UnB quer sequenciar 500 genomas do novo coronavírus no DF
Segundo a instituição, até o momento, cinco cepas do vírus foram identificadas em território brasiliense
atualizado
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Cientistas da Universidade de Brasília (Unb) estão conduzindo estudos para descobrir mais informações sobre as variantes do novo coronavírus e avaliar como essas mutações têm impactado a população do Distrito Federal. Os pesquisadores esperam sequenciar cerca de 500 genomas, o que daria uma noção sobre a circulação do vírus no território brasiliense.
“Como vamos tentar sequenciar amostras do ano passado, poderemos descrever como o vírus mudou desde que entrou no DF”, esclarece o professor e virologista Bergmann Ribeiro.
Para a universidade, avaliar a correlação entre as cepas e o estabelecimento de uma memória imunológica dos pacientes pode contribuir ainda para a produção de vacinas eficientes para as diversas mutações do novo coronavírus.
Até o momento, dezenas de genomas foram sequenciados na UnB e cinco cepas do vírus de amostras do DF foram identificadas, sendo a variante P.1, originalmente de Manaus, predominante entre elas.
“A avaliação da diversidade genômica é importante para conhecer quais variantes virais estão circulando no Distrito Federal e poder correlacionar com a epidemiologia da doença”, pontua Anamélia Lorenzetti, professora do Departamento de Biologia Celular do Instituto de Ciências Biológicas e integrante da equipe na universidade que tem sequenciado o vírus.
A professora destaca também que, com os dados obtidos por meio da identificação das variantes, os pesquisadores poderão fazer uma relação com a resposta imunológica dos indivíduos infectados e entender melhor a disseminação do vírus.
“No momento, os dados obtidos são fundamentais não só para a pesquisa, mas para auxiliar a vigilância sanitária do DF. Dados que são importantes para o entendimento e para o controle da doença”, completa.
Sem recursos
Em março de 2020, um grupo de pesquisadores da instituição realizou o primeiro sequenciamento do genoma do novo coronavírus no Distrito Federal, com uma amostra de paciente infectado cedida pelo Laboratório Sabin de Brasília. A UnB foi a terceira universidade brasileira a realizar o procedimento.
O Laboratório de Microscopia Eletrônica e Virologia do IB é especializado no estudo de vírus e sua equipe tem realizado investigações sobre o novo coronavírus. Diferentes tipos de genomas virais já foram sequenciados na unidade, entre eles o zika, o arbovírus (causador da dengue) e o CHIKV (causador da chikungunya). O trabalho é feito com recursos da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF), que são derivados de projeto em vigência desde 2017.
Por conta do valor elevado dos insumos necessários para dar continuidade ao sequenciamento do Sars-Cov-2, o processo teve que ser pausado por um período em 2020. “Para se ter uma ideia, o custo por amostra sequenciada sai entre R$ 600 e R$ 1 mil. Não é barato”, pondera Bergmann Ribeiro.
Ao serem contemplados em editais de diferentes agências de fomento para estudos sobre a Covid-19, o laboratório, coordenado pelo professor Bergmann, e outros grupos de pesquisa da instituição conseguiram novos recursos para retomar o sequenciamento de mais amostras no início deste ano.