“Uma parte de mim morreu”, diz mãe de Natália, durante protesto
Em manifestação em frente à 5ª DP, amigos e familiares da universitária cobraram respostas para as investigações
atualizado
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Edivânia Ribeiro, 47, vive a pior dor de uma mãe. Natália Ribeiro dos Santos Costa, 19, sua primogênita, foi encontrada morta no Lago Paranoá no primeiro dia do mês de abril. Nesta quarta-feira (24/04/2019), a jovem universitária completaria 20 anos. “Uma parte de mim morreu. Ela sonhava com esse dia”, afirmou a mulher, que até hoje buscas respostas para a tragédia.
Na simbólica data, familiares e amigos da jovem fizeram uma manifestação em frente à 5ª Delegacia de Polícia (Área Central). A família pediu “mais clareza das investigações”. “Choro e vou chorar para sempre a morte da minha filha. Estou aqui como mãe, como qualquer outra mãe. Queremos saber o que de fato aconteceu no lago, queremos clareza. Não estou perseguindo ninguém. Não quero vingança, nem culpar ninguém, só quero a verdade”, destacou Edivânia.
Nas mãos, a mãe carregava uma cartinha que, só agora, achou em seus pertences. Nela, Natália disse o quanto amava Edivânia. “Obrigada por ter me educado sozinha. Você não foi pai. Você não foi mãe. Você foi pãe, que é mais que os dois juntos. Me perdoe quando eu te fiz chorar”, escreveu a jovem moradora do Paranoá.
A manifestação foi feita após a divulgação das imagens captadas pelas câmeras de segurança do Clube Almirante Alexandrino. As gravações, que constam no laudo pericial da filmagem, mostram a movimentação da jovem e um rapaz de 19 anos e o momento em que a vítima se afoga no lago.
Natália foi encontrada morta no espelho-d’água no dia 1º de abril. A família da vítima acredita que houve um crime e que o universitário tem participação em um suposto homicídio. As investigações policiais, no entanto, caminham para afogamento e descartam a tese de assassinato.
Confira imagens da manifestação:
A gravação analisada pelos peritos do Instituto de Criminalística da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) mostra Natália descendo um barranco correndo, às 18h16 do dia 31 de março. O jovem de 19 anos a segue. Às 18h17, os dois entram no lago. Ficam um de frente para o outro. Em seguida, eles caem em um declive com cerca de 3 m de profundidade. O rapaz submerge primeiro. Três segundos depois, Natália afunda e não volta mais.
Os registros apontam ainda que às 18h18 o jovem sai do lago, fica olhando como se estivesse procurando a estudante. Por volta das 18h20, senta-se às margens do lago e fica na mesma posição por um minuto. Logo após, às 18h21, ele volta a nadar no lago, próximo ao local onde Natália se afogou. Ele volta às 18h22.
Veja o mesmo vídeo com imagem ampliada:
Às 18h24, o jovem entra novamente no lago à procura de Natália. Um minuto depois, às 18h25, sai da água e senta na grama. Por fim, ele vai embora às 18h26.
Os registros mostram que, após deixar o lago, fica olhando como se estivesse procurando a estudante. Ele vai até o parquinho onde ambos estavam anteriormente. Volta para o espelho-d’água, começa a nadar, não encontra Natália e sai correndo.
Nessa terça-feira (23/04/2019), o Metrópoles também teve acesso a fotos que mostram ambos dentro do lago e Natália se afogando.
As imagens contradizem o primeiro depoimento do suspeito, que disse não ter entrado no lago. Na 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá), onde o caso foi registrado inicialmente, ele falou que ficou apenas observando a jovem mergulhar.
Depois, mudou a versão. Admitiu que entrou no lago com ela. De acordo com a defesa do rapaz, as inconsistências nos dois depoimentos prestados por ele são porque, no primeiro, na 6ª DP, ele estava sob “muita pressão”.
Advogados discordam
Procurada pela reportagem, a advogada Juliana Zappalá Porcaro Bisol, que defende a família de Natália, acredita que, apesar de as imagens não mostrarem, há indícios de que o jovem arrastou o corpo da vítima com o objetivo de escondê-lo.
“O laudo cadavérico diz, diversas vezes, que o corpo é arrastado. Os peritos também constataram lesões na face dela. Conseguimos um novo vídeo, que mostra o rapaz em uma lanchonete, exibindo a mordida que Natália lhe deu no braço, e simula gestos de socos. Possivelmente, estava relatando o crime aos colegas. A junção desses fatos nos faz acreditar que houve um homicídio. Também queremos entender o motivo de esse vídeo da lanchonete não ser objeto de investigação da polícia, que insiste em dizer que é um mero acidente”, declarou.
Confira o vídeo citado pela advogada:
O defensor público Carlos André Praxedes, que acompanha o caso a pedido da família do rapaz, afirmou que os vídeos não alteram o curso das investigações. “Quanto ao da lanchonete, é fantasiosa a ilação de que as imagens nele veiculadas apontam que ele (o jovem) estaria demonstrando aos amigos como agrediu a moça no Lago Paranoá”, ressaltou .