União entre casais do mesmo sexo em Brasília dobra em 5 anos
Segundo dados da PDAD e do IBGE, o número de registros na capital federal saltou de 129, em 2014, para 280, em 2019
atualizado
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A união matrimonial entre pessoas do mesmo sexo cresceu tanto no Distrito Federal quanto no Brasil. Segundo dados da pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD) de 2018 e do Registro Civil do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apresentados pela Codeplan, o número do total de casamentos subiu de 4.854, em 2014, para 9.056, em 2019, no país.
No DF, a tendência é mais expressiva se comparada com o cenário nacional, que registrou aumento de 86% no número de uniões de 2019 em relação ao de 2014. Na capital federal, foram 280 uniões em 2019 e 129 cerimônias em 2014, configurando aumento de 117% em comparação com o mesmo período analisado.
Protagonistas do primeira união homoafetiva da comunidade anglicana da capital federal, Caio e Philipe Silva Costa, 30 e 29 anos, respectivamente, se casaram em abril de 2019, na Catedral da Ressureição, na Quadra 309/310 da Asa Sul. “Traz muito orgulho. É um grande direito conquistado e fazer parte disso foi muito legal”, relembra Caio.
“Quando eu era adolescente, não tinha mostrando em lugar nenhum que isso era possível. Era uma coisa meio velada na família, ninguém falava sobre isso”, afirma o designer.
Confira fotos do casamento de Caio e Philipe:
A cerimônia é semelhante ao da igreja católica. Há momentos de leitura bíblicas, sermões, votos matrimoniais e reafirmação dos compromissos do casal. O acontecimento “parecia um passo natural porque era um desejo de ambos. Era um sonho dos dois de se casar”, diz Caio. O designer conta que procurou a comunidade anglicana após ter sido expulso da igreja católica onde frequentava.
Caio diz que ficou “muito feliz com esse dado”. “Querendo ou não é uma coisa recente, da gente poder estar usufruindo deste direito. Se acontecer alguma coisa, a gente pode se representar”, ressalta o designer.
Em 2013, por meio da Resolução no 175 de 14 de maio de 2013, aprovada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), os cartórios de todo o país foram obrigados a celebrar o casamento civil e converter a união estável em casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Colegas de Sala
Apresentadas como colegas de classe, as estudantes de medicina veterinárias Tatiana Kososki, 33, e Fabiana Arakaki, 47, estão juntas há quatro anos. Noivas em 2020, as companheiras tiveram de adiar os planos de caminharem para o altar devido à pandemia do novo coronavírus.
O receio de ser alvo de atos preconceituosas as fazem tomar alguns cuidados. “Eu não vejo o preconceito tão grande porque a gente se preserva bastante, evita andar de mãos. É um cuidado pra gente. Tem certos lugares que eu não faço”, ressalta Tatiana.
Devido ao avanço da vacinação e o consequente relaxamento das medidas sanitárias contra a Covid-19, como a reabertura de fronteiras, a nova proposta em debate é um casamento na Disney, nos EUA. “A gente tem que se preparar para isso”, alerta a estudante.
Demais dados
De acordo com o IBGE, no período analisado, o DF teve um aumento de 9,5% no número de casamentos, que passaram de 18.379 para 20.130 registros. Já os divórcios tiveram redução de 20%, totalizando 4.635 certidões emitidas (anteriormente, foram 5.913).
De acordo com a PDAD 2018, quase metade da população da capital federal acima de 15 anos está em algum tipo de união, sendo que cerca de 80% são registradas.
A maior proporção de registros se concentra nas Regiões Administrativas (RAs) de maior renda, com casais mais velhos e de maior escolaridade.