Um dia após confronto com PM, ambulantes fazem assembleia na Rodoviária
Vendedores tentam manter atividades na área central de Brasília. Manifestação desta sexta foi a terceira feita pela categoria nesta semana
atualizado
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Vendedores ambulantes estão há 30 dias brigando pelo direito de exercer suas atividades na área central de Brasília. Na tarde desta sexta-feira (2/10), os trabalhadores se reuniram em assembleia na Rodoviária do Plano Piloto para decidir os próximos passos da mobilização.
Foi o terceiro ato promovido pela categoria nesta semana. Na quinta-feira (1º/10), o protesto virou confronto dos trabalhadores com a Polícia Militar na Rodoviária; na quarta (30/9), durante manifestação na frente do Palácio do Buriti, os vendedores reivindicaram do governo local a manutenção de suas atividades em pontos como Rodoviária do Plano Piloto e Setor Comercial Sul.
“Agimos em coletivos, a gente se reúne toda sexta-feira, não para marcar protesto, mas para se organizar”, afirma Josielma Nunes, 35 anos, que vende roupas no terminal do Plano Piloto. Segundo ela, o movimento dos ambulantes é pacífico e o confronto de quinta-feira foi uma resposta à suposta truculência policial no trato com os vendedores.
Na reunião, os comerciantes elaboraram e enviaram documento ao Governo do Distrito Federal (GDF) sugerindo uma forma de organização do comércio na Rodoviária do Plano Piloto, enquanto durar a pandemia do novo coronavírus, com o objetivo de desestimular aglomerações e evitar a transmissão da doença. Uma das medidas prevê a liberação do calçadão entre o Conic e o Conjunto Nacional.
Veja fotos da manifestação desta sexta-feira:
Duas versões
“Ontem eu tentei fugir da confusão, mas não consegui porque o elevador não funcionava e meu bebê, de 2 anos, levou spray de pimenta. Ninguém conseguiu me ajudar”, lamentou a comerciante de sandálias Vanessa da Silva, 30 anos. “E ficou parecendo que às três horas da tarde [dessa quinta] todo mundo enlouqueceu e começou a quebrar a Rodoviária, e a gente sabe que não foi isso que aconteceu”, reclamou.
Segundo os comerciantes, o confronto com os policiais militares teve início após eles cercarem e agredirem uma garota de 14 anos, que cuidava do carrinho de açaí da mãe.
Já a Polícia Militar informou, em nota, que agiu para conter suposta depredação do patrimônio público no terminal rodoviário, pois os ambulantes arremessaram lixeiras, paus e pedras. A ação também teria ocorrido, segundo a corporação, para garantir a circulação do transporte coletivo, cujo fluxo chegou a ser interrompido pelos manifestantes, revoltados com ação da Secretaria DF Legal contra o comércio irregular na região.
Veja imagens do tumulto:
Procurada pelo Metrópoles, a DF Legal informa que “o trabalho para coibir o comércio ambulante é feito em conjunto com as forças de segurança e em cumprimento a ordem de serviço 135/2019 RA-I, que impõe a Zona Central de Brasília como área excludente de comércio ambulante”.