mil habitantes. Em mais de uma situação, o Governo do Distrito Federal declarou que é uma situação de epidemia. Com os números, surge uma dúvida: por que os casos de dengue estão tão altos no DF em 2024?

De acordo com o professor Bergmann Morais Ribeiro, do Departamento de Biologia Celular da Universidade de Brasília (UnB), as chuvas influenciam o surgimento de mosquito. “Tem muito vetor e quando tem chuva, como aconteceu agora, aumenta o número do vetor”. Em janeiro de 2024, choveu muito acima da média esperada para o mês. Somente nos dois primeiros dias do ano, já havia chovido mais de 80% do total esperado para janeiro.

“Os casos de dengue aumentam no início do ano quando as chuvas aumentam e tem mais vetor”, comentou. O biólogo destacou que o vírus consegue ser transmitido do mosquito para o ovo. “Então ele vai estar presente quando o mosquito nasce, não precisa chupar o sangue de uma pessoa para pegar o vírus, tem muitos mosquitos que já, quando ele adquiriu o vírus na primeira alimentação, quando ele tiver novos mosquitos, ele transmite esse vírus para eles.”

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Saúde avalia incorporar nova vacina contra a dengue ao SUS
Mosquito transmissor da dengue, Aedes aegypti
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População de mosquitos cresce no Lago Norte e casos de dengue explodem em Brazlândia

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Saúde avalia incorporar nova vacina contra a dengue ao SUS

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Para o vice-presidente da Associação dos Controladores de Vetores e Pragas Urbanas, Sérgio dos Santos Bocalini, houve eventos climáticos fora do padrão no início de 2024, como aumento da temperatura e os grandes volumes de chuva.

Ainda assim, o especialista acredita que é possível responsabilizar a falta de ações específicas por parte do poder público e da população para o aumento da doença.

“Ações efetivas de educação ambiental junto a população para diminuir a presença de criadouros, combate efetivo do mosquito adulto através do poder público ou da contratação de empresas especializadas no controle e monitoramento efetivo dos locais com a presença da doença tendem a contribuir para diminuir o número de casos de dengue”, exemplificou Bocalini.

Queda de investimento

As chuvas são ações incontroláveis por um governo, mas há ações que podem orientar a cobertura. Nos últimos 10 anos, o Distrito Federal deixou de investir R$ 241 milhões na prevenção de arboviroses.

De 2022 para 2023, houve uma queda de aproximadamente R$ 10 milhões de investimento, saindo de R$ 38,1 milhões para R$ 29,5 milhões. Até segunda-feira (29/1), o DF registrou quase 30 mil casos prováveis e seis mortes provocadas pela dengue, entre 1º de janeiro e o último fim de semana. São exatamente 29.492 casos prováveis da doença. A Secretaria de Saúde investiga se outras 24 mortes foram causadas pela doença.

Conforme o Metrópoles noticiou, o DF não nomeava agentes de saúde e vigilância há 11 anos. Para estancar o déficit de profissionais na linha de frente para conter a dengue e outras doenças, a Secretaria de Saúde nomeou profissionais temporários. Mas os contratos acabaram no segundo semestre de 2023 e não foram renovados.

Segundo pesquisa no Portal da Transparência do DF, em setembro de 2023, a rede pública tinham 3.434 agentes Comunitários de Saúde (ACSs) e agentes de Vigilância Ambiental (AVAs). Deste total, 776 servidores eram temporários. Todos foram dispensados com o fim dos contratos.

Segundo o Sistema de Integrado de Gestão Governamental (Siggo), entre 2013 a 2023, o DF teve um orçamento total R$ 492,46 milhões para a prevenção de arboviroses. No entanto, apenas R$ 251,40 milhões foram liquidados. Ou seja, ao longo dos últimos 10 anos, a rede público deixou de injetar R$ 241,46 milhões na batalha contra a dengue.

O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria de Saúde sobre a questão apresentando os estudos sobre o quadro e pessoal e a queda dos investimentos em prevenção. A pasta não contestou os dados apresentados. Contudo relembrou o concurso vigente, destacando que estuda chamar mais 75 agentes e que o governo abriu crédito suplementar de R$ 20,5 milhões.

A pasta informa que a nomeação dos agentes foi antecipada, em decorrência da alta nos casos de dengue no Distrito Federal, e que há disponibilidade orçamentária suficiente para a nomeação dos agentes. No dia 16/1, combate à dengue ganhou, o reforço de 75 agentes de Vigilância Ambiental em Saúde (Avas). A nomeação dos profissionais está publicada no Diário Oficial do DF (DODF) e é considerada um grande reforço no enfrentamento à doença.

Dentro de casa

Tanto o professor da UnB quanto a secretária de Saúde, Lucilene Florêncio, destacaram a importância da população para conter possíveis ambientes de proliferação do Aedes aegypti – mosquito transmissor da dengue, chikungunya e zika vírus.

“O mais importante é olhar para sua residência, porque, muitas vezes, tem um criadouro. Cerca de 75% dos criadouros estão dentro ou em volta do domicílio”, disse a secretária.

Para o especialista Bergmann Morais Ribeiro, esse número é também um alerta para que os governos invistam em agentes de saúde para entrar em casas e verificar a presença de larvas de mosquito.

“Dependendo da quantidade de larvas encontradas, você pode extrapolar a probabilidade de espalhamento da infecção em uma determinada região. Por que tem mais infecção em regiões com menos infraestrutura de saneamento básico em comparação com regiões com mais infraestrutura?”, questionou o professor.

“Menos possibilidade de proliferação dos vetores. Logo para diminuir o número de mosquitos, precisamos melhorar o saneamento público das cidades”, declarou.

Acesso às casas

Na última sexta-feira, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) autorizou que agentes de saúde entrem em imóveis abandonados, fechados ou com acesso recusado pelo respectivo dono, a fim de atuar no combate ao mosquito Aedes aegypti.

Os agentes, no entanto, deverão estar com identificação, como crachá e roupas adequadas ao trabalho. O alvará terá validade de um ano, segundo a decisão do juiz Gustavo Fernandes Sales.

Dengue: juiz autoriza entrada de agentes em casas, mesmo sem permissão

O Distrito Federal registrou quase 30 mil casos prováveis e seis mortes provocadas pela dengue, entre 1º de janeiro e o último fim de semana. São exatamente 29.492 casos prováveis da doença. A Secretaria da Saúde do DF investiga outras 24 mortes.

Os dados constam no boletim epidemiológico mais recente que está em elaboração pela Secretaria de Saúde do DF.

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