“Um desabafo”, diz Bolsonaro sobre pedido de coronel a Mauro Cid, incitando golpe de Estado
“Se pegar seu telefone vai ter lá um momento em que você aloprou”, declarou Bolsonaro sobre conversa de golpe de coronel a Mauro Cid
atualizado
Compartilhar notícia
Para Jair Bolsonaro (PL), conversa do coronel Jean Lawand Júnior pedindo golpe com o ajudante de ordens Mauro Cid não teria passado de uma “aloprada”. A declaração ocorreu na noite desta sexta-feira (30/6), na chegada do o ex-presidente ao Aeroporto de Brasília, horas depois de ele ter sido condenado à inelegibilidade pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“Aconteceu, pode ser um desabafo do coronel. É comum acontecer. Se pegar seu telefone vai ter lá um momento em que você aloprou com seu chefe de redação. É um desabafo, talvez”, declarou.
O ex-mandatário estava em Belo Horizonte. A chegada em Brasília foi discreta, em um portão de desembarque diferente do comercial, onde pessoas que souberam da volta do ex-presidente chegaram a puxar um coro de “inelegível”. Somente uma apoiadora do ex-mandatário, com uma criança, compareceu ao local.
“Ele pensava uma coisa, eu tomei conhecimento agora, não pensava da mesma maneira. Tenho quatro ajudantes de ordens. Daqui a pouco vão querer investigar os outros três”, acrescentou o ex-presidente.
Mensagens encontradas pela Polícia Federal mostram que Lawand pediu que Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, pressionasse o então presidente a acionar as Forças Armadas para reverter o resultado das eleições no fim do ano passado.
O julgamento
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tornou, nesta sexta-feira, Bolsonaro inelegível. O ex-mandatário foi condenado, com o placar de 5 x 2, pelos ataques que fez ao sistema eleitoral brasileiro durante reunião com embaixadores, em julho de 2022. O TSE entendeu que houve abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.
Com a decisão, o ex-presidente da República está impedido de concorrer a qualquer cargo eletivo por oito anos, a contar de 2022. Na Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) julgada, o Partido Democrático Trabalhista (PDT) acusou Bolsonaro de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante reunião do então presidente com embaixadores estrangeiros, no Palácio da Alvorada.
Segundo o partido, o ex-presidente atacou, no evento, as Cortes do TSE e do Supremo Tribunal Federal (STF) e afirmou, sem apresentar nenhuma prova, que os resultados das eleições gerais de 2022 proclamados pela Justiça Eleitoral não seriam confiáveis.
Além disso, o PDT afirma que houve violação ao princípio da isonomia entre as candidaturas, configurando abuso de poder político o fato de a reunião ter ocorrido na residência oficial da Presidência da República e ter sido organizada por meio do aparato oficial do Palácio do Planalto e do Ministério das Relações Exteriores.