UnB aprova cotas para indígenas, quilombolas e negros na pós-graduação
Decisão foi tomada pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da universidade na noite desta quinta (04/06) em reunião virtual
atualizado
Compartilhar notícia
A Universidade de Brasília (UnB) aprovou a criação de cotas para indígenas, quilombolas e negros na pós-graduação. A decisão foi tomada pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão na noite desta quinta (04/06), 17 anos após a aprovação de cotas para negros na graduação.
A medida foi aprovada durante a 605ª reunião do Cepe, que, em função da pandemia de coronavírus, ocorreu em ambiente virtual.
De acordo com a resolução, serão destinadas 20% das vagas de cada edital para candidatos negros a ingresso em cursos de mestrado e doutorado. Para indígenas e quilombolas, será criada ao menos uma vaga adicional em cada programa de pós-graduação.
Para concorrer, os candidatos terão de preencher uma autodeclaração no momento da inscrição. Depois, durante a seleção, serão entrevistados por comissão de heteroidentificação. A comissão será institucional, formada a partir do Decanato de Pós-Graduação.
“Essa aprovação é muito importante. Em 2003, aprovamos as políticas afirmativas para a graduação. Agora, 17 anos depois, temos esse feliz momento para aprovar ações afirmativas nos cursos de mestrado e doutorado na UnB. Isso dá possibilidade de termos uma política que favoreça a inclusão nesses que são os maiores níveis de formação de uma universidade”, afirmou o vice-reitor da Universidade de Brasília (UnB), Enrique Huelva.
A UnB tem cerca de 100 programas de pós-graduação. As seleções, em sua maioria são anuais, mas algumas podem acontecer a cada seis meses. Cada um tem seu edital com número de vagas. Com a resolução aprovada, dentro desse número de vagas, 20% serão para estudantes negros e negras.
“É uma mudança no acesso. Todos os programas vão se orientar por essas diretrizes”, completou o vice-reitor.
Além de reservar as vagas, a resolução prevê estratégia para garantir a permanência dos candidatos, com a priorização da concessão de bolsas para indígenas, quilombolas e negros.
O texto traz linhas gerais e, durante o debate no Cepe, os programas de pós-graduação foram encorajados a estabelecer regras internas a partir dessa política geral.
Criado em 2003, o sistema de cotas para negros da instituição de ensino também foi votado e aprovado pelo Cepe. A novidade passou a valer no vestibular do ano seguinte.
A UnB foi a primeira entre as federais a implementar o sistema. À época, a universidade justificou que o objetivo do programa seria incentivar e ajudar alunos carentes a ingressarem na instituição de ensino superior.
Início
O sistema de cotas na graduação da UnB começou em 2004. Foi concebido para durar 10 anos, mas o prazo acabou sendo estendido.
Na primeira turma graduada pelo sistema foram 378 alunos nos seguintes cursos: administração, ciências contábeis, arquivologia, biblioteconomia, enfermagem, estatística, comunicação social, pedagogia, educação física, ciências farmacêuticas, geografia, ciências biológicas, ciências sociais, letras, matemática, nutrição, ciência política, relações internacionais e serviço social.