Veja a rotina dos policiais que monitoram agressores de mulheres 24h
A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do DF conta com uma central para monitorar agressores que usam tornozeleira
atualizado
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Dos 975 monitorados por tornozeleira eletrônica no Distrito Federal, 173 são agressores de mulheres e possuem medidas restritivas. Em apenas um mês, 17 deles tentaram se aproximar das vítimas mesmo com o dispositivo eletrônico. Uma equipe de policiais penais da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do DF (Seape) se dedica exclusivamente a acompanhar esses investigados.
A Seape conta com uma central tecnológica que monitora literalmente todos os passos dos acusados em tempo real. Caso o dispositivo descarregue, seja rompido ou o infrator avance para área proibida, os policiais são informados e dão inicio a uma série de procedimentos.
Na primeira etapa, os agentes tentam entrar em contato com o indivíduo para que ele sane os problemas do equipamento ou se distancie do perímetro proibido. Se as ligações e mensagens não forem respondidas, a localização é enviada à Polícia Militar para que a corporação localize o suspeito. Um arquivo com histórico e também informações sobre características físicas e diversas fotos são encaminhados para facilitar a identificação. Após a verificação, se houver alguma violação às regras, o autor é preso e encaminhado à delegacia da região.
A Seape disponibiliza ainda um aplicativo desenvolvido pela Gerência de Tecnologia da Informação, formada por policiais formados em TI. Com esse app, os agentes conseguem ter acesso a todos os dados do sistema penitenciário do DF.
Apesar de trabalhar em conjunto com a PM, os policiais penais também mantêm uma equipe de prontidão, que também atua na procura dos criminosos. Na última semana, a equipe do Metrópoles acompanhou a rotina dos servidores. Na ocasião, os policiais foram acionados para atender um possível caso de tornozeleira rompida. As coordenadas do GPS apontaram exatamente para o local onde o dispositivo estava, em um lote de Taguatinga.
A tornozeleira foi cortada e jogada em uma igreja evangélica. O equipamento pertencia a uma mulher que responde por estelionato, que ainda não foi localizada. Em casos de reincidência contra as medidas judiciais, os monitorados podem acabar retornando ao regime fechado.
O último levantamento feito pela Gerência de Fiscalização de Custodiados da Seape (Gefic) aponta que apenas em abril deste ano foram presos 24 monitorados por descumprir as regras impostas pela Justiça. Desses, 17 respondem por agressão contra a mulher. As ocorrências foram registradas em regiões como Asa Sul, Águas Claras, Gama, Guará, Brazlândia, Paranoá, Samambaia, São Sebastiao, Recanto das Emas, Planaltina e Sobradinho.
“Reformulamos a nossa estrutura em 1º de abril e já estamos colhendo os frutos. O sistema não serve apenas para fazer cumprir as medidas restritivas, mas à medida que fiscalizamos e agimos de forma rápida, principalmente em casos de violência contra a mulher, entendemos que estamos contribuindo para salvar vidas, evitar possíveis crimes mais graves”, explicou Danniel Eufrásio, do Gefic.
Marília dos Santos de Oliveira, diretora do Centro Integrado de Monitoração Eletrônica (Cime), ressalta que os servidores dão atenção especial ao atendimento de chamados relacionados a autores de agressões.
“O nosso objetivo também é conseguir proporcionar mais qualidade de vida às vítimas, que já estão fragilizadas. Elas sabem que os autuados estão sendo monitorados e conseguem, de certa forma, seguir a rotina. Quando há acionamento do dispositivo elas também são avisadas e são instruídas a seguir uma serie de protocolos de segurança”, explicou a diretora.
Prisão
A Segurança Pública do DF (SSP/DF) também conta com um sistema de monitoramento a criminosos autuados na Lei Maria da Penha. Em abril deste ano, a pasta registrou a primeira prisão por descumprimento de medida protetiva dos casos acompanhados pela Diretoria de Monitoramento de Pessoas Protegidas. O acusado foi preso em Taguatinga.
Após alertas vibratórios e sonoros emitidos por meio da tornozeleira eletrônica, além de contato via telefone, o autor se negou a deixar a zona de exclusão fixa – determinada em sentença judicial.
Policiais militares foram acionados por meio do Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) e o autor de violência doméstica acabou preso em flagrante, em aproximadamente 15 minutos.